segunda-feira, dezembro 14, 2009

Do melhor....

















13-12-2009

Na véspera, sábado, depois de almoçarmos no restaurante eu e o Zé S. fomos até à margem do Guadiana testar os novos cartuchos dos tordos, que tínhamos comprado, da B&P , carga 28 gr Ch 7,5. Lá estivemos, até às 4 horas da tarde, fizemos 1/2 dúzia de tiros, estivemos a admirar o lindíssimo entardecer sobre o Rio ( a algaraviada dos patos lá em baixo na água é um espectáculo digno de registo) e regressámos então de novo a Serpa.

Entretanto,o Zé G. tinha-me telefonado e ia já a caminho de Vila Nova de São Bento, local onde tem casa e onde eu ia pernoitar, a seu convite.

Despedi-me do Zé S.,e fui para Vila Nova São Bento. No caminho, por volta das 05h30 da tarde ainda esventrei uma lebre e recheei-a com erva do campo, guardando-se num saco impermeável dentro da carrinha.

Nessa noite, fui muito bem recebido em casa de familiares do Zé G. . À mesa começámos com umas deliciosas azeitonas verdes da região, ainda recém retalhadas e a ganhar sabor, temperadas, na mesa, com sal grosso. Ao mesmo tempo, como entrada, o Zé tinha-se excedido a fazer um coelhinho bravo frio, desfiado, que acompanhava com grão, tudo temperado tal e qual como se tempera o bacalhau com grão. O vinho, uma pomada de 14,5º , o "100 Marias" , produzido pela família Canena, ali da região de Cuba, salvo erro na Quinta da Pigarça.
Ao jantar, chegou à mesa e provei pela primeira vez a famosa açorda de perdiz com poejos, tão apreciada ali naquela zona. Meus caros amigos...de chorar desalmadamente por mais!. Para rematar, no fim, um delicioso pudin de ovos feito pela R. Estava eu já quase que nem um abade, refastelado à mesa, de pernas abertas, tal era o peso da barriga.

Como o Benfica jogava nessa noite, tínhamos combinado com o Zé S. vermos o jogo juntos e demos um saltinho até Serpa, onde assistimos ao empate do nosso Clube do coração, com o Olhanense (2-2).

Regressámos a casa do Zé e, nessa noite, dormi profundamente, a ver as perdizes saltarem-me no dia seguinte, à frente, sim aquelas que estariam àquela hora também a dormir no mato, na Vendinha, e que era para onde íamos caçar no domingo.

Às 6h45 saltei literalmente da cama e alguns minutos depois, já ambos despachados, o Zé punha a cadela braco na carrinha e rumámos direitos ao Monte do P., onde já se encontrava grande parte dos caçadores. Nessa manhã, íamos fazer uma caçada à perdiz "en mano" , como dizem os nossos vizinhos espanhóis. Caçámos toda a manhã, pois era 1 da tarde quando chegámos aos carros. Como tal as cartucheiras saíram ao príncipio da caçada todas bem recheadas e ainda levámos alguns extra nos bolsos, não fossem faltar.

O dia nasceu com muito nevoeiro, algo cerrado, mas ainda dava para se ir vendo sem perigo de maior. Do meu lado esquerdo, a caçarem, o Jorge, e, do lado direito, o Ti D. com um perdigueiro de raça indefenida, côr de mel e branco, mas que cometeu a proeza de toda a manhã ir levantando lebres. Belo cão, pena que cace algo longe pois afastava-se bastante do dono e nao lhe dava a caça a matar.

Iniciada a caçada, algum tempo depois, já o companheiro do meu lado esquerdo fazia algo que já não via à algum tempo: um doble, às perdizes, ou por outra, meio doble, pois saltou uma ave de cada vez. Para ser um doble perfeito, as perdizes têm de se levantar ao mesmo tempo e os disparos atingirem as 2, no ar, uma de cada vez, caindo quase em simultâneo.

Da minha parte, aparecia-me uma da esquerda para a direita, em voo planado, a grande velocidade, fugida da ponta da linha. Encarei a Pietro Bereta e, com um tiro, vem cá parar abaixo, mas surpreendentemente levanta-se e começa a correr a pés. Para não a deixar fugir desato também a correr alguns 200 ou 300 metros atrás dela. Já com os "bofes" a saírem-me da boca, lá consigo aproximar-me um pouco mais dela, carrego a arma com 1 cartucho e remato-a no chão. Era um belo perdigão.

Mais à frente, em zona de pastos, oiço o característico brrrrrrr das asas a bater quando alguma se levanta de repente, encaro a espingarda e, com tiro certeiro, derrubo-a aí a uns 30/40 metros. Outro perdigão. Um par delas já cá cantava, penduradas no cinto. À medida que caminhava iam-me aquecendo a perna, com o bater.

No meu lado direito, o cão do Ti D. levantava outra lebre e empurrou-a para os meus lados.

Passou, cruzada, da direita para a esquerda, aí a uns 30 metros com o cão a latir atrás dela. Aponto, com calma e derrubo-a ao 1º tiro. Não é difícil o tiro à lebre. Mais difícil, isso sim, é o tiro ao coelho, pois algumas centenas de metros mais à frente, salta-me um debaixo das botas que estava a dormir encostado a uma oliveira velha, junto a um pequeno barranco. Aos ssss e ssss, ía-se escapando, o magano, mesmo com 2 tiros. Finalmente, ao 2º tiro lá deu a cambalhota tão característica.

Na parte final foi o meu melhor tiro da jornada, o meu "ex-libris" do tiro, aquele que arrancou vários "bravo" dos meus companheiros do lado. Um perdigão ( outro) veio passar por cima de mim, fugido das linhas, e consegui derrubá-lo exactamente na vertical quando cruzava por cima de mim, em irrepreensível "tiro del rei".

Saldo pessoal no final da manhã: 3 perdigões , uma lebre macho e um coelho. Para a fase adiantada da temporada, em que estamos, não foi mesmo nada má, a caçada.

No fim de semana anterior tinha-se morto um javardo ali na Herdade e o almoço, muito animado, foi servido com javali assado no forno com batatinhas pequenas. Hummmm, só vos digo, que maravilha. Eu que até não sou grande apreciador de javali, mas aquele estava efectivamente divinal. Para rematar, uma ou duas fatias de bolo-rei que o Zé G tinha trazido da "A Nacional" , da Praça da Figueira. Continua saboroso como sempre este bolo-rei.

Depois do habitual café, na esplanada do Café da Vendinha, ainda fomos dar uma volta ao final da tarde, onde tivémos tempo para fotografar as vermelhudas nos pastos que nesta altura já se vêm todos verdinhos, das chuvas que, abençoadamente, por ali têm caído.

O pôr-do-sol, em Serpa, é quase sempre de tirar a respiração, absolutamente lindo e não resisti, já em caminho de regresso, tirar uma foto ao céu vermelho fogo.

Um destaque também muito, muito especial para o trabalho dos cães. Sem estes auxiliares metade da caçada seguramente estaria comprometida.

Um abraço amigo.

Até breve