sábado, dezembro 27, 2014

Fecho da Caça Geral em Ourique



Impossível resistir a um amanhecer destes

Belas galinhas estas de Ourique





























27-12-2014

Entusiasmou-me  ir fazer o fecho da caça geral ( perdiz, lebre e coelho) a Ourique.

O dia supostamente estava previsto nascer com uma bela promessa de sol aberto, mas muito cedo se encobriu com um manto espesso de nuvens, tornando-se numa manhã feia, cinzenta, fria, ameaçadora. Neste aspeto, foi uma desilusão,  pois esperava um dia cheio de sol, que secasse rapidamente o forte orvalho da vegetação rasteira.

Ao contrário. Andei toda a santa manhã com os pés "pesados", encharcados e gelados.

Lebres, nem vê-las. Coelhos, idem.

Quanto às perdizes, mantêm a mesma qualidade ímpar, mas nota-se claramente que os bandos estão a desmembrar-se. Muita perdiz solta, aos pares,  e pequenos bandos, no máximo de 3 ou 4.

Caçar sózinho à perdiz selvagem não é tarefa fácil, como todos sabem reconhecer. Sobretudo já no final da época. O resultado acima, recompensador mas extremamente enganador, reflete uma eficácia tremenda. Praticamente as 3 perdizes que se vêm penduradas, foram as que "me deram tiro" e foram mesmo as que caíram. Tanto deu para esta bela caçada como podia ter dado para um belo "chibato".

Tudo o resto levantava longe, sem dar hipótese. E o que levantou a tiro e foi-se embora, revelam já uma esperteza invejável. Levantam voo e ocultam-se imediatamente com as azinheiras, nem sequer  tenho a veleidade de conseguir encarar a espingarda. Que diferença abismal daquelas inocentes de início de época.

Uma levantou-se em voo poderoso. Só consegui encarar a benelli e disparar instantaneamente. Uma ramada de azinheira ficou, por isso, bastante maltratada e, quando vejo o resultado do disparo, fico com a noção de que nem lhe acertei. Desço a encosta mais 2 ou 3 passos e vejo uma cabeça a correr no meio do pasto encharcado do orvalho. Corro. A Inka corre. Páro, encaro e arma e consigo "segurar" a perdiz, que tinha caído, ferida com o tiro anterior. Deixo a Inka trabalhar à vontade até a descobrir. Não foi difícil. 3 ou 4 minutos e o trabalho estava feito.

A segunda, imagine-se, salta-me com mais 2 ou 3 e engana-se, cruza-se, isolada, na minha frente, da esquerda para a direita. Foi o melhor tiro da manhã. O B&P MB Extra enrolou-a bem no ar e caiu redonda dentro do mato rasteiro.

A terceira e última foi nos restolhos do lado oeste do couto. Já de regresso para o carro, saltou larga, a cacarejar, imaginem, de cima de uma azinheira. Aponto o melhor possível e certamente com um ou dois bagos acerto-lhe na cabeça pois encastelou o voo talvez 30 ou 40 metros, e caiu a pique.

A seguir ao almoço ainda fui dar uma volta a tentar a lebre. Bem procurei, nos pastos, junto às ribeiras, mas a tarde continuava cinzenta, fria e ventosa ( nunca pensei ) e já com o segundo par de botas encharcado resolvi regressar ao carro, arrumar "a tralha" e regressar a Lisboa, ao quentinho do lar.

Por mim, e pelo que vi, não caçava mais à perdiz. Vi poucas e penso que a Mãe Natureza começa já a fazer o seu trabalho. Não sei para onde elas foram. O prazer de ver os bandos a levantarem ruidosos e voarem juntos, de asas abertas, a descer as encostas, acabou. Agora, só isoladas e com os sentidos completamente alerta.

Penso que mais uma caçada em linha deve ser o limite, para termos tantas ou mais, para a próxima época.

A ver vamos.

Um abraço amigo.







quinta-feira, dezembro 11, 2014

À ANTIGA !




















Novembro 2014

Ainda antes de sair de Ourique, "cozinhei" a ideia de, no dia seguinte, fazer uma jornada de caça à "antiga".

Assim, entrei no Pingo Doce e comprei uma  garrafinha pequena de vinho tinto, alentejano, 4 pequenos pães de frutos secos com passas, um pequeno paio de porco preto, meio frango assado, 3 pastéis de bacalhau e 2 laranjas.

Meti tudo num saco, entrei na carrinha e fui direitinho para a Salvada, em Beja.

A noite caiu rápida e, antes mesmo de chegar à Salvada,  não resisti em encostar a carrinha, sair e, por alguns momentos, tentar conseguir uma boa foto da magnífica lua amarela que se ia levantando naqueles céus abertos do sul de Beja.

Nessa noite, após o jantar, no Toi, tão ou mais extenuada que eu, por termos andado diversas horas atrás das perdizes em Ourique, a Inka dormiu em cima do tapete, aos pés da minha cama, em profundo sono. Nem dei por ela.

De manhã, levantei-me, pernas doridas, soltei a cadela para ir para fora do monte fazer as necessidades e fui tomar um pequeno almoço que me desse força para o que pretendia: comi 3 ovos estrelados, uma chávena almoçadeira de café com leite, uma fatia de pão alentejano com doce de laranja, outras duas com fiambre e queijo e rematei, com um (dois) cafés bem fortes.

Meti-me dentro da carrinha, entusiasmado,  e fui para a ponta do couto, junto à Associativa de Quintos, nos terrenos da Engenheira. Deixei a carrinha perto de um pinheiro, junto à estrada, enchi um cinturão de cartuchos, meti mais meia dúzia nos bolsos e pendurei o bornal às costas com o que tinha comprado no Pingo Doce, na véspera.

Eram 08h30 da manhã. A missão estava definida: caçar todo o dia por aquelas extensas planícies e olivais, pousar o bornal e almoçar quando a fome o ditasse, tranquilamente encostado a um sobreiro ou a uma oliveira, com a Inka deitada ou sentada perto de  mim, e regressar ao carro quando a noite estivesse quase a cair, isto é, cerca das 17 horas da tarde.

Os meus genes de caçador solitário estavam totalmente despertos neste fim-de-semana e esta era uma experiência única que, no meu íntimo,  há muito desejava.

Recordo-me dos meus tempos de rapaz em que, sozinho, saía de madrugada de casa dos meus pais, com uma Ford Transit 'pão de forma' , com cortinas ( atente-se) e ia caçar lá para os lados de Mourão/Granja. Enfiava os cães lá para dentro, levava pombos correio para soltar e, sozinho, caçava todo o dia sem parar, fizesse sol, chuva, vento ou frio. Tal era o vício. a Ford Transit era tão antiga que para virar para a direita tinha que voltar o volante para a esquerda e vice-versa. Puro divertimento conduzir aquela máquina.

Regressando a Beja, a percha foi curta, um coelho, uma lebre e um perdigão velho.

Mas o divertimento foi grande. As codornizes continuam por ali e contentei-me em ir "amaciando o pelo à Inka", com festas e palavras de grande incentivo, sempre que ela as parava e eu as deixava ir, pois terminou a época da sua caça.

Ao meio-dia passei pelo Monte da Gravia, espingarda às costas e cadela atrás, e a mulher do Guarda, a Dona J. perguntava, admirada: então o carro? -lá o irei buscar mais tarde, agora vou dar uma volta para os lados do Guadiana.

Para aquela zona ainda não tinha ido caçar este ano. Num projecto de pinheiros, falhei, logo à entrada, com 2 tiros, um coelho que se escapuliu sem dar hipótese. Entretanto a Inka desapareceu e, já preocupado, comecei a chamá-la. A preocupação aumentou de grau ao não ver a cadela. Alguns minutos passam e oiço uma ladra dentro dos pinheiros - lá está ela- e pensei que corria atrás de algum coelho. Para minha admiração, vejo uma lebre a correr a sair do 'projecto' e, não fora a semi-automática com 3 tiros, àquela distancia não a teria segurado.

Finalmente! -disse. De manhã havia visto outras 2 e tinha falhado mais outra, com 3 tiros. Já pensava que terminaria o dia sem cobrar nenhuma.

Entretanto, vi o que me levou àquele lado. Um bando de perdizes selvagens. Ariscas, não deram "orelha" e fizeram um voo enorme. O sol começava a sua curva descendente. O suor, com o apressar do passo para as encontrar de novo, escorria pela testa e pescoço, em bica.

Cabeço após cabeço lá fui avançando, o vento pela frente, o sol pelas costas. Condições ideais para fazer um ataque ao bando. A Inka começa a dar-me sinais de rastos, desinquieta. Com o apito do colar, chamo-a, em silencio, para o pé de mim. "Ao pé" - disse-lhe, baixinho. A cadela com a cabeça alta, não me enganava, as perdizes estvam do outro lado do morro.

Com a cadela ao lado, chego ao topo do cabeço. "Brrrrrrrrrrr" -saltam 2 ou 3. Um tiro, dois tiros, nada. O cansaço pesava e o sol cavalgava já a esconder-se no horizonte. Subitamente, uma terceira levanta voo, possante,encaro a semi-automática e, quase sem apontar, disparo. A perdiz enrolou-se toda no ar e veio cair cá abaixo dentro da vala. Como a Inka tinha visto o lance, fiquei descansado. Alguns momentos depois estava na minha  mão, o perdigão da foto.

Tempo suficiente para uma foto com o telemóvel e regresso apressado ao carro.

Depois de voltar a sair do projecto de pinheiros, um coelho levanta-se do pasto e, já com alguma dificuldade, disparei, certeiro. Este já não ficou na foto. Foi pendurado, na cartucheira.

Por volta das 18 horas, noitinha, cheguei à carrinha. Arrumei a tralha toda, passei pelo Monte e, por volta das 21h00 já estava em casa, para jantar.

Percha: perdiz + lebre + coelho
Espécies vistas: 5 lebres, 3 coelhos, diversas codornizes, 2 ou 3 bandos de perdizes.
Kilómetros percorridos: não sei, muitos.
Tempo durante o dia: maravilhoso, céu limpo e um sol radioso.

Abraço amigo.




À Perdiz brava em Ourique



Poucas, mas boas e bastante suadas.

























Novembro 2014

Pese embora os terrenos ainda estivessem bastante alagados, em consequencia das fortes chuvadas e intempéries que, segundo os meteorologistas, tornaram o mês de Novembro o mês mais chuvoso dos últimos 17 anos, adivinhávamos um dia cheio de sol, com as condições necessárias e boas para a prática da caça de salto em linha, à perdiz vermelha.


As perdizes nesta herdade são filhas do campo,  completamente bravias, pelo que, nunca a tarefa que tínhamos pela frente seria fácil.


Costumo dizer que se reparo numa ou duas perdizes levantarem voo e se vejo onde elas vão poisar, começo a "torcer o nariz" quanto à sua qualidade. Aqui, quando levantam voo, vemos a direção que tomam, mas é muito raro vermos onde vão poisar, sendo isso sinónimo dos seus voos poderosos e musculados, filhas da terra como acima disse.


Como em qualquer batalha, definimos uma estratégia e um plano de ataque e, na minha opinião, só cometemos um erro. Colocar uma porta exatamente no Biló. Aquela porta não pode estar ali, sobretudo à vista desarmada, pois a 'querença do Biló' é tão grande que as perdizes de certeza que repararam que as ruínas do Biló estavam ocupadas e evitaram para lá ir. Se tivéssemos tirado aquela porta dali, diria que poderíamos cobrar mais um ou dois pares delas. Fica  a lição e, por isso, na próxima vez, há que retificar.


Foram difíceis, deram muita luta, com belos lances de cobro nos limites, mas o prazer de cobrar uma ou duas destas perdizes não se assemelha em nada a alguns coutos por onde tenho passado.


Aqui, todos sabemos que é verdadeira qualidade em vez da quantidade. Por isso, tenho a certeza que quando o G. capturou, redonda, aquela perdiz ao final da manhã, a diversidade de sentimentos e sensações que de imediato o invadiram quando desatou a correr para ir apanhá-la, deve ter sido algo de maravilhoso que preenche a alma de um verdadeiro caçador. Pelo menos, comigo, teria  sido assim.


O almoço na D. Amália em Aldeia de Palheiros, foi de muitas estrelas ( adoro aqueles lombinhos magros de porco preto) e, com grande satisfação, terminámos a jornada, não sem antes passarmos pelo "canto do pássaro" para beber mais um cafézinho antes do regresso a casa.


Da minha parte, como ia para Beja no dia seguinte, "cozinhei" ainda ali uma ideia e fiquei mais um pouco e entrei no Pingo Doce, para comprar meia dúzia de coisitas, conforme estória que conto de seguida.


Abraço amigo e até à próxima.







quinta-feira, dezembro 04, 2014

Giões - Moinho do Monte Novo - Mértola












 














Novembro 2014
Moinho do Monte Novo


Logo após o almoço em São Miguel do Pinheiro, estávamos "mortinhos" por ir ainda dar uma "bicada" às "perdizes do Fernando" no Moinho do Monte Novo.

Bem pensado, bem dito e  bem feito, eu, o Paulo e o Luís 'voámos' nos carros cerca de 10 km e quando lá chegámos foi só tirar as espingardas das fundas, abastecer as cartucheiras com alguns cartuchos, soltar os cães e ir dar uma volta de +/- uma hora ainda antes de cair o sol.

A Inka, a atravessar o período do cio, de volta de uns arrifes, desinquieta-me um coelho que virou para trás mas para o lado errado: para o meu. Cobrado, meto-o dentro do bolso do ladrão do colete e sigo a caçar. O sol cai rapidamente no horizonte. As perdizes já só se ouvem o voo, em fuga. O Luís embrenha-se no projecto de pinheiros e desfere alguns tiros.

Era já quase noite escura quando regressámos os 3 ao Monte, espingardas abertas e passo apressado. O Luís tinha cobrado um coelho. O meu, quando meti a mão no bolso de trás para o retirar...encontrei-lhe o sítio. Tinha-me esquecido de puxar para cima o fecho do bolso e, lamentavelmente, o coelho acabou por cair algures durante a caminhada.

Duche tomado e fomos jantar ao Brasileiro a Mértola. Que melhor combinação do que uma açorda de bacalhau à alentejana, acompanhada com um vinho espumante bem gelado, do norte ?

Esperávamos um sol radioso no dia seguinte. Após noite bem dormida, abrimos as portadas das janelas e verificámos que tinha chovido quase toda a noite e o céu apresentava-se cinzento, ameaçador de chuva, desagradável. Que desalento!

A manhã, devido ao estado dos terrenos, lamacentos, estremamente difíceis de caminhar, foi de grande esforço para as pernas e corações. Fomos para os Giões, terras de estevas e barrancos e, mesmo assim, recordo-me de ter lama até aos joelhos. Só no topo dos cabeços é que ainda se conseguia andar em condições razoáveis.

As perdizes a que nos habituámos, desta vez vimos muito menos, certamente escondidas nos barrancos intransponíveis, falhámos muito mais,  devido ao cansaço, mas,  ainda assim,  conseguimos excelentes  tiros, a grandes alturas,  e acabámos por fazer uma bonita percha.

Aos meus pés, não me esquecerei do par de lebres que se escondiam perto de um regato e que arrancaram em grande velocidade.
Ficou uma. O macho.

Já perto do almoço abriu o dia, até ao final da tarde, com um sol maravilhoso, como que a zombar de nós.

Abraço amigo.




terça-feira, dezembro 02, 2014

Coutada de São Miguel do Pinheiro





Pois é, chama-se cozido de couve e é uma delícia alentejana.

































Novembro 2014
São Miguel do Pinheiro


Belas as perdizes que vivem naqueles majestosos cerros desta linda terra do Concelho de Mértola.

Por ali nascidas, fazem dos caçadores gato-sapato e que ninguém pense em grandes cintos, porque elas , pura e simplesmente, não se deixam chegar.

Capturam-se sim, na sua maioria, mas quando fogem e atravessam os ditos cerros indo direitas a algumas portas que, estrategicamente se colocam. Outras, em muito menor número, caiem, sim, mas quando se deixam surpreender pela linha de caçadores.

Na foto ( pena não ter levado a minha máquina que conferia, talvez, mais qualidade) um quadro de 28 perdizes, 6 coelhos e 2 lebres.

Os donos da Zona de Caça recebem os caçadores da melhor maneira possível e é sempre um prazer enorme ir ali caçar.

Pena temos nós de termos descoberto esta zona de caça já tão adiantado na época.

Abraço amigo.


PS: Esta foi uma caçada algo nostálgica para mim, pois tive de prescindir da minha inseparável companheira de 4 patas, a Inka, pois está a atravessar o perído em que a Mãe Natureza a chama para tentar procriar, isto é, está a decorrer o período do cio.
Em Maio de 2015 se Deus quiser, terá cachorros e o pai está escolhido.


segunda-feira, novembro 24, 2014

São João dos Caldeireiros



Uma manhã divertida nas Romeiras

Contraste de cores sempre bonito

Almodôvar. Dose para 3, de cozido de grão. Valha-me Deus!!












































Novembro 2014

Manhã de Caça em São João dos Caldeireiros, nas Romeiras.

Falando por mim, registo uma grande paragem da Inka a uma perdiz amagada no lavrado, com levante poderoso,  tiro certeiro e cobro na perfeição.

O resto... também por ali há zonas de caça muito boas.

Depois do cozido de grão, na imagem, em restaurante de Almodôvar, decidimos ir ainda destruir todas aquelas calorias atrás das perdizes em Ourique até ao final do dia, cair da noite. Teríamos cerca de hora e meia para se caçar até o sol se pôr no horizonte.

Ainda conseguimos reduzir o efetivo em mais 2 aves.  Ali, são mesmo, mesmo muito vermelhas!

A grandiosa sensação de estarmos isolados do resto do mundo e a liberdade de ver a tarde cair aos poucos.

Reparar na silhueta, já em escuro,  do Paulo, arma aperrada,  a caçar com o cão pela frente pela crista dos montados da herdade, só isso, valeu-me o dia.

Pena não ter uma máquina fotográfica à altura, comigo.

Bela imagem do que é a caça praticamente isolada, com cão de parar.

Abraço amigo

domingo, novembro 16, 2014

Atrás das codornizes, claro!



Vista parcial do Monte da Gravia












O que se conseguiu



Novembro 2014
5 codornizes
2 lebres.

Menos codornizes nos campos.

As fortes intempéries estarão por trás. Os terrenos, quase todos lavrados, deixam cada vez menos espaços para a sua caça.

5 codornizes e 2 lebres muito sofridas .

Abraço amigo.

Acreditem se quiserem

Uma das diversas penínsulas do couto na Estrela - Alqueva.













Resguardados da chuva.





























15-11-2014

Por gentil convite do Gonçalo S. fomos este sábado a uma jornada de caça num couto familiar para lá da Aldeia da Estrela.

Combinámos o encontro no café das bombas de gasolina antes de chegar à barragem, no Alqueva.

Como linha de caça tínhamos cerca de 8 espingardas.Pretendia-se, tão somente,  passar uns momentos agradáveis dado que a Herdade em causa, sendo banhada em cerca de 50 % pelas águas do Alqueva, é muito bonita de se caçar. Acresce que tem diversas penínsulas, que, segundo estudamos na geografia do liceu, tratam-se de extensões de terra cercadas de água por todos os lados, excepto por um, o lado que a liga à terra.

Com terrenos ondulados e pastos na sua grande maioria, o forte, ou por outra, talvez seja mais acertado dizer, o mais forte da caça são as lebres que por ali vivem, algo desassossegadas pelo gado bovino a que a herdade de dedica.

Aliás, os donos, mesmo sendo uma turística, segundo soube nem se dedicam à caça.

Fazem uma brincadeira por ano e por aí se ficam.

Enquanto que em anos anteriores a caçada se realizava sempre mais cedo na época de caça, com resultados interessantes, este ano, sendo feita em meados de Novembro, foi do consenso geral que saíu prejudicada nos seus resultados,  sobretudo pelas fortes chuvadas torrenciais durante a semana que, seguramente obrigou muitas a de lá saírem e procurarem terrenos mais abrigados de tais intempéries.

Com um ou dois bandos de perdizes, que não se deixam de maneira nenhuma chegar, abrimos a linha de caça e, no final, já debaixo de forte chuvada que o vento sul trouxe nesta manhã, terminámos no armazém do Monte, com um score de meia dúzia de lebres e um coelho muito bem arrancado pela minha Inka. O senhor João, o feitor da herdade, que o diga.

De resto, tivémos os chamados lances normais, nesta modalidade de caça.

Até que nos aconteceu um lance de excepção, que me vai acompanhar a memória até ao final dos meus dias.

O Gonçalo contornava uma peninsula e a Inka ia constantemente dando sinais de lebre por ali existente a deixar rastos. Não tardou muito que a "ruça" tenha fugido e, ao vê-la, gritei a plenos pulmões, "lá vai ela".

Foi, correu, correu,  e refugiou-se noutra península mais adiante. Aí o Gonçalo e eu não perdoámos. Decidimos dar-lhe caça.

Dificilmente fugiria. Deixámos, estratégicamente, um caçador de espera no único sítio por onde ela poderia passar para trás, de fugida. Eu e o Gonçalo arrancámos, um pela esquerda e outro pela direita e, desacredite-se quem pense que seria um palmo de terra. Não, ele ia num lado, eu ia pelo outro e praticamente não nos víamos. Andámos, um bom bocado, a Inka ia entusiasmada, teimosamente dando sinais da lebre. Já no final, praticamente por instinto olho para trás e já só lhe vejo o dorso. Um tiro e o mais que consigo foi acertar no chão. Gritámos: aí vai ela, aí vai ela...!!

Ficámos à escuta. Um tiro, dois, três tiros. F##**d*se! -diz-me o Gonçalo., " já se foi". Um quarto tiro. O Tio H., que por lá perto estava,  tinha-lhe barrado definitivamente o caminho,  de forma certeira.

Regressávamos quando salta outra fora de tiro. "Aí vai outra, aí vai outra" - gritámos.

Nem um tiro. Acelerámos o passo para ver o porquê e quando lá chegámos ficámos a saber.

Esta, sentindo que por ali teria o destino traçado, fez-se à água e, corajosamente, deu um salto e começou a nadar para alcançar terra firme, para a outra margem. Logo nos indicaram onde ela ia a nadar. Olhámos atentamente e lá longe, já, só lhe víamos as patas da frente a chapinhar na água e a nadar bravamente. Terá percorrrido cerca de 250/300 metros a nadar. Nunca tal tinha visto na minha vida de 40 anos de caçador.

Gritámos para o Orlando S. - corra, corra que ela vai sair lá á frente. O Orlando, de arma aperrada acelerou o passo e escondeu-se atrás de uns arbustos. 'Orlando, olhe que ela vai sair mais à frente'.

'Estou  a vê-la muito bem' -retorquiu.

A corajosa lebre, ao fim de aproximadamente de 10 minutos (!)  de natação, num meio hostil que era de todos menos o dela, alcançou finalmente a margem e arrancou a correr, já estafada. O Orlando, nada fez.

Aproximámo-nos do Orlando e questionámos:  "Então? - porque não 'segurou' a lebre quando ela subiu a margem ?

"Não quiz! Deixei-a ir. Estive a ver a batalha que ela travou contra a água. Esteve 10 minutos a lutar. Esta lebre merecia tudo menos morrer." - finalizou, com firmeza na voz e olhar penetrante.

Nessa altura, caímos em nós e olhámos uns para os outros. Eu, confesso que fiquei envergonhado e embaraçado. O Orlando fez muito bem. Aquela lebre merecia a salvação. Para além de esperta, desafiou a morte ao aventurar-se e atirar-se para as águas do Alqueva. Lutou, lutou, até à exaustão e conseguiu a fuga. O Orlando, depois de observar toda aquela grande luta...decidiu, sozinho, fazer-lhe a vontade!

Amigo Orlando, que grande lição de fair play, de lucidez e serenidade nos deu. Um grande bem haja!


No final, as fotos, de fraca qualidade, foi o melhor que se pode arranjar pois no final da manhã
chovia a cântaros. Ainda aguardo uma ou duas fotos que o Orlando terá conseguido tirar à lebre dentro de água a nadar.

Um abraço  amigo, muito especial para o Orlando.



quinta-feira, novembro 13, 2014

Sempre atrás das codornizes

De notar os terrenos onde caçamos às codornizes ( e lebres, claro)

No fim da manhã, antes de irmos ao almoço.

Uma homenagem à Inka. Sem ela nem metade dos resultados obtia.
































































09-11-2014

 
Terras da Salvada, em Beja.

Na véspera, a noite tinha sido de trovoadas com autênticas bátegas de chuva a cairem naqueles maravilhosos campos da Salvada.

Depois de comermos qualquer coisa no Monte, bebemos um café bem forte e fomos, com os carros, iniciar a jornada a uma ponta da Herdade que tínhamos elegido no dia anterior.

Por ali começaríamos, pois são terrenos de restolhos, não lavrados, onde residem ainda muitas codornizes e onde as lebres vêem deitar-se ao sol, depois de noites de chuva.

O entusiasmo cresceu desmesuradamente quando armávamos, ainda, as espingardas, e já víamos, ao longe,  __ lebres a correrem atrás umas das outras. Parada nupcial seguramente. 

Nesta manhã, entre as que capturámos ( uma cada um) e as que fugiram fora de tiro vimos ___ lebres. É obra nesta altura da época de caça. 

As codornizes continuam a fazer as nossas delícias, a proporcionarem belas paragens e cobros aos cães. Conseguimos o cupo de 10 cada um, logo após o almoço .

Por volta das 15horas regressávamos a Lisboa, com os objectivos alcançados.

Abraço amigo.

Coutada de São Miguel



A meio da caçada, numa pausa.
A distribuição das peças
Já na despedida, após o almoço





08-11-2014

São Miguel dos Pinheiros - Mértola

Bem no coração do Concelho de Mértola, disfrutámos de uma bela caçada às perdizes, lebres e coelhos.

A manhã tornou-se bonita, os cães  trabalharam muito bem.

Terrenos ásperos, com projectos de pinheiros e sobreiros, terras de xisto e pedra solta, pastos finos e densos, albergam belas perdizes selvagens que por ali criaram este ano.

A população de coelhos também aumentou, para gáudio e satisfação do Gestor, embora esteja imposto um limite estabelecido de capturas por caçador.

Recordo um coelho levantado e corrido pelo "Sado" que, na sua fuga para o barranco, passou-me ao alcance de tiro. Um tiro certeiro obrigou-o a uma cambalhota, ficando inerte,  já perto das tocas que por ali existem.

Experimentei os novos B&P - Nike - Ch6 com 34 gramas. Apreciei os resultados. Para distancias até aos 40-45 metros estarão talvez no topo da eficácia. A comprovar noutra caçada às vermelhudas.

Ao almoço, uma óptima cabidela de galinha com um tinto robusto, com rótulo da Herdade.

Gente simpática, acolhedora.

Para revisitar. É que fugiu muita perdiz daqueles caçadores...!

Abraço amigo


domingo, novembro 02, 2014

As bravias perdizes de Ourique





















02-11-2014

Uma jornada de caça muito difícil de esquecer.

Difícil de esquecer porque razão?

Porque correu tudo na perfeição.

Começámos a caçar, sem pressas , às horas que escolhemos.

Defenimos, logo no início, em pé,  ainda encostados ao balcão do café de Ourique, em cima de um guardanapo, uma estratégia de ataque aos bandos, face à configuração da Herdade e aos poucos recursos que dispunhamos.
3 espingardas, a Inka e uma espingarda de porta do Tio H.

A estratégia é de sucesso.Retirar as perdizes do montado e dos arrifes no meio das semeadas, tentar 1 ou 2 abates e dispersar as perdizes para os pastos altos.

As querenças de fuga já as vamos adivinhando.

Muitas escapam-se para fora do couto.

O Tio H. hoje, por meia-hora, 45 minutos resolveu ir dar uma volta de salto, devagarinho.
Fugiu-lhe uma lebre aos pés. Deixou-a ir com 3 tiros atrás. Acontece aos melhores, certo?


O G. fazia a extrema. Atirou-me literalmente um bando cá para baixo, de asas abertas. Mão corrida e perdiz derrubada, "sem espinhas". As outras passaram por cima do O.que não lhes perdoou. Tiro e queda como soi dizer-se.

A Inka teima em dar-me caça. Atirei, mais tarde,  a uma outra perdiz que caiu de asa e desata a correr para a ribeira. Desta vez, a cadela fez um trabalho de mestre. Nariz  no chão, por vezes no ar, vento de feição, cobra-me uma perdiz seguramente a uns 100 metros de distância só com trabalho de nariz.
A minha alma rejubilou quando a vejo sair, altiva, de dentro dos juncos da ribeira, cabeça ao alto com a perdiz viva na boca.

Mais tarde , dentro da ribeira, num andamento vivo, super-rápido, nariz no chão e coelho a escapulir-se com 2 tiros atrás.
Das abatidas, no final da manhã, um ou dois perdigões reais.

Manhã perfeita.

Ao almoço uns lombinhos de porco preto e uma açorda à alentejana na D Amália em Aldeia de Palheiros, tudo acompanhado com um encorpado " .com" que nos aqueceu a alma para o regresso.

Obrigado companheiros, pela excelente companhia e empenho em cobrar meia dúzia de "patirojas", como dizem ali ao lado os nuestros hermanos.

No meio disto tudo notou-se 1 ausencia. O excelente coonpanheiro de caça e amigo P.

Combinamos agora, voltar a Ourique, desta feita numa caçada com mais espingardas e mais cães.

Há por lá ainda muita perdiz e lebre que tem de ser "entalada".

Abraço amigo.






segunda-feira, outubro 27, 2014

Moinhos de Vento - Mértola






















A nossa visita anual às "Perdizes do Fernando".

Muita adrenalina, tiros, ladras atrás das lebres e coelhos, cobros bonitos e tiros ainda mais bonitos.

Camaradagem excelente.

Desta vez o Paulo juntou-se a nós e o "sado", na foto,  já refeito da intervenção a que foi submetido,  aparece "como novo".

Bela manhã de caça, com excelentes terrenos de pastos, cabeços com arrifes de giestas.

Abraço amigo.


De novo às perdizes em Ourique

Reinou a boa disposição.

















Bela jornada de caça em Ourique.
Manhã divertida, com boa safra.
Brisa forte, terrenos húmidos, adequados para caçar com cães de parar.
8 perdizes, 1 lebre, 3 espingardas.
Muitos tiros
Abraço amigo

domingo, outubro 19, 2014

Caça de salto em Ourique

DIA 1 - 3 perdizes, 2 lebres, 1 codorniz.


DIA 2 - 2 perdizes, 5 lebres, 1 pato.




























2 caçadores, um cão, dois dias.

Dia 1
Como facilmente se pode reparar,  a foto primeira foi tirada já com a luz do dia a sumir no horizonte, logo, ficou um pouco mais escurecida, dado que não quisémos usar de efeitos que alterassem a sua originalidade. Seriam por aí quase umas 19 horas quando a máquina foi usada.

Este dia nasceu claro, frio para a época e rapidamente se foi tornando cinzento, soprando com uma brisa mais ou menos gelada vinda do lado este.

Começámos na ribeira que ladeia o monte para tentar ver se encontravámos algumas peças naquelas pastagens .

Cedo abandonámos a ideia e, depois de passar algumas cercas de arame farpado, virámos de forma a termos o vento de frente e fomos para o lado dos terrenos de pasto, junto à ribeira da aguentinha, que atravessa a herdade de uma ponta à outra.

O "sado" -companheiro  de 4 patas do Paulo,  continua em período de convalescença,  pelo que sabíamos que a jornada ia ser difícil, 2 espingardas, 1 cadela e um punhado de perdizes selvagens e lebres para encontrar e tentar algumas capturas, de todo nunca seria tarefa fácil.

Procurávamos as lebres quando, por trás de um cabeço, foge-nos um bando de umas 7 ou 8 perdizes.

Uma vira inesperadamente para a direita e "dá orelha" ao Paulo que lhe desferiu 2 tiros. Escapou impune, para outros terrenos. Como nos competia fazer, tentámos ir atrás das outras. Dobrámos novo cabeço e vimo-las, muito à frente,  a entrarem na ZCA que limita o couto.

O Paulo toma a liderança do percurso e encosta-se a bater do lado da extrema. Alguma caça que por ali se encontrasse seria empurrada para o centro do couto.

A dada altura a Inka gira à volta de um rasto e pára. Aproximo-me pela direita, arma preparada nas mãos, encosto-me um pouco mais e... salta uma codorniz. Bom, não se pode deixar fugir, sobretudo depois daquele trabalho da cachorra. Um tiro, cai redonda e a cadela cobra-a, sem reparos.

A uns 100 metros, grande trabalho da Inka. Curiosamente, o vento estava a virar a sul e, de frente, a cadelita estanca, pára, cabeça no ar, faz uma guia de uns 5/10 metros e estanca de novo. Cabeça no ar, a aspirar os ventos. Nova guia de mais 5/10 metros e nova paragem. A perdiz saltou sim, mas saltou lá do fundo da ribeira, a uns 80 ou 90 metros. Sem hipótese. Nem encarei a arma. Com uma festa e algumas palavras de alento, encorajei a cadelita. Grande trabalho mesmo, dos melhores  que lhe tenho visto, tendo em conta trabalhar aquela perdiz àquela distância.

Algumas centenas de metros depois, nova viragem à direita, ao vento, cabeça no ar e uma guia rápida. Tento acompanhar e salta uma perdiz por trás do cabeço. Um tiro de chumbo 6 e a perdiz tomba. Tomba mas mal tombada. Quando reparou que o Paulo vinha pela minha direita, arranca de novo para a esquerda, ferida,  mas com fortes ganas de escapar. Obriga-me a novo tiro, da direita para a esquerda, a uns 40 metros,  e cai redonda. A Inka vai ao cobro, a perdiz ainda teve força para dar um pequeno salto mas a cadela, rápida prende-a com a boca ainda no ar.

Algum tempo depois outra paragem da Inka nos pastos. Deu tempo para tudo. Aproximei-me e a lebre salta, veloz. Passou a linha de água e, já do outro lado, seguro-a com um tiro. A Inka vai ao cobro e faz o cobro, radiante.

A subir mais umas dezenas de metros e 2 perdizes são surpreendidas por mim. O Paulo pela direita. Corro a mão da esquerda para a direita e carrego no gatilho. Certeiro. Cai com estrondo e continua a saltar sem sair do mesmo local. - Está segura, ferida de morte - pensei. Deixei a Inka trabalhar e trazer-me a perdiz à mão.

Abordámos um açude mas não acreditámos que àquela hora tivesse lá patos. Foi o nosso erro. Estavam 7 ou 8. Levantam e o Paulo consegue ainda um tiro e eu outro. Cai um pato, abatido pelo paulo, fora do açude. Os outros escapam todos. No cobro, o pato foge novamente para dentro de água e a Inka foi ao cobro. Pato ferido e a mergulhar constantemente fora do alcance. Foi uma festa até a Inka o conseguir apanhar.

O almoço, em Ourique passou por uma deliciosa carne de porco à portuguesa com umas cervejas bem geladinhas. O calor era forte, na ordem dos 30 graus.

Ainda passámos pelas brasas no Romba e, à tardinha, fomos dar a volta pelo lado contrário do couto.

Sabíamos que íamos encontrar as perdizes naquela zona. Mal começamos, enxoto um bando dumas 10 para fora do couto. 

Mais à frente na ribeira, não esperando nada daquilo, arranca um javardo, enorme, que por ali estava deitado numa charca de água toda lamaçenta. Corro e ainda desfiro 2 tiros de ch 6. Pelos menos cócegas devo ter-lhe feito. Fugiu que nem um doido pelo montado acima.

Adiante, as perdizes iam brincando connosco. Mas eu sabia que tínhamos chance de abater uma ou duas. O Paulo derruba uma.

Do monte do Biló salta outro bando. Eu, pelo lado esquerdo, atiro a uma que vai cair a uns 70 metros, em plena estrada de terra. Embateu no chão, tal qual uma bola, saltou com o impacto e desata a correr a patas para a ribeira. Foi a perda do dia. Se a Inka a tivesse visto, a perdiz não teria hipótese. Mas não viu. Tive de a chamar depois e já não conseguiu nada dela. Evaporou-se.

O sol encobria-se rapidamente  no horizonte, o calor continuava, o cansaço invadia-nos as pernas e a roupa colava-se, irritante,  ao corpo. No topo de um cabeço, com um pequena brisa, a Inka vira-se de repente e estanca, absolutamente imóvel. Aproximo-me lentamente e tento ver o que ali estava escondido no pasto. Finalmente lá vi. Uma lebre. Foi para mim o lance do dia. Estava já a escurecer e provavelmente pensou que iria passar despercebida. Quase, quase que a consegui pisar com a bota. Mas não, arranca, potente, faço-lhe um tiro, continua em corrida, segundo tiro e dá uma cambalhota. A Inka agarrou-a de imediato.

À noite, nas ruas de Ourique continuava calor e, depois de um reconfortante duche, jantámos e cedo nos deitámos.

O dia havia sido longo e, pessoalmente, estava extenuado.

Aliás basta ver a cor da minha camisa na foto 1. A parte escura é suor.

Dormi toda a santa noite. O dia, esse, dediquei-o aos profetas da desgraça e aos velhos do restelo que quando vêm os outros fazer qualquer coisa onde não intervêem, logo despejam defeitos e desgraças sobre tudo e todos. Enfie a carapuça quem queira.

Dia 2
(continua)

segunda-feira, outubro 13, 2014

As perdizes de Mértola -Herdade de Santa Maria


Paisagem da Herdade. Obviamente nem tudo é assim.

Ensopado até aos ossos. O autor, num estado "deplorável".

Caça selvagem. Qualidade em vez de quantidade.

















































11-10-2014
Herdade de Santa Maria - Águas Santas
Mértola


Não fora o mau tempo que se fez sentir a meio da jornada e teria sido uma inesquecível manhã de caça.

Às 07h00 da madrugada chegava ao Hotel A Esteva , em Castro Verde, para me encontrar com o grupo com quem iria caçar.

Feitas as habituais apresentações, metemo-nos à estrada, em 4 carros,  e andámos cerca de meia hora, até chegarmos  à Herdade de Santa Maria, na estrada entre São João dos Caldeireiros e Almodôvar.

A premissa, ou promessa, como queiram,  era a de passar uma manhã de caça de salto à perdiz selvagem.

Como foi a primeira visita, reservei-me no direito de manter as minhas dúvidas, sobre este aspecto,  até verificar o seu comportamento.

No monte, montei a Pietro Bereta, recheei uma cartucheira com cartuchos de de 34 gramas de chumbo 6, guardei um impermeável no bolso traseiro do colete de caça e, calmamente, os caçadores começaram a desenrolar-se, em linha indiana, pela beira de uma ribeira.

O dono da Herdade faria a ponta esquerda da linha e eu caçaria, ao seu lado, com a minha Inka.

Pelo meu lado direito, mais 6 armas. Portas, não haveria.

Entrámos num projecto de pinheiros e de perdizes só ouvia era o barulho do bater das asas. Andei um bom bocado sem lhes conseguir pôr a vista em cima. A Inka ia-me dando sinais evidentes de que por ali teriam andado, mas só isso.

"Ó Sérgio, por cima de si" - gritou-me o dono da Herdade. Virei a cabeça para o ar e passou-me uma, por cima da copa dos pinheiros. A tiro,  mas nem 2 segundos seguidos a consegui ver, tal a rapidez com que se esgueirou. Mesmo assim, foi um tiro atrás, que bateu na copa do pinheiro e nada mais.

Os coelhos e as lebres( poucas) iam dando alguns sinais. Viam-se, a fugir, da frente da linha para outras paragens,  sem tiros. Comecei a gostar do que via. Para caçar selvagem, tem que haver dificuldade.

Minutos mais tarde, a Inka vira-se de repente para a esquerda e o coelho, sentindo-se descoberto, arrancou louco. Ficou estendido no caminho, com tiro certeiro,  e a cadela cobrou-o, com alegria.

O céu, ia ficando cada vez mais escuro e o vento de sul dobrava de intensidade. Vamos ter conversa com a chuva - pensava para com os meus botões. Entretanto, iam caindo uns pingos, nada que me obrigasse a vestir o impermeável. Mas quando começamos a vê-los a cair da aba do chapéu, já sabemos que vai haver molha e da forte.

Ainda dentro do projecto de pinheiros, arrancou-me, sem esperar, uma perdiz em linha recta, pela minha frente. Não podia deixar escapar a oportunidade. Encarei a arma e, ao 2º tiro, foi embater na rama dum pinheiro, caindo no solo. A Inka viu tudo e arrancou, cobrando a ave num ápice. Quando ma entregou, para a mão, observei-a bem. Não tinha penas soltas. Era selvagem, por ali tinha nascido. Se fosse de cativeiro a cadela ficava com a boca toda cheia de penas. Belo exemplar, sendo fêmea.
Guardei-a, com carinho, no bolso traseiro.

A segunda perdiz não a quero esquecer. Arrancou, já nos pastos, da esquerda para direita e em descida. 2 tiros desferidos e vejo-a seguir caminho. Persigo-a, desapontado,  com o olhar. A cerca de 250/300 metros de distância, quando pensava que já a tinha perdido, encastelou, começo a vê-la a subir na vertical, a bater as asas e a continuar a subir, a bater as asas e a subir,  como que procurando a salvação lá nas alturas. Mais ou menos a 30/40 metros de altura, deixou de as bater , morreu e caiu, a pique, embatendo estrondosamente no chão. Deixei a mochila no chão e fui lá buscá-la, em passo de corrida.

De regresso, volto a colocar a mochila às costas e, com chuva e suor misturados, a cair-me pela testa abaixo,  algumas centenas de metros adiante, arrancou-me outra, estridente, com um potente bater de asas. Encaro a espingarda, aponto com calma e consigo derrubá-la ao primeiro tiro. Caiu perto do Dono da Herdade que recuou algumas dezenas de metros para a apanhar e guardar. Quando me aproximei dele, pedi-lhe a perdiz para a ver. Era um macho, corpulento, lindo. Guardei-o.

A chuva já caía havia alguns minutos, a fustigar o rosto e os olhos.A violência da chuva era de tal ordem que não havia impermeável que me valesse. Até nas costas sentia a água a escorrer.

Um orelhudo arranca em corrida desenfreada, pela minha frente, numa zona de matos rasteiros de giestas e xistos.

Um tiro a uns 20 metros e deu uma cambalhota. Apanhei-o eu ( já só queria chegar ao monte) e guardei-o no bolso da caça - único sítio que, inexplicavelmente, ainda mantinha seco.

O Dono da herdade passou por mim no Jeep, já apinhado de caçadores e cães molhados, tudo à mistura e apanhou-me. A Inka já não cabia mesmo. Não faz mal, ela vem atrás de nós - avancei e disse.

"Inka anda" - gritava-lhe pelo vidro da janela. Pelo espelho ia confirmando que a cadela corria atrás do Jeep. Parecia mais um rato todo molhado a sacudir-se constantemente.

Chegados ao monte, fui buscar a minha carrinha, esfreguei vigorosamente e sequei rapidamente ( ainda debaixo de chuva ) a Inka e guardei-a dentro da caixa de transporte em cima da manta seca, onde estaria muito mais quentinha e seca.

Antes  de mudar de roupa ( sabe tão bem nestas alturas ) num quarto do Monte, ainda tive tempo para tirar uma foto, todo encharcado, mas muito, muito satisfeito com a manhã de caça.

8 espingardas abateram 23 perdizes, 12 coelhos e 3 lebres. Curiosa a relação coelho/lebre, não sei se foi casual mas - talvez por causa do mau tempo que se tem feito sentir no Alentejo - vimos mais coelhos do que lebres. E basta olhar para a foto para ver que não são daqueles coelhos janotas, todos limpinhos, que nem sabem para onde fugir.

O almoço, um guizado bem quente de borrego com batatas aqueceu-me a alma e finalizei com uma taça almoçadeira de arroz doce. Valha-me Deus que na caça tudo nos sabe tão bem.

A viagem de regresso foi a pensar nas fartas terras do Concelho de Mértola que, quer queiramos quer não, pelo menos para mim,  continua a ser a capital da caça sedentária, em Portugal.

Um abraço amigo.





segunda-feira, outubro 06, 2014

Abertura Geral 2014



Abertura Geral na ZCT Ourique

Prazer muito particular pois vimo-las crescer

No dia seguinte, nas planícies de Beja









































04 e 05 de Outubro de 2014

Apesar do calor que se fez sentir no dia 04, com reflexos notórios na bravura das perdizes, fizémos uma volta de caça que, para primeira vez, naqueles terrenos, entendo ter sido muito bem planeada.

O comportamento das perdizes que ali nasceram e que os alentejanos chamam "do campo" mas que eu chamo "das antigas",  dignificou bem a nossa caçada. Com somente 3 espingardas e contando só com a ajuda isolada da braco Inka,  enfrentámo-las, como soi dizer-se: de "peito aberto".

Infelizmente,  o Sado, do amigo Paulo L., que muita falta fez, foi atacado e mordido, praticamente na véspera, por 2 pastores alemães, estando, no entanto, apesar de todo "cozido", já livre de perigo, mas, ainda assim, a necessitar de repouso absoluto seguramente por uma ou duas semanas.

É certo que a grande maioria das perdizes esgueirou-se do alcance dos nossos tiros, em voos furtivos, rápidos e planados. Mas mesmo assim, neste contexto, só com 3 armas e um perdigueiro a ajudar-nos, o amigo Paulo e o Gonçalo conseguiram, sempre em circunstancias difíceis mas com certeira pontaria, derrubar um par delas cada um. Da minha parte tomei conta das lebres e cobrei também um par delas, ambas muito bem paradas nos pastos, pela Inka.

Capturámos, assim, 4 perdizes e 2 lebres.

Estando na terra do porco preto, o taco foi composto,  para além de um ou 2 queijinhos laminados e pão alentejano, por um paio delicioso e um vinho que o Gonçalo levou, da Vidigueira, que não esqueço,  pois é um autêntico nectar dos deuses: marca Vinho dos Sócios. Quem for enólogo ou bom entendedor nestas matérias certamente que o reconhecerá e saberá bem das suas qualidades e que não se comercializa.

Voltámos, para Beja, ao fim da manhã, dentro do meu peito um forte desejo de desforra a dar em breve àquelas perdizes de Ourique e, à noite, ainda fomos esperar os patos a um açude. Entraram somente 3 reais, já com a lua a revelar todo o seu esplendor e... fugiram 2.

No dia seguinte, depois de uma noite muito bem dormida, surgiu-nos um dia muito mais fresco que o anterior. A Inka, nesta manhã,  conseguiu levantar mais 4 lebres... e fugiu uma.

Ainda tivémos o arrojo de, com 2 armas, irmos tentar o confronto com 1 bando de perdizes que sabíamos terem nascido ali dentro de um olival bem perto, do nosso conhecimento.
Fugiram todas mas o amigo Paulo ainda enganou uma e conseguiu-a pendurar à cintura.

Com o acréscimo de mais 3 ou 4 codornizes, acabámos por tirar uma "selfie" com as 3 lebres capturadas de manhã, a perdiz e as "codornas" em mais uma jornada que, de imediato, logo ali nos deixa saudades de voltar.

No regresso, já depois de Figueira de Cavaleiros uma grande operação stop, da GNR, verificou-me minuciosamente todos os documentos, armas, caça, licenças, guias de transporte etc. Estando tudo em ordem, ainda cheguei a casa para ver o meu Benfica ganhar por 4-0 e jantar, à noite,  com o meu filho mais velho.

Saldo final: 5 perdizes, 5 lebres, 1 pato e 4 codornizes.

Abraço amigo.

quarta-feira, outubro 01, 2014

Caça à Codorniz - uma escola para os nossos cães.



Última jornada às codornizes
















Salvada - Beja
Voacaça

Provavelmente enquanto escrevo, depois das chuvas e trovoadas da passada semana, muitas das "africanas" terão emigrado para terras do norte de África, mais apropriadas para se refugiarem dos rigores do inverno do continente Europeu.

Apesar da presente semana estar a ser de temperaturas elevadas, não acredito ir encontrar, em quantidade, o que encontrámos nestas jornadas de Setembro.

No próximo fim-de-semana inicia-se a caça à perdiz vermelha e, com ela, com a "rainha", muitos caçadores irão seguramente deixar de dedicar parte significativa do seu tempo à codorniz.

Neste cinzento mas abafado dia 27 de Setembro uma vez mais os nossos companheiros de 4 patas trabalharam bem, muito bem, bravos, descobrindo, parando, seguindo rastos e levantando, cobrando, no final,  exemplarmente.

Nada mais belo e excitante do que um braco, um pointer, ou qualquer outra raça, parados, imobilizados,  com uma, duas ou três codornizes. Quando saltam, arriscar o doble e ter pontaria certeira é arriscar perder as duas, pelo menos nos terrenos onde caçamos, pois o cobro depende de diversos fatores: a ansiedade, adrenalina e procura desenfreada do cão após o disparo, ele sabe logo que entra em trabalho de cobro, os muitas vezes densos pastos e restolhos muito altos, dificultam-lhes, sobremaneira, o seu trabalho,  e não é raro acabarem por cair dentro daquelas grandes valas cobertas, onde são mesmo quase impossíveis de cobrar.

Na maior parte dos lances prefiro disparar, derrubar uma ave, marcar-lhe bem a "pancada" e deixar a  cadela trabalhar na zona da queda da codorniz. Mais minuto, menos minuto, estará a segurá-la com os dentes e a cobrá-la. E, ainda assim, por vezes, acabam algumas por se tornarem incobráveis

Se compararmos o actual trabalho dos nossos companheiros, no início da época, com o que agora executam,  notamos uma significativa evolução, não só física, mas também "técnica" .

A codorniz é, verdadeiramente, a caça mais completa e espetacular para praticar com o nosso cão de parar. No final de Setembro, depois destas aulas na escola,  ele está pronto para se confrontar com a "rainha".

Mas poucos lances tão completos, que temos com as codornizes, iremos ver repetidos com as perdizes ( excepto se estas forem de cativeiro ).

Na foto acima, mais um formidável dia de caça.

- 2 perchas completas de10 codornizes no final da manhã , da minha parte ornei ainda o cinturão pois a Inka parou-me um coelho deitado ao sol dentro dos restolhos na orla do olival ( já não o deixei fugir lá para dentro) e o "Sado", cão do Paulo,  cobrou um pato real que se levantou dentro dum açude. Finalmente, o Paulo ainda "estendeu" nos pastos mais uma "orelhuda", um macho, criação deste ano mas já adulto.

No próximo fim-de-semana vamos dedicar-nos à perdiz. Espero resultados escassos pois para onde vamos elas são genuínamente selvagens, o tempo vai estar como está, quente e seco, os pastos vão secar e estar quebradiços e elas ouvem-nos ao longe. Não são mesmo estas codornizes. Estas preferem, com a nossa presença, fugirem a patas por dentro do mato. Só levantam em último recurso, paradas ou tocadas pelos cães. Aquelas, as perdizes, com a nossa presença, sendo selvagens, preferem dar uma corrida e pedirem logo ajuda às asas para nos < criarem distância>. A ver vamos.

Um abraço amigo, boas perchas.





segunda-feira, setembro 22, 2014

Caçar de salto com cão de parar - uma arte!

Assim vale a pena

Perca-Lúcio grelhada na brasa

QUINTOS - terras de girassol









































20-09-2014
Decidimos ir para os restolhos por baixo do olival do Espanhol.
Na véspera passei pela Altamira e comprei 2 caixas de B&P, MB Ch 9.
Os resultados foram abundantes e diversificados -codornizes uma vez mais no limite da lei para os dois, e 1 lebre e 1 coelho para dar mais cor à fotografia.
Enquanto, à conversa, regressávamos para os carros, saltou-nos um coelho da orla de um olival, em rápida fuga.
Foi instintivo, encarámos as espingardas e atirámos os dois. Ficámos com a ideia de termos acertado os 2 pois os tiros foram praticamente colados.
Afinal não. O coelho é seu amigo Paulo. Foi hoje esfolado e foi atingido na lateral esquerda .
Ora, pelo meu angulo de tiro, que caminhava à sua direita, era impossível atingir o "lagomorpho" daquele lado.
Fico, assim, a dever-lhe um orelhudo, pois este ( isto é, o da foto ) já está temperadinho em vinha de alhos dentro da panela.

Ao almoço, um dos meus momentos preferidos do dia. Ir almoçar à esplanada do Mercado da Salvada, onde o amigo Toi confecciona sempre uns achigâs ou uns perca-lúcio bem temperados, escalados e grelhados na brasa. Depois de uma manhã de caça às codornizes, com calor e ainda por cima acompanhados de um Antão Vaz branco da Vidigueira, bem gelado, podem crer, não há melhor.

21-09-2014

Depois de uma noite bem dormida na Gravia Grande, resolvemos atacar uns girassóis velhos, não colhidos, nuns cabeços pronunciados ali ao redor de Quintos. Tínhamos por lá passado na véspera, à tardinha, e tínhamos avistado uma lebre a passear-se, descansada. A decisão foi tomada ali mesmo. Amanhã de manhã caçamos aqui.
O êxito da caçada, a arte e a magia dos lances,  ficaram, uma vez mais, a dever-se ao magnífico trabalho da Inka e do Sado. Sem eles, seria garantido, nem metade fazíamos.
Dose repetida de uma dezena de codornizes para cada um neste segundo dia, bem suadas é certo, mas como diz o ditado que "quem porfia sempre alcança" eu o amigo Paulo não desistimos até atingirmos o pleno.
Perto das 11h30 estávamos de regresso ao Monte, onde, sentados tranquilamente à conversa com o Guarda, com os nossos cães deitados aos nosso pés,  refrescámos as gargantas secas com  1 ou 2 cervejas bem geladas,  tomámos um reconfortante duche e regressámos a Lisboa com a sensação do nosso dever de caçadores bem cumprido.

Até  próxima e um abraço amigo.





segunda-feira, setembro 15, 2014

Nova jornada em terras de Beja

Só possível graças aos nossos fiéis amigos.




13-09-2014

O defenido na lei como limites de abate parece-nos muito razoável.

Há que respeitar e, na zona de caça escolhida,  teremos diversas jornadas a atingir os plenos.

Com estas chuvas é provável que muitas aves iniciem agora os seus grandes voos de retorno para o Norte de África, em busca de climas mais amenos, comida e abrigo.

No entanto, aqui, pela morfologia da herdade, teremos sempre codornizes para caçar até 30 de Novembro.

Assim o foi na época passada, assim será na presente, se Deus quizer.

Abraço amigo


segunda-feira, setembro 08, 2014

Uma das mais belas caças



Caça à codorniz

















07-09-2014
Salvada-Beja

A caça da codorniz é, quanto a mim, de entre as que temos, uma das mais belas que podemos encontrar e praticar em Portugal.

Este ano, podemos concluir que foi um excelente ano de criações e, não sendo o mais importante, conseguir alcançar os limites estabelecidos por lei não acarreta dificuldades de maior, desde que, naturalmente, se tenha alguns conhecimentos desta espécie, pontaria razoável e um bom cão para as procurar e cobrar.

Este fim-de-semana, eu e o Paulo L., combinámos, como habitualmente, ir caçar à zona da Salvada, no sul de Beja.

É um dos nossos locais prediletos para a caça, dado o tipo de terrenos existentes. Ali podemos encontrar grandes extensões de cereal cortado, olivais com muito pasto no seu interior, plantações de girassol, 11 açudes e pequenas barragens dentro da herdade e diversas linhas de água que serpenteiam pelos seus quase 5.000 hectares.

Aqui, podemos ainda encontrar as criações deste ano da bela perdiz vermelha - na foto acima consegui juntar meia dúzia ( eram umas 12)  que, já ao cair da noite, procuravam certamente local para se enrolarem e dormirem.

Encontramos, também, as belas lebres, cor de mel e branco, que este ano também procriaram bem, aumentando, e bastante, os seus efetivos e, de igual forma, já não é raro, ver saltar, uma vez por outra, um ou outro coelhote dos mais variados sítios.

O que mais me apaixona neste mês de Setembro e de seguida no próximo, em Outubro,  já com a caça geral em pleno, são as amenas temperaturas que, à noite, nos proporcionam momentos de autêntico deleite, de prazer  e retiro espiritual.

Depois de um cansativo dia de caça, desfrutar de um duche reconfortante, jantar à noite numa esplanada de um dos poucos cafés/bares existente naquela região inóspita, com o cão deitado aos nossos pés,  e comer uns suculentos secretos acompanhados de uma saladinha de tomate e cebola, com uma boa cerveja gelada, é algo que dificilmente consigo descrever por palavras. Só vivendo mesmo aquele momento.

Partilhar todo o dia com o nosso fiel companheiro de caça, incluindo a noite, no Monte, cuja foto junto, onde, exaustos, dormem aos pés da nossa cama, é outro dos grandes atrativos.

O despertador, agora com os telemóveis, invariavelmente despertam-nos no dia seguinte por volta das 05h30.

Depois, é só aconchegar o estômago com o pequeno-almoço, beber um café bem forte no Monte, colocar uma roupa fresca e, por prevenção, bem colorida. O tiro da codorniz é um tiro de baixa altura, algo perigoso, e a cor da roupa ajuda-nos a não passarmos completamente despercebidos no campo.

Rechear bem as cartucheiras com chumbo de baixo calibre, 8, 9 ou mesmo 10, e sair com choques bem abertos nas armas.

Quando, às primeiras horas do dia, saímos para os campos, os bretons, os bracos, os pointers, perdigueiros ou outros, meio traçados,  caçam-nas ativamente, ainda frescos e cheios de força. É  a altura das paragens, das perseguições através dos rastos, dos muitos tiros certeiros ou falhados, dos gritos, dos cobros.

Pouco a pouco, as nossas pioleiras vão se compondo com o pendurar de algumas aves que, ao caminharmos durante a manhã, vão batendo suavemente nas nossas pernas e aquecendo os nossos corações.

É também a altura da lebre que salta repentinamente da cama, de dentro do girassol ou do restolho, ou do olival, perseguida desenfreadamente pelo nosso cão. Opcionalmente, cobramo-la, ou não. Se o cão a pára, devemos respeitar a sua paixão e, com um tiro certeiro, tentar proporcionar-lhe a recompensa de a trazer ao seu dono, pendurada na boca.

Por aquilo que tenho visto nos nossos campos, no próximo mês, já as vermelhudas estarão completamente criadas, adultas, e os nossos cães agora ao ficarem muito melhor preparados para lhes darem caça, ajudar-nos-ão em tão difícil tarefa.

Um abraço amigo