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Caça à codorniz |
07-09-2014
Salvada-Beja
A caça da codorniz é, quanto a mim, de entre as que temos, uma das mais belas que podemos encontrar e praticar em Portugal.
Este ano, podemos concluir que foi um excelente ano de criações e, não sendo o mais importante, conseguir alcançar os limites estabelecidos por lei não acarreta dificuldades de maior, desde que, naturalmente, se tenha alguns conhecimentos desta espécie, pontaria razoável e um bom cão para as procurar e cobrar.
Este fim-de-semana, eu e o Paulo L., combinámos, como habitualmente, ir caçar à zona da Salvada, no sul de Beja.
É um dos nossos locais prediletos para a caça, dado o tipo de terrenos existentes. Ali podemos encontrar grandes extensões de cereal cortado, olivais com muito pasto no seu interior, plantações de girassol, 11 açudes e pequenas barragens dentro da herdade e diversas linhas de água que serpenteiam pelos seus quase 5.000 hectares.
Aqui, podemos ainda encontrar as criações deste ano da bela perdiz vermelha - na foto acima consegui juntar meia dúzia ( eram umas 12) que, já ao cair da noite, procuravam certamente local para se enrolarem e dormirem.
Encontramos, também, as belas lebres, cor de mel e branco, que este ano também procriaram bem, aumentando, e bastante, os seus efetivos e, de igual forma, já não é raro, ver saltar, uma vez por outra, um ou outro coelhote dos mais variados sítios.
O que mais me apaixona neste mês de Setembro e de seguida no próximo, em Outubro, já com a caça geral em pleno, são as amenas temperaturas que, à noite, nos proporcionam momentos de autêntico deleite, de prazer e retiro espiritual.
Depois de um cansativo dia de caça, desfrutar de um duche reconfortante, jantar à noite numa esplanada de um dos poucos cafés/bares existente naquela região inóspita, com o cão deitado aos nossos pés, e comer uns suculentos secretos acompanhados de uma saladinha de tomate e cebola, com uma boa cerveja gelada, é algo que dificilmente consigo descrever por palavras. Só vivendo mesmo aquele momento.
Partilhar todo o dia com o nosso fiel companheiro de caça, incluindo a noite, no Monte, cuja foto junto, onde, exaustos, dormem aos pés da nossa cama, é outro dos grandes atrativos.
O despertador, agora com os telemóveis, invariavelmente despertam-nos no dia seguinte por volta das 05h30.
Depois, é só aconchegar o estômago com o pequeno-almoço, beber um café bem forte no Monte, colocar uma roupa fresca e, por prevenção, bem colorida. O tiro da codorniz é um tiro de baixa altura, algo perigoso, e a cor da roupa ajuda-nos a não passarmos completamente despercebidos no campo.
Rechear bem as cartucheiras com chumbo de baixo calibre, 8, 9 ou mesmo 10, e sair com choques bem abertos nas armas.
Quando, às primeiras horas do dia, saímos para os campos, os bretons, os bracos, os pointers, perdigueiros ou outros, meio traçados, caçam-nas ativamente, ainda frescos e cheios de força. É a altura das paragens, das perseguições através dos rastos, dos muitos tiros certeiros ou falhados, dos gritos, dos cobros.
Pouco a pouco, as nossas pioleiras vão se compondo com o pendurar de algumas aves que, ao caminharmos durante a manhã, vão batendo suavemente nas nossas pernas e aquecendo os nossos corações.
É também a altura da lebre que salta repentinamente da cama, de dentro do girassol ou do restolho, ou do olival, perseguida desenfreadamente pelo nosso cão. Opcionalmente, cobramo-la, ou não. Se o cão a pára, devemos respeitar a sua paixão e, com um tiro certeiro, tentar proporcionar-lhe a recompensa de a trazer ao seu dono, pendurada na boca.
Por aquilo que tenho visto nos nossos campos, no próximo mês, já as vermelhudas estarão completamente criadas, adultas, e os nossos cães agora ao ficarem muito melhor preparados para lhes darem caça, ajudar-nos-ão em tão difícil tarefa.
Um abraço amigo