quinta-feira, janeiro 25, 2007

Aos Patos lá bem longe



















Foto I - O açude ao romper da manhã.


















Foto II - Resultados no final da manhã.
Local: em Vale dos Mortos algures entre Serpa e S Domingos, na Herdade de Besteiros !

domingo, janeiro 14, 2007

Tordos em Besteiros


















14 - 01 - 2007
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domingo, janeiro 07, 2007

Pais Caçadores , Filhos Caçadores ?















A primeira jornada de tordos com o Miguel.


Santo Amador
Moura - 07-01-2007

Tenho escrito com alguma frequência relatos e histórias de caça.

Sabemos que em Portugal infelizmente o número de caçadores tem vindo a decrescer significativamente, e, pior ainda, a idade média deste grande colectivo tem vindo a aumentar perigosamente. Encontramos cada vez menos jovens no campo, nesta tão nobre prática.

Como Pai de 2 filhos ainda jovens e membro de família onde a caça até tem algumas tradições ( o meu Pai e avô paterno caçavam , e, por parte da minha mulher, os meus cunhados são também caçadores ) tenho tentado procurar algumas explicações para este fenómeno de se verem poucos jovens a caçar, ao contrário do que se passa na Europa, onde se verifica precisamente o fenómeno inverso.

Recordo-me que o meu Pai fazia-nos desejar a caça e, de certa forma, até nos obrigava a sofrer um pouco se queríamos aceder a ela. Recordo-me dele dizer que só o acompanharia na caça desde que tivesse boas notas no Liceu e Faculdade. O sistema não devia ser mau pois, de 2 irmãos , acabámos os 2 por ter grande paixão por este desporto.

Normalmente, avisava-me com um ou dois dias de antecedência e, na véspera, apenas dormitava com aquela emoção e o desejo enorme de sair para o campo.

Na actualidade, são frequentes os Pais que, sendo possuidores de um desejo tão grande que os seus filhos sigam os seus passos e sejam caçadores que, desde logo em tenra idade ( 4-5 anos ) pegam neles e levam-nos para o campo, para os acompanhar na caça. Penso que, na maior parte dos casos, estes filhos chegarão à adolescência fartos que os seus pais os obriguem quase todos os domingos a irem para a caça.

É na política oposta que deveremos apostar.

Os tempos de hoje também não contribuem de todo para que um menino seja caçador. Na maioria dos colégios chegam aos ouvidos das crianças contínuas teorias contra a caça e os caçadores, por parte dos professores , ignorantes em matéria de caça e do que os caçadores fazem, e que acabam por embotar e destruir o "embrião predador" que todos nós temos enquanto crianças.

Recordo-me de, em África, com apenas 7 anos, sair sozinho para os matagais à volta das nossas casas, com uma pequena espingarda de madeira nas mãos, procurando... o "leão".

O tal "embrião ou instinto predador" é, assim, completamente castrado pelas circunstancias da educação dada nas escolas dos nossos dias.

Tenho 2 filhos,um de 7 anos e outro com 18. O pequeno tem, no mínimo, a mesma "afición" ao campo e aos animais. Quando regresso ao fim de semana da caça , mexe nas perdizes, nas lebres, nos coelhos, vira-os , observa-os, faz perguntas e, sobretudo, ouve-me com muita atenção.

O meu filho mais velho, pelo contrário tem pouca vocação de campo. Gosta muito mais da informática e desfruta mais dos muitos e variados aliciantes que o Século XXI oferece à juventude. Não perdi, no entanto, ainda, a esperança de um dia ele despertar para este desporto

Honestamente, também gostaria que qualquer um deles, ou mesmo os dois, venham um dia a praticar este belo desporto.

Depois de inúmeras e contínuas insistências por parte do mais novo - na fotografia - e em ano tão pobre de tordos sabia que, nesta zona, ainda circulavam alguns pássaros, e acabei por ceder e... levei-o aos tordos!

Combinámos e encontrámo-nos na véspera, na casa do "Manel" em Oeiras, pelas 4 da tarde. Iríamos apanhar o meu outro cunhado, o Belmiro, e rumaríamos para Santo Amador , concelho de Moura.

Arrumada a bagagem no Jeep, sentei-me no banco de trás com o Miguel, tendo feito uma deliciosa viagem quase sempre na brincadeira com o miúdo.

Jantámos no restaurante em Pias e fomos dormir a Moura à "residencial alentejana"

Às 5 horas da madrugada o telefone tocou a despertar-nos e, em vez de ser o pai a acordar e a levantar-se não, foi o Miguel : "pai , pai, levanta-te , vamos para a caça" - que autentica delícia ouvir isto!

Às 5h30 juntámo-nos todos na parte do restaurante para tomarmos o pequeno almoço. Esta residencial, tem a vantagem de, a partir das 5h00,os caçadores poderem tomar o seu pequeno-almoço e seguir viagem com o estômago mais "confortado".

Seguimos para a Zona de Caça Municipal de Santo Amador e, à chegada, dentro do monte, já havia migas em cima da mesa e entrecosto a grelhar na grande lareira da casa.

Os tordos, sendo poucos este ano, lá foram aparecendo continuamente até meio da manhã, sendo esta zona, no meu entender, uma das melhores "cortadas" de tordos da zona da Serra da Adiça.

À medida que iam caindo, lá ia o Miguel a correr a apanhar os tordos. Pai olha que vem lá um - dizia-me. Não filho, isto não é um tordo, é um pássaro, um pardal, e não é permitido caçar. Porquê ? - perguntava. Com muito tacto, explicava-lhe sobre as leis, sobre as regras, da caça, das armas, do estar no campo etc.

Disse-lhe que uma perdiz vive entre um a cinco anos em plena liberdade, de cerro em cerro, no montado. Voa quando lhe apetece, come quando tem necessidade e põe ovos quando a natureza chama por ela. Disse-lhe ter a certeza de as perdizes terem muito melhor vida que as das galinhas enjauladas em gaiolas de 40cmx40cm , obrigadas a comer dia e noite para engordarem à força e porem ovos, e terem muito melhor vida que uma vaca encurralada num quadrado de cimento onde também é obrigada a comer continuamente para dar leite e mais tarde ser abatida sem dó nem piedade.

Bom, o Miguel estava visivelmente satisfeito. Fiz nascer nele a vontade de ajudar e de se sentir importante em estar a ajudar o Pai. Miguel, vai buscar-me mais cartuchos. Pelo canto do olho, observava-o e lá ia ele a correr direito ao saco, pegava numa luva de lã que tinha levado,enchia de cartuchos e trazia-ma com entusiasmo.

Pelas 12h00 terminámos e o regresso ao monte foi feito num tractor que por ali passava.

Para o Miguel foi uma autentica aventura andar no reboque do tractor agrícola.

À hora do almoço, acendemos uma fogueira no campo, em local apropriado para o efeito, grelhámos umas costeletas de porco, e deliciámo-nos com a refeição na frescura do montado alentejano.

No regresso, dentro do Jeep, o Miguel, cansado, adormeceu profundamente com a cabeça em cima da minha perna e passei a maior parte do caminho a fazer-lhe festas no cabelo, tentando adivinhar se estaria a sonhar ou não, com os Tordos da Serra da Adiça.

Agora, só para o ano é que o levo de novo. Ficará preservado na sua mente o gosto deste maravilhoso dia passado no campo. Estou seguro que na próxima época estará muito mais ansioso por regressar comigo à caça. Será que aguenta uma de codornizes ? Logo verei.

Um abraço amigo.