sexta-feira, dezembro 29, 2023

Em terras bravas

 














Alentejo, Mértola

01-12-2023


Sobejamente conhecida esta herdade no Concelho de Mértola.

É conhecida, quer pela qualidade da sua caça mas, também, pelos seus belíssimos vinhos.

Coube-nos, assim, a sorte de podermos ir ali realizar uma jornada de salto,  à perdiz, no feriado 01 de Dezembro.

Aos coelhos e lebres já não era permitido atirar mas, confesso, estávamos ali muito mais pelas perdizes, pela sua bravura e, apesar do ano ter sido dos piores no que às criações diz respeito, subsistem ainda um considerável numero de bandos na herdade que asseguram, desde já, a sua continuidade. E se o ano que agora entra, de 2024,  for de feição e as condições meteorológicas sorrirem nas alturas adequadas, ficará toda esta herdade muito mais bem composta para a próxima época venatória.

Em termos de orografia não conseguimos exigir mais, bem estruturada com um bom registo de matos de proteção à caça, agricultura de sequeiro ( nesta altura já tudo ou quase tudo lavrado onde o deve ser)  e vinhas, reúne assim as condições ideais para a prática desta modalidade.

Não me vou estender com exaustiva descrição de lances de caça.

A caça por mim abatida é a da foto acima.

Retenho no entanto um lance daqueles que gostarei mais tarde de recordar . Para isso me serve este blogue.

Tenho alguma dificuldade, atendendo também já à idade que lá vai atrapalhando as pernas a andar atrás destas meninas. Quando ando a subir cabeços, em grande esforço, perdiz ou bando levantado, tenho muito mais dificuldade no tiro certeiro. Tanto me parece isto natural como o seu contrário. Parado ou a descer terreno a espingarda "aponta melhor" 😉.

Descia eu, então,  um cabeço , direito a um barranco para passar para o outro lado quando meia dúzia delas, pela minha direita, saltam em voo picado, Destaco uma, calma mas rapidamente disparo e vejo a ave enrolar-se toda no ar e ir enfeixar-se nuns moroços grandes de rochas e matos, Chamo a braco e em 2 ou 3 minutos acercava-me e, baixinho, incito a cadelita a buscar. Nada de excitações. A kali entrou, esteve lá por dentro a mexer-se, e eu, em silencio,  deixei-a trabalhar e de repente oiço um barulho de bater de asas. Já a tinha agarrado ! Não tinha caído redonda como eu pensava. Não demorou muito saíu pela parte de baixo do dito moroço e veio, cabeça alta, sem demora,  trazer-me a perdiz à mão, gentil como só ela é e considero.

Um belíssimo lance de caça, são estes os que nos alimentam a paixão de ir atrás delas, por estas terras, já escassas mas ainda algumas bravas !!

Um abraço amigo




sexta-feira, dezembro 08, 2023

Atrás delas

 














Mértola, 10 Novembro 2023

Vir caçar a esta herdade é sempre motivo de muito prazer, alguma ansiedade natural,  bem como esperança em conseguir pendurar à cintura um bonito cupo de perdizes.

Estas, aqui nestas terras, são abundantes e muito bem tratadas pelos gestores da herdade e a caça constitui uma das suas principais fontes de receita, para além da vinha, que dá, também, uns excelentes brancos e tintos.

Um exemplo !

Lidamos, assim, com perdizes nascidas e criadas no campo, bravas, o que sempre dificulta, no final,  a nossa missão.

Mas elas, desde que bem caçadas e em linha, acabam por inevitavelmente ter de fugir, recuar e passar ao alcance das espingardas. Desde que a pontaria vá certeira, haverá sempre a oportunidade de atirar a meia dúzia ao longo das habituais cinco horas de caça por jornada.

Os terrenos nalgumas zonas são bastante dobrados, difíceis,  e confinam com as margens selvagens do lindíssimo rio Guadiana. Aqui se defendem as perdizes e, nas alturas do defeso, segundo nos referiram, para procriarem, deslocam-se para terrenos mais abertos, mais acima,  onde, desde que bem tratadas, sem faltar com comida e água, instalam os seus ninhos.

Todos os anos fazemos aqui 2 ou 3 caçadas e, quando as temos nas mãos, já cobradas pelos cães, é um deleite poder observar a sua pureza, o carregado das cores na plumagem,  bico e patas, bem como a sua corpulência.

Desta feita consegui abater 4, sendo que, destaco, 2 delas foram em "golpe de doble" , um bando em fugida da linha, aparece-me na frente, asas abertas de frente para mim ( lindas ) ergo rápido a Benelli, atiro e mato logo a primeira, redonda, caindo 5 ou 10 metros à minha frente. As outras escapam, asas bem abertas,  velozes,  pelo meu lado direito,  onde desfiro novo tiro a uma que vai cair já larga, para dentro da vinha. Marco-lhe o tombo e vou lá com a braco que rapidamente a detecta e cobra, dócil, trazendo-a, incólume, à minha mão. A primeira, regressei lá atrás para buscá-la sem demora pois sabia bem onde tinha caído, e havia que reintegrar na linha. Macho e fêmea - um casal !. Se pudesse devolvia-lhes a vida !

Entre outros lances de perdizes bem mortas pelos meus companheiros, e, passe o eufemismo, também bem falhadas, a jornada desenrola-se, animada, bem conduzida, esforçada mas recompensada com mais um par de perdizes.

Coelhos, poderia ter morto para aí meia dúzia, mas em Novembro já não é permitido atirar. Aqui, aos coelhos,  faz-se o descaste sobretudo em Setembro e caça-se em Outubro

É um gosto enorme ver uma reserva de caça com tamanha qualidade, o que, como todos sabemos, já vão sendo raras em Portugal. 

Tive esse privilégio.

Um abraço amigo.