quarta-feira, dezembro 22, 2010

Que m...de cartuchos !



















19/12/2010
Dia inesquecível de caça de salto.
Peripécias com cartuchos novos, lebres mortas que ressuscitam, lebres fantasmas, perdizes que escapam entre os pingos da chuva, de tudo houve um pouco.

Na foto, da esquerda para a direita, eu , o Zé G e o Vit. Os pointers são 2 manos, a "norma" e o"chiquinho".

Para mim esta jornada contava como a última caçada de salto à perdiz, deste ano de 2010.

Escusado será dizer que nos dias anteriores já alguma nostalgia me ia invadindo aos poucos, à medida que me apercebia que a minha caça predilecta, a perdiz, chegava ao fim.

Como não consigo resistir à mudança ( asneira, como sempre ) resolvi levar a P. Beretta Ultralight e, na semana anterior, à hora do almoço, saí do escritório e passei ali pela Espingardaria Diana, mesmo em frente à estação de comboios do Rossio, em Lisboa.

Pedi um conselho para levar uns bons cartuchos carregados com chumbo 6 e com carga de 32 gr pois o peso da espingarda assim o aconselhava e os donos da casa não tiveram dúvidas: " Só comercializamos o cartucho Winchester, mas o meu amigo leve 1 ou 2 caixas que é um cartucho a sério, extraordinário, não se vai arrepender de certeza!" , " o problema é que só temos chumbo 7 mas para o efeito que quer vai ver que não se arrepende nada". Perante tanta convicção, lá me decidi por comprar 2 caixas de cartuchos.

No dia seguinte, íamos caçar na ZCA Vendinha, em 2 linhas de salto, a percorrer as 2 metades da totalidade da reserva, de uma ponta à outra. Daí a razão da minha escolha pela P. Beretta mais leve.

Ás 04h30 da manhã saltei da cama com o barulho do despertador e às 05h00 saía de casa direito a Vila Nova de S Bento para apanhar o Zé G.

Na véspera tinham caído chuvas diluvianas em Serpa, obrigando mesmo à intervenção dos Bombeiros durante a noite em alguns locais. Como se previa uma manhã de sol ( que acabou por aparecer tímidamente já muito tarde) e uma longa caminhada durante várias horas, levei só as minhas Chiruca de meio cano, deixando em casa as de borracha de cano alto.

Quando chegávamos à reserva cruzámo-nos com o Zé S.. Nesse dia não caçava connosco, ia para uma batida junto às margens do Guadiana, na Herdade da Nata. "Sérgio, tens alguns cartuchos a mais?-perguntou-me. "É pá, trouxe 2 caixas de Winchester chumbo 7, posso ceder-te uma, pois ainda tenho umas sobras de B&P, queres ?" - "Dá-me então uma pois para o que vou tenho poucos cartuchos". Seguimos, assim, viagem.

Depois do pequeno almoço, no sorteio calhou-me a ponta esquerda da linha. "Não tem nada que enganar, o Sérgio percorra junto à estrada alcatroada, sempre à distancia regulamentar, mas vá-se guiando por mim que vou à sua direita" - disse-me o Bob.

Iniciámos a caçada em zonas de matos muito altos. O objectivo era empurrar os bandos de perdizes para fora daquelas zonas e depois caçá-las já em zonas mais limpas, com a ajuda dos preciosos auxiliares, os cães.

O ceú estava cinzento bem escuro, o que para mim se traduzia em dificuldades acrescidas nos tiros, pois é nestes dias que sempre tenho piores resultados a atirar à perdiz vermelha.

Atravessei com algum custo umas ribeiras onde a água corria profunda, abundantemente, com as chuvadas dos dias anteriores. As calças, essas, já seguiam completamente ensopadas, dificultavam-me gradualmente o passo, mas, por fim, e depois de ver meia dúzia de vermelhas a escapulirem-se para longe, comecei a entrar em zonas menos cerradas.

O Bob. tinha feito um disparo lá para trás, a uma, e mesmo assim a perdiz foi cair longe."Sérgio, espere aí um pouco que eu vou lá com os cães, aquela perdiz onde caiu ficou".

Enquanto esperava por ele, vejo um bando de meia dúzia, levantado largas, no meu lado direito da linha, a cruzar-se aí a uns 100 metros à minha frente, para o meu lado esquerdo. "Maganas, estas já se safaram" - pensava.

Os minutos iam passando e o Bob. teimava em não aparecer. Já não via sequer o companheiro que caminhava ao seu lado direito o que queria dizer que estávamos os 2 já muito para trás da linha. O ruído dos tiros assim o dizia.

Comecei a chamá-lo em alta voz, diversas vezes, mas nem sequer resposta ouvia. Insisti, voltei a insistir, os minutos passavam e ele nada. "Será que já passou, acompanhou a linha e eu não vi?" - a dúvida assaltava-me.

Acabei por concluir que provavelmente era eu que tinha ficado para trás e segui, rápido, em frente, para tentar recuperar a linha.

Dobrei um cabeço e "brrrrrr" , salta-me um par delas, a tiro, boas de derrubar. Dois disparos e nada, foram-se as duas. "Não gostei nada do barulho dos tiros" - pensei, parecendo-me fracos.

Algumas centenas de metros mais à frente, caçava, atento aos pequenos matos ali existentes, onde havia muitos rastos de coelhos daquela noite. Levantei a cabeça e deparei-me com um bando de perdizes, em fuga, a atravessar as terras, voando de asas abertas, mesmo por cima de mim. Faço o "swing", atrás delas mais 2 disparos mas ...nada. "Que diabo, isto não é nada habitual. Por norma, algumas destas, quando me entram assim, desta maneira, costumam ficar" - pensava.

Adianto mais o passo, pela direita do Monte do P. que é da Associação, e, alguns metros mais à frente, ao passar uma vedação, salta-me uma vermelhuda dentro dos matos, aí a uns 15, 20 metros. Novo encare, 2 disparos e...nada. "Das 2 uma, ou eu estou a ficar cada vez mais marteleiro ou então é da porcaria dos cartuchos"

Entretanto, à frente ia apanhando a linha e cruzei-me com o Luís da Vend. "Luís viu o Bob?" -"Não , respondeu. Começámos a ficar preocupados.

À medida que íamos andando grita-me " Sérgio, por cima !!! - olho e vejo uma perdiz a cruzar-se, linda, comigo, dentro de tiro.Mais 2 tiros e fico completamente embasbacado ao vê-la seguir sem tugir nem mugir. Raios, vou mudar para B&P, 34 gr, ch 6. Dos poucos que tinha na mochila carreguei a arma com 2 e segui.

Já estava desanimado e, depois de atravessar um caminho, encostei-me por momentos a uma vedação. Entretanto, o sol já nos acompanhava há largos minutos o que me deixava extremamente satisfeito. Larga, a uns bons 40 ou mesmo 50 m ( é sempre difícil avaliar estas distancias) vejo outra perdiz a fugir da direita para a minha esquerda. Encaro a arma e ao primeiro tiro cai redonda, "seca", sem hipótese. "Até que enfim" - já safei o chibato. Corri a apanhá-la e vi que se tratava de uma fêmea. Enfiei-lhe a cabeça pelo cinto das calças, pendurei-a e regressei atrás.

Para já, tudo o que é Winchester vai já para dentro da mochila e só caço com B&P. "M... de cartuchos que comprei" -pensei.

Entretanto vimos o Bob lá atrás a chegar-se à linha. Então o que aconteceu? perguntei, fartei-me de chamar por si, não ouvia nada e acabei por pensar que tinha vindo para cima - disse-lhe.

"È pá Sérgio, nem imagina o que aconteceu, fui lá atrás como combinado buscar a perdiz que tinha abatido, caiu longe mas ela lá estava e os meus cães encontraram-na. Mas quando vinha outra vez para a linha, a atravessar a ribeira, escorreguei e distendi a virilha. Tive de ficar ali imobilizado, aí uns bons 15 ou 20 minutos sem me conseguir mexer - dizia-me. Só depois é que lá consegui levantar-me e continuar.

Bom, de novo refeita a linha entrámos em zona de lebres. As perdizes, muitas, escaldadas, não nos davam mão. O Bob. disparava e fazia cair mais uma, bem cobrada pelo cão. Enquanto via, oiço um restolhar por trás de mim, volto-me para trás e vejo uma lebre perto, em fuga. Um tiro e deixo-a de imediato estendida no pasto. "À pois, isto era mesmo dos cartuchos, só pode ser, que m.... de cartuchos que na 2ª feira já lá lhes vou dizer" . Meto-a dentro da mochila e sigo caminho.

A 2ª perdiz veio fugida da linha em velocidade de TGV . Um só tiro, enrolo-a toda no ar, desfaz-se em penas e cai redonda no chão.

A 2ª lebre cobrada salta-me também aos pés, junto a uma linha de água. Com as chuvas as lebres têm muito o costume de se acamarem junto às ribeiras. Caiu redondinha, sem espinhas. E eu a pensar nos cartuchos que tinha comprado e a ver a diferença quando mudei para os B&P.

Junto a um açude, saltou-me outra perdiz, em linha recta a fugir de frente. Encaro calmamente a arma e disparo. O tiro passou-lhe todo á volta e não sei como aquela perdiz conseguiu fugir. Vi todos os chumbos a embaterem no cabeço para onde ela de se dirigia e posso assegurar que escapou por milagre. Escapou entre os pingos da chuva, pensei.

Entretanto a linha começou a virar para a minha esquerda e era tempo de criar ali uma pausa.

O Bo. levanta uma lebre e ao primeiro tiro derruba-a. Os 2 cães disputam o cobro da lebre e ele tem de intervir para "pôr ordem na coisa".

Longe vejo uma lebre fugida . Estive tentado a não atirar para não a ferir. Disparei e senti que o animal levou em cheio e retraiu imediatamente. Porém, continuou a descida do cabeço. Largo a mochila e faço uma corrida para o outro lado para lhe cortar o caminho. Vejo-a de novo, vai lenta, está ferida de morte. Corro mais uns metros mas ela vai-se distanciando aos poucos. As minhas pernas já não chegam. Tiro 2 cartuchos ao calhas, e faço 2 disparos. A lebre continua. Quando vejo os cartuchos eram Winchester. Merda para isto. Recarrego com B&P. Mais uma corrida e disparo de novo, mas a lebre era "fantasma" . Depois de tanto tiro desaparece no meio do matagal de um barranco.

O suor escorria-me pela cara e pelas costas e voltei atrás para pegar na mochila que já carregava 2 lebres.

Quando lhe peguei , salta-me logo ali outra. Linda, pensei. Encaro a arma e ao 2º tiro derrubo-a. Ficou no chão estendida, a uns 20 metros, a torcer-se, a fazer o que habitualmente chamamos de "esticar o pernil".
Já te apanho, voltei atrás para ir buscar a mochila e quando voltei e vou a deitar-lhe a mão, a lebre de súbito levanta-se e foge cabeço abaixo numa velocidade diabólica. Tinha a arma descarregada e nunca tinha visto tal coisa na minha já longa vida de caçador. Fugiu. Se não voltasse atrás para ter ido buscar a mochila tinha-a apanhado de certeza. Assim, dei-lhe alguns segundos, conseguiu ganhar forças e lucidez e fugiu, sem deixar hipótese, tanto mais que tinha a arma descarregada. Fantástico.

Eram 14 horas a caçada chegava ao fim e o meu saldo eram 3 perdizes, 2 lebres e 1 coelho.

Ao almoço, um belo de um cozido à portuguesa. Juntou-se a nós o Zé S. que tinha ido caçar para a Herdade da Nata. Matou uma mão cheia de perdizes mas disse-me que mal começou a atirar com os Winchester falhava tudo. Teve de mudar de cartuchos para começar a ter resultados ( tal como eu).

Na véspera tinha comprado um Bolo-Rei no El Corte Inglês da Beloura e acabámos o almoço a beber o café e a comer uma fatias deliciosas, já a pensar no Natal.

No regresso fomos ao Monte do Zé S. buscar 2 cabritos que eu tinha encomendado para o Natal e que tinham sido "arranjados" na véspera. Esquartejados e em sacos de plástico efectuei o regresso, depois de mais uma sensacional jornada de caça.

Dia 26 será a última caçada na Vendinha. Nesse dia não irei, ficarei com a família, em quadra de Natal, mas quem vai em meu lugar, o Vit., vai, seguramente, viver gloriosa jornada de caça. Ali...só pode!!! Mas o meu coração vai por lá andar.

Um abraço amigo.

sábado, dezembro 18, 2010

Outra boa caçada



















12/12/2010
Vendinha
Perdizes ou aviões ?
Estória em breve
Abraço amigo
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ZCT STA IRIA - Serpa




































11/12/2010
Uma bonita jornada de salto às Perdizes.

Já não sei muito bem porque caminhos e travessas chegámos ao lugar onda iríamos caçar naquela manhã. De facto, foram uma série de voltas que fizémos dentro da Herdade dos Peixotos até lá chegarmos.

A perspectiva era de uma jornada de salto, às perdizes, onde o amigo José S. sempre está por detrás destas jornadas e faz os convites aos seus amigos.

A Herdade dos Peixotos é uma das propriedades mais ricas em caça no Concelho de Serpa. A sua orografia e biodiversidade existentes, permite criar, com sucesso, praticamente todas as espécies caçáveis em Portugal.

Rica em coelhos, não faltam as perdizes e as lebres ( de tordos nem se fala) , galinholas, javalis etc, prova provada de que é possível conjugar conflitos de interesses na vivencia em comum das espécies.

Por volta das 08h30 estacionámos os carros dentro de um cercado com cerca de 600 hectares. O João R. , Guarda da ZCT, e profundo conhecedor da caça e de tudo o que a rodeia, incluindo o furtivismo e como o combater, chegou connosco e estabeleceu as regras do jogo: - "Pronto, para vocês é uma caçada vip, podem caçar de tudo mas não atirem a algum javardo que vos salte".

Soltámos os cães enquanto armávamos as espingardas e fornecíamos as cartucheiras com aqueles cartuchos que cada um entendia iam ser a melhor solução para a manhã de caça. Não sendo de todo importante, a percha sempre animava a alma e confortava ter 2 ou 3 peças penduradas a baterem-nos nas pernas enquanto caminhamos.

Da minha parte utilizei na semi-automática o B&P 34 gr Ch 6.

Entretanto, o Zé S. dava as primeiras instruções sobre a forma como íamos atacar aqueles 600 hectares, rodeados de cabeços pronunciados e, nos terrenos do meio, ligeiramente mais planos.

A estratégia era caçar um V , com pontas bastante adiantadas, como única forma de não "põr as perdizes em França", para fora do couto.

Do meu lado esquerdo, seguia na ponta esquerda o Zé S com a sua pointer "catia", ao seu lado direito o Zé G. com a sua cachorra pointer "norma" e do meu lado direito o Vit com o "chiquinho", todos da mesma família, isto é, produtos da barriga da "catia".

Mesmo com óculos apropriados, a caçar com o sol a bater forte nos olhos pensei logo que perdiz que saltasse em frente quase que nem a iria ver.

Nem era preciso perdiz. O 1º coelho que me saltou das estevas, levou 2 tiros atrás e já quase como descargo de consciência, atirando ao vulto, pois por vezes ficam estendidos no mato. Aquele não, fugiu e fugiu muito bem ocultando-se com o sol que ainda ia baixo.

O Zé S. caminhava em passo largo pela esquerda, os tiros iam-se sucedendo e ele gritava para o José G chegar-se mais, pois algumas perdizes estavam a saltar para trás e precisava ali de uma espingarda mais próxima.

Do meu lado direito, o Vit dava conta de uma galinhola que provavelmente se alimentava nos matos altos, daquela manhã fria. A ave salta para trás, para o seu lado esquerdo e com um tiro é derrubada alguns metros depois. O cachorro pointer, com a carga genética a ajudar, dava uma volta rápida ao arbusto onde momentos antes se ocultava a galinhola e marrava, lindo, no local onde a ave tinha estado. Era a sua primeira galinhola da vida e, com ninguém a ensinar-lhe que era ave de caça, ali estava ele, com todo o seu esplendor a querer "mostrá-la" aos seu dono.

Mais à frente novo levante de galinhola e o Vit grita-me" Sérgio vai para esse lado". Virei-me , fiz o swing e de um só tiro derrubo-a, indo cair nas margens da ribeira que por ali passava.

O Zé G., esse, saltaram-lhe um par de perdizes que por ali estariam em pânico, amagadas, mais próximas e dando a mão ao tiro, que foi certeiro. A Pointer, que eu considero também uma boa promessa, vai ao cobro mas deixa a perdiz no chão. Disse ao Zé G que o animal estaria provelmente stressado. "Deixa-a crescer que vais ver que as traz todas" - disse-lhe.

O Zé S. ia atirando. O Gonçalo também ia fazendo o gosto ao dedo. Num momento de reunião dos caçadores, dizia-lhe o S.: "É pá ó Gonçalo, trazes só uma perdiz pendurada. Devias de mudar de cartuchos. Isso do Sul Beja já deu o que tinha a dar" . "À é? - e metendo a mão à bolsa do colete, dizia, em tom jocoso: "então toma lá mais uma, e toma lá mais outra, e ainda toma lá mais outra." A gargalhada, claro, foi geral.

Depois daquele momento de boa disposição retomámos a caçada.

As minhas botas de borracha de cano alto não eram a melhor solução para tamanha caminhada e, no caminho, já iam deixando algumas marcas nos pés.

Um coelho atravessa da minha esquerda para a direita a subir em galope o cabeço. Um tiro certeiro deixa-o estendido no chão.Enfio-lha a cabeça pelo cinto, puxo-lhe pelas orelhas e penduro-o .

No caminho de regresso uma perdiz atravessa, da direita para a esquerda. Larga e alta , aí a uns 40 metros, de asa aberta, faço-lhe um tiro - em cheio, começa logo a cair redonda. Por instinto, remato-a ainda no ar com o 2º tiro.

"Bravo" . gritou-me o Zé S.

Quando fui procurá-la, o pasto cerrado e de ervas altas dava-me pelo joelho. Comecei com dificuldades em encontrá-a. Atirei da imediato o chapéu para o chão para não perder o sítio da pancada e comecei a procurar. Nada ! . Zé, traz aqui a cátia senão ainda me fica aqui a perdiz.
Deixa-te estar aí quieto- retorquiu o Zé, senão a cadela começa a misturar os cheiros e depois é mais difícil.

A pointer chegou ao local de depois de meia dúzia de voltas ali estava ela, imóvel, marrada com a perdiz morta no chão, que nem sequer se via. Mas a forma de parar da cadela dizia tudo, estava mesmo lá. "Cobra" -atira o Zé e a cadela, obedientemente, abocanha a perdiz e traz ao dono.
Era a chamada cereja em cima do bolo.

O campeão da jornada foi mesmo o Zé S. - abateu 7 perdizes mas também andou atrás delas ( passe a expressão) que nem um cavalo por aqueles cerros agrestes.

De volta ao monte, a C., mulher do Zé S., apareceu no Jeep transportando um tabuleiro de cabrito assado na altura, no forno. É isto o que a caça tem de bom. O vinho... uma maravilha, branco espumoso e tinto verde.

Ocupámos uma das salas do Monte dos Peixotos e ali estivémos algumas horas à conversa.Particular atenção para o Guarda João R. Ali nascido, conhece aquelas terras como ninguém. As suas histórias sobre as espécies, trabalho de Guarda, criação, combate a furtivos são intermináveis. A sua forma simples mas adjectivada de as contar constituem uma autêntica delícia para quem o ouve. Éramos capazes de estar ali horas a ouvi-lo.

Uma bela jornada de caça às perdizes, numa manhã de sol fantástica, com bons companheiros e, no final, um repasto de comer e chorar por mais.

Abraço amigo.
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domingo, dezembro 05, 2010

Mértola - Terra de coelhos
















Grande jornada de caça aos coelhos em terras de Mértola.

Podengos, mestiços e outras raças definidas ou indefinidas mas de grande qualidade, muitos tiros, muita gritaria e, no final, um belo quadro de caça.

Os planaltos de Mértola continuam em grande forma.

Na sexta-feira tínhamos saído de Lisboa após o trabalho, extenuados, sobretudo mentalmente, mas, depois de ultrapassado o interminável e angustiante transito antecedente à P25 Abril, lá conseguimos desembaraçar-nos e seguir viagem.

Curioso que aí a partir de Setúbal, o nosso estado de espírito, sobrecarregado de stress, acumulado ao longo de uma longa semana de trabalho, começa gradualmente a ficar mais leve, a desanuviar, isto porque, garantidamente, ele, o nosso estado de espírito, inicia todo um processo de deixar tudo para trás começando a concentrar-se no que realmente nos vai dar um prazer profundo e que mais não é do que a expectativa gerada de uma jornada de caça ou um fim de semana em grande no campo com os amigos.

Um pouco à pressa fizémos um desvio na A2 e parámos em Alcácer do Sal para jantarmos qualquer coisa. Restaurante desconhecido, um bocado "manhoso" , mal servidos e, por isso, rapidamente, procurámos meter-nos de novo ao caminho para Serpa, onde chegámos por volta das 10h30.

O importante seria dormir bem pois no dia seguinte esperava-nos uma jornada exigente de caça aos coelhos, de salto, onde sempre impera a necessidade de bons reflexos e olhos bem limpos, logo, com uma boa dose de horas dormidas.

O entusiasmo era tanto que pedi à D Teresa, da residencial Serpínia, para me acordar às 05h00 da manhã. No entanto, às 04h30 já estava debaixo de um duche bem quente e a preparar-me para arrumar a tralha na carrinha e tomar o pequeno almoço. Quando cheguei à sala de refeições ainda os tabuleiros estavam por colocar na mesa de buffet, pelo que prestei-me a dar uma ajuda à D Teresa e eu próprio também "armei" a mesa grande de pequenos almoços.

Um chá preto, um yogurt, umas bolachas, uma maça verde e uma banana dar-me-iam o suficiente para me aguentar umas boas horas. Embrulhei ainda uma sandes de mrtadela para comer a meio da manhã e guardei-a dentro da mochila.

Entretanto, chegava à sala o meu cunhado B. que não tinha passado lá muito bem com o jantar da véspera pelo que limitou-se a beber um chá, uma ou duas bolachas e pouco mais.

Às 06h00 da manhã, ainda escuro como breu, com passagem por 1,5º negativos, já estávamos nas cancelas do Monte do Zé S para meter os nossos heróis ( os cães) dentro do reboque e, sem grandes demoras , deixámos a minha carrinha no monte e fomos para Mértola no Jeep do Saldanha.

Em Mértola, no largo grande dos Cafés, já nos esperavam os outros caçadores, que tinham vindo de véspera, de Braga e Famalicão, dormindo na Estalagem do Rio, aprazível lugar para se passar uma noite em Mértola a olhar para o Guadiana à noite.

No café, voltámos a confortar os nossos estômagos com uns cafés bem quentinhos e, rapidamente, fizémos ainda uma dúzia de Km para lá de Mértola, pela estrada que vai dar ao Algarve.

Chegados ao encontro com o guarda do Couto e verificados os documentos de caça seguimos para a "zona de batalha": - cabeços pouco altos mas de grandes larguras, meio pronunciados mas acessíveis, com largas manchas de estevas e montes de pedras de xisto negro. Algumas linhas de água com vegetação espessa de juncos, onde os coelhos geralmente constroem as suas "moradias" subterrâneas, atravessam os locais onde caçamos.

A cortar esses grandes estevais, uns caminhos feitos com tractores de rastos permitem-nos colocar algumas portas em locais estratégicos, que o Guarda conhece como ninguém, sabendo exactamente por onde os coelhos podem sair quando apertados e em fuga dos cães.

Nos pastos, podemos observar os sinuosos carreiros desenhados pelas lebres quando deambulam pela noite em busca de comida ou de acasalamento.

As perdizes começam a cacarejar alegremente, saudando a nova manhã. Cedo ouvimos cantos em diversos cabeços daquelas terras de caça, denunciando ainda quantidades apreciáveis de bandos que ainda por ali sobrevivem.

Soltos os cães é, como de costume, a debandada geral, com os cheiros dos coelhos os cães correm primeiro seguramente alguns Km a laticar atrás dos orelhudos até que chegam a um ponto que se acalmam e chegam-se então aos seus donos como que a quererem dizer: - estamos prontos, vamos lá!.

É aqui que a verdadeira caçada começa. A surpresa daqueles que saltam ainda sem serem incomodados pelos cães e que acabam por se dirigirem às portas, até àqueles que só saem do encame quando levam verdadeiras focinhadas dos podengos e que, no meio de tiros , ladras e gritos procuram desesperadamente a fuga para longe ou para as covas. "Vai, vai" , "agarra, agaaarra" , é um verdadeiro festival extraordinaŕio de adrenalina.

No meio seguem as duas matilhas de cães, 2 ou 3 armas caminham um pouco à frente, pelos lados, na tentativa de "interceptar" os que para o lado fogem, na traseira das matilhas mais 1 ou 2 armas para os coelhos que resolvem fugir para trás e, finalmente, algumas centenas de metros mais à frente são colocadas com o maior cuidado, pelo Guarda, as 2 ou 3 portas para os que seguem mesmo em frente.

É assim que decorre, com sucesso, uma caçada aos coelhos em grupo aqui nestes planaltos de Mértola, terra de caça por excelência e que, quase me atrevo a dizer, que é do melhor que temos em Portugal.

No final, distribuídos no chão, uma centena de coelhos, algumas fotos para recordar mais tarde, os nossos agradecimentos ao Guarda ( extraordinário Guarda) e, com os estômagos a "tilintarem" de tão vazios, rumámos rapidamente para Mértola para almoçarmos.

No restaurante, fiz-me servir de umas plumas de porco preto, grelhadas exactamente "no ponto" e acompanhadas com umas migas de se lhe tirar o chapéu. A acompanhar , um branco ( estava a antibiótico) fresquinho e, à sobremesa, uma sericaia para rematar o repasto.

Em convívio saudável e alegre, um dos Grupos seguiu viagem para Bragança e o outro ainda seguiu connosco para a zona das Fábricas, aldeia situada algures entre Mértola e Serpa, pois estavam interessados em levar para o Norte 2 leitões vivos, de porco preto.

Já com a noite a invadir o horizonte eu eo Zé S pegámos em 2 sacos de serapilheira e fomos com o dono da Herdade apanhar 2 leitões ao redil da vara de porcos. Truque para os apanhar mais facilmente: - espalhar uma saca de trigo no chão, os porcos acorrem rapidamente à comida e, enquanto distraídos a comer, pais , mães e filhos, tudo junto, é só escolher e pegar nos pequenos pelas patas de trás. De seguida enfiámo-los nos sacos de sarapilheira, saltámos para dentro do Jeep e fomos levá-los ao outro Grupo amigo que, mais acima, aguardava por nós.

Para a despedida, ainda fomos todos beber um café bem quente ao café lá da aldeia, onde, cá fora, ardiam uns troncos de oliveira dentro de um tambor aquecendo a noite.

Ainda tivemos tempo de ir ao Monte do Zé S onde estripámos os 25 coelhos que eu e o meu cunhado levámos, os tradicionais abraços de despedida com amizade e a certeza de que rapidamente nos iremos ver de novo, pois no próximo domingo esperam-nos as ásperas perdizes da Vendinha.

Até lá


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Serpa - Terra de Perdizes
















28 de Novembro de 2010

Num dia em que se bateu record anual de captura de perdizes nesta Zona de Caça, ali algures entre Serpa e Vale dos Mortos.

Não tenho dúvida que nestas herdades estamos definitivamente em terras de perdizes.

À chegada consegui logo uma "captura" com a máquina fotográfica, de um bando que ainda estava na estrada debicando, e à saída nova "captura", já ao final da tarde, de novo bando que certamente "não teve tempo" de comer durante o dia e aproveitou os últimos raios de sol para o fazer, conforme podemos observar nas 2 fotos da colagem acima.

Durante o dia consegui o meu "cupo" somente numa porta, logo sem grande estória para vos contar.

Ficou a satisfação de um dia muito bem passado, com bons amigos e companheiros de caça.

Abraço