quarta-feira, outubro 25, 2006

Zona de Caça Associativa de Alfamar / Serpa


Caçar Perdizes nos arredores de Serpa .
15-10-2006

O meu amigo Tomé tinha-me arranjado uma caçada às perdizes vermelhas na Zona de Caça Associativa de Alfamar.


Esta Herdade, de cerca de 1.600 hectares, situada nos arredores de Serpa e com aproximadamente 25 sócios, caracteriza-se essencialmente por uma condição única, rara hoje em dia, e que todos os caçadores dignos desse nome procuram: caçar à perdiz selvagem.


A tipologia do terreno é algo acidentada, com alguns cabeços bastante pronunciados, muita esteva e mato e algumas belíssimas zonas de pasto e cultura de cereal. Quer isto dizer : ideal para a criação e reprodução destas belas aves.


Ali à saída de Serpa, virando à direita rumo às Minas de S Domingos, percorridos alguns Km encontra-se a “Vendinha”, café à beira da estrada secundária, por onde muito pouco transito passa, e onde havíamos combinado o encontro às 7h00 da manhã de 15 de Outubro 06.


Ainda de noite escura sentámo-nos na esplanada completamente deserta do café, um pouco à conversa, e onde haveria depois de aparecer o Luís , sócio da Reserva, que me conduziria à mesma.


Após largos Km percorridos em estrada macdam mas em bom estado, por entre montes, vales e planícies, chegámos, finalmente, à ZCA de ALFAMAR .


Recebeu-me simpaticamente o Presidente da Associação de Caçadores, Sr Mário , homem de bom humor mas, pelo que me apercebi mais tarde, grande disciplinador das regras dentro da Reserva e cujos conselhos e instruções todos seguem sem grandes discussões.


É assim, para que os projectos de caça tenham êxito, é necessário liderança e espírito de camaradagem e cooperação.


Dadas as necessárias instruções sobre o dia de caça, todos os caçadores retiraram os seus cães das viaturas e reboques, e sentámo-nos todos em veículos de caixa aberta, com as espingardas e perdigueiros presos o melhor possível no meio das pernas e lá dirigimo-nos para uma das pontas da Herdade. Segundo me apercebi, fizeram-se 3 linhas de 5 ou 6 caçadores.


O tempo, o ideal para este tipo de caça: Solarengo e com uma ligeira brisa.


O terreno, nesta zona, era deveras acidentado e para baptismo no esforço inicial de andar as primeiras centenas de metros, confesso que foi algo violento, face aos autênticos barrancos que defrontámos nessa primeira meia hora, quarenta e cinco minutos de caça.


Entretanto, as primeiras perdizes levantavam largas e desapareciam no horizonte à frente das linhas sem possibilidade de tiro.


Na minha linha, a do meio, alguns minutos mais tarde, comecei a ouvir os primeiros tiros da linha de enrola da direita.


A partir daqui, confesso meus amigos, que foi um autêntico festival de tiros, gritos, cobros e emoções fortes. As perdizes, autenticas “miuras” de raça autóctone , foram forçadas a regressar para trás das linhas, para os seus terrenos habituais, de onde tinham fugido.


Para isso, tiveram, como referi, de cruzar as linhas por cima. Umas apareciam a 30, 40 metros de altura permitindo autênticos tiros de batida ou “ojeo” como dizem os nossos amigos espanhóis. Assemelhavam-se a autenticas setas de asas abertas planando e esvoaçando, tentando ganhar velocidade e passarem por nós incólumes e ilesas.


Outras, não muitas, tresloucadas com os tiros, resolviam acomodar-se e ocultar-se nos pastos, lavrados e matos.


Estas eram levantadas ou paradas pelos cães perdigueiros.


A pouco e pouco os cinturões dos caçadores iam-se compondo, com perdizes e algumas lebres levantadas.


Registo, pela beleza dos lances, 2 casos. Uma perdiz, fugida das linhas de enrola, passando por cima de mim, muito alta e a uma velocidade estonteante, mereceu tiro certeiro da minha Beneli , indo cair a cerca de 90 – 100 metros atrás , qual autentica bola de penas. Hão-de passar alguns anos até esquecer este tiro.


Outro caso, uma perdiz amagada e, por isso, aterrorizada, que me saltou numa lavrada, aos pés, da esquerda para a direita, voando veloz a meia altura e aos cacarejos no meio de algumas oliveiras. Desferido o tiro, quase de chofre, penso que um bago terá atingido a cabeça da ave que, de repente, começou a voar na vertical , voou, voou, até ter morrido lá no alto e caído a pique, causando um enorme estrondo no chão.


O pachola meu perdigueiro de raça pointer deste ano, que a tudo ia assistindo, arranca, veloz, à queda da ave e cobra-a orguhosamente na boca, depositando-a a meus pés.


Finalmente, a cena do dia: percorria uma linha de água completamente seca, mas com algum juncal baixo mesmo no centro da ribeira. Duas lebres dormiam, uma atrás da outra. Arranca a da frente e, logo de seguida a de trás. Devo referir que levantaram ambas a uns 3, 4 metros de mim. Apontada a Beneli, desfiro um, dois, três tiros, e fico a olhar para as lebres que fugiram a sete patas. Só tive vontade de atirar a espingarda contra um sobreiro. Hoje recordo a cena mais humorado. Afinal, ficaram ambas lá nos terrenos para dar mais oportunidades de caça a outros.


No final o tableau de chasse: 58 perdizes ( metade fêmeas e metade machos – sim, porque os sócios desta ZCA fazem esta estatística ) e 8 ou 9 lebres abatidas.


A meio da manhã fez-se um taco no campo. Em cima da caixa aberta duma carrinha abriram-se, pães alentejanos, uns presuntos, uns paios e chouriços, queijos e umas cervejolas fresquinhas. À conversa e recompondo os estômagos já famintos, recuperaram-se forças para cumprir a 2ª parte da jornada.


Da minha parte, cobrei 6 perdizes e uma lebre.


Fiquei cheio de saudades de lá voltar o que acontecerá – ainda bem – no início de Novembro.


Parabéns a todos pelos magníficos terrenos de caça que têm.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Perdizes no VilaCaça


Quando um cão pára assim ....

Perdizes no Vilacaça


... o Dono tem muitas alegrias !

domingo, outubro 08, 2006

quinta-feira, outubro 05, 2006

Codornizes na Lezíria de Vila Franca



O Pachola já em pleno trabalho!

Codornizes na ZCM de Santo Amador - Moura


Um desejado regresso a Safara - terras de codornizes
Setembro 2006

Nutro um carinho muito especial por estas terras de enormes planícies de restolhos , olivais e pastos.

Aqui, as codornizes encontram o seu habitat preferido: tranquilidade, comida com abundancia e pequenos veios de água ocultos por enormes tufos de junco que persistem através do verão e que lhe dão a bebida necessária para se manterem.

Esta caçada foi em Santo Amador, na sua zona de caça municipal.

A expectativa que tinha era grande, não só porque tinha informação de existirem codornizes na zona mas também porque era a verdadeira "prova de fogo" do meu novo cachorro pointer.

O "pachola" - assim se chama , já tinha nas pernas uma caçada em Estremoz às codornizes, onde, não tendo brilhado, saiu-se razoavelmente bem da sua missão. Aqui, em Santo Amador-Safara, seria onde, na prática,esperava ver evoluir os seus dotes naturais para a procura e paragem destas pequenas e esguias aves.

Às 5h30 da madrugada já entrava com a carrinha no macdam da Herdade, deixando para trás um longo rasto de poeira vermelha, em direcção ao monte da associação de caçadores.

Mal cheguei, notei um movimento algo anormal de caçadores que falavam muito em torcazes e rolas. Apercebi-me que uma parte significativa dos mesmos estaria ali para caçar rolas e pombos, e que a herdade estaria a ser muito visitada por estas aves.

Daí que haveria cerca de 25 caçadores para as rolas e ... só 5 para as codornizes. Óptimo, que quanto menos confusão melhor se caça e melhor para o cachorro.

Recebemos instruções para caçar em ambos os lados do barranco da ribeira, evitando ao máximo entrar nos restolhais para preservar e deixar em sossego lebres e perdizes. Por mim tudo bem... desde que houvesse codornizes no barranco.

E havia.

Parámos os carros debaixo de 2 sobreiros, por forma a deixá-los de forma a evitar o sol escaldante do dia quente que se adivinhava.

Montada a sobrepostos Bereta, colocada a cartucheira recheada de Melior 9 - 28 gramas, soltei o "pachola" que, tresloucado de alegria, galopava que nem louco, acima abaixo, atrás dos outros cães, na expectativa da brincadeira.

Uma apitadela e regressou rápido aos meus pés. "Tá lá sossegadinho que isto agora vai ser a sério"

Do meu lado esquerdo seguia um caçador acompanhado com um par de bracos alemão, também cachorros. Do lado direito da ribeira seguiam outros 3, também com os seus cães.

Do meu lado esquerdo havia um olival que se estendia quase até à ribeira. No seu interior muito pasto criava as condições necessárias para a existencia de codornizes. E foi exactamente para lá que me dirigi. Mal cheguei, logo à entrada, um trio delas arranca pela minha frente voando direitas à ribeira. Com um tiro, derrubo uma e deixo seguir as outras. Vamos vá a ver como se porta o pointer no cobro.

O pachola, depois de ouvir o tiro, já sabia que tinham saltado aves e era a sua vez de as procurar. Rápida e nervosamente o cachorro procurava a ave derrubada. Por fim, bloqueou numa atitude quase felina o local onde a cordorniz tinha caído. Aproximo-me, espreito por entre o pasto e descubro a codorniz morta. "Muito bem pachola, lindo !"

Recarrego a arma e continuo. saí do olival e fui direito a uma zona de pasto muito alto, da altura da cintura.

Mal entramos e mesmo junto à ribeira vejo o pachola imóvel. Rápido, avanço, e coloco-me do lado esquerdo do cão que, obedientemente, aguentou a paragem de forma magnífica.

"Brrrrrrrrr" - salta mais um par delas. Dois tiros e derrubo outra que caíu exactamente dentro da ribeira, numa zona com muito junco e algumas silvas. Procuro, procuro e..nada! Atiro uma pedra para o local onde me pareceu ter caído. O pachola arranca determinado a descobrir e trazer a pedra. No entanto, tal como eu esperava, foi descobrir a codorniz, não sem antes a ter parado momentaneamente, numa atitude belíssima que só os pointers nos sabem dar.

Entre tiros, paragens do cão, cobros, e muito entusiasmo à mistura, acabei por cobrar 7 codornizes no total. Não era o limite, mas para mim, conta mais a qualidade e variedade dos lances do que a quantidade.

Uma bela manhã de caça, onde tudo correu bem, o pachola "despertou" , dei uns bons tiros,tornámo-nos mais amigos - eu e o pachola - e descobri novas caras que já me deram a oportunidade de lá regressar, desta vez para as perdizes e lebres. Espero aqui relatar tal caçada.