terça-feira, novembro 08, 2022

Por terras inóspitas

 











30 OUT 2022

MÉRTOLA


Muito menos perdizes do que em anos anteriores.

A qualidade mantêm-se toda lá mas as criações ressentiram-se, foram pobres, a seca brutal não lhes perdoou,  e nem nós nem aquelas terras inóspitas as podemos inventar e criar.

Ainda assim, a luta que oferecem sempre justifica o nosso compromisso de lá irmos  defrontá-las, mesmo com o risco real de sair com uma "grade às costas".

Cada perdiz aqui capturada é religiosamente uma saborosa e bem suada vitória para o caçador, que a entende, que a conseguiu enganar, agora já muito raramente de salto, pela frente, que elas já levantam longe, mas sim na espreita da oportunidade, quando vêem de asas abertas fugindo dos outros companheiros da linha.

Já matreiras,  nesta altura da época são muitas as que escapam, revoando para trás, onde sabem não existir "portas" nem outros caçadores.

Nesta jornada tive a felicidade de conseguir um trio delas e a alegria de ter dois lances, dois tiros,  que registo e que certamente não esquecerei.

Um pleno de intenção, bem vincado, propositado, pois vi duas perdizes voarem encostas abaixo na minha direcção. Agachando-me, da minha direita para a minha esquerda consigo correr  a mão e, ao primeiro disparo, a ave enrola-se toda no ar e, com estrondo, vai cair numa vereda lá embaixo, envolta numa nuvem de pó ( a chuva por aqui teima em não cair com abundância ) a cerca de 70/80 metros.

A segunda,  que vinha acompanhando a outra,  foi o meu companheiro PL que a derrubou. Não vi o lance dele, mas quando os nossos cães iniciaram o cobro, a cadela que lhe pertence foi cobrar a minha e a minha braco descobriu a dele que também caíu bastantes metros mais abaixo, do meu lado esquerdo.

O outro lance, foi mais tarde,  também quase similar. Mas neste caso o tiro foi muito mais de instinto. Só ouvi o PL gritar " ao ar, ao ar", olhei para cima vejo um veloz vulto de perdiz já na vertical e só me lembro de para lá ter virado a arma, enquadrado em fracção de segundos, feito o tiro e , quase ( quase) que para meu espanto,  a perdiz morre imediatamente no ar e vai estatelar-se a uns bons 40 metros de mim, redonda, por baixo da seca rama duma azinheira brava. Mais uma nuvem de pó !!

A terceira acertei-lhe com uma bagada na cabeça.  Caiu dentro da folhagem de um barranco mas o FR, atual feitor da herdade, rapidamente a viu e resolveu o problema vindo entregar-me a ave, uma fêmea.

Ainda uma outra perdiz que a minha braco, a Kali, generosamente desalojou dentro duns arrifes e atirou-a , ofereceu-a , ao JF,  que com a sua habitual destreza colocou-a cá em baixo com dois tiros.

O Grupo juntou-se quase ao final da manhã, contando as peças e as peripécias. Depois de um breve taco com umas minis geladinhas e umas bifanas de cebolada no pão, esmeradamente mandadas fazer pelos nossos amigos do Norte e que sempre trazem, deu-me desta vez a fraqueza e, com o calor, acabei por "estoirar" na caçada por volta do meio-dia, pois as pernas já não conseguiam mais.

Com este belos troféus nas bagageiras, fomos finalmente degustar umas boas carnes grelhadas mesmo ali por cima do Guadiana, à sombrinha que fazia calor (!!) , terminando a jornada , como sói dizer-se : Em grande!!

Um abraço amigo.