quinta-feira, outubro 21, 2021

Sem descanso

 













Outubro, 16 - 2021

Mértola


.........

A título de exemplo, recordo os meus dois bracos, com a brisa pela frente, imobilizados, cachorrra na dianteira, em paragem a bando de perdizes, escondidas dentro dos pastos, a uns bons 30 metros,  mas, na frente  dos cães, uma forte vedação de arame. O bando pouco demora e começam assustadas rapidamente a levantarem voo. Primeiro disparo e vejo-a enrolar-se no ar e cair , arranca uma outra perdiz , segundo tiro certeiro e queda da segunda ave enquanto que as outras puseram-se nas asas para terrenos mais seguros.  Os cães lançaram-se fervorosamente para a frente mas a vedação impedia a sua passagem, tornando-os muito, demasiado,  nervosos junto à rede, o que às vezes dá asneira, pois queriam à viva força passar tal obstáculo.  Rápido, suor a escorrer, lá corri, abri e depositei a arma no chão e , com os braços, levantei-os vigorosamente e passeio-os para o lado de lá do aramado. Eu já não sabia muito bem onde as perdizes tinham caído, mas deixei ( que remédio) o nariz dos cães fazerem o trabalho e quer uma quer a outra foram imaculadamente cobradas. Que gozo, que satisfação !!



Caça de salto, em Linha.


 









Mértola, 09 Outubro 2021


Boa linha de caçadores a que formámos neste lindo dia de 09 de Outubro


Apesar do calor que se previa, os caçadores não faltaram ao seu compromisso. O número de bandos e perdizes nascidas e criadas por aqui na época do defeso era motivo substancial e o entusiasmo e a alegria e boa disposição imperavam, por isso,  entre todos.


Os terrenos onde íamos caçar, já bem nossos conhecidos, apresentavam-se este ano lindíssimos para a prática da caça de salto à perdiz. Embora muito secos,  os pastos amarelados, queimados pelo impiedoso sol de verão eram muitos e fartos e bem distribuídos pela herdade. Nas zonas de montado,  os inúmeros arrifes de mato que por ali existem nos cumes faziam prever, desde logo,  que as perdizes, aos primeiros voos e nas horas de maior calor, ali se refugiassem.


Para mim, embora bem mais penoso, é mais fácil caçar a perdiz em outubros escaldantes do que nos tempos de chuva, húmidos e frios. A perdiz é mais certa em determinados sítios de refúgio, basta ir lá procurá-la, nós sabemos isso. Se houver pequenos barrancos com juncos e alguma humidade é também lá que elas se escondem das armas e dos caçadores. No inverno é mais imponderável, gostam muito das "chapadas" viradas ao sol, do cimo dos cabeços pois estão sempre em alerta mas saltam de qualquer lado se assim for preciso e necessário. 


Para a caça, o inverno é, de facto, mais justo pois dá mais defesa à caça.


Nesta caçada eu e o PL levamos os nossos 4 bracos, uns mais experientes, um ou outro sobressaem pelo seu poderoso nariz, outros melhores no cobro, uns mais cachorros outros já adultos mas, no geral, cumprem - e muito bem - as suas funções. Sem eles, as perchas seriam seguramente mais reduzidas, diz-me a experiência de 40 anos de caça a esta espécie.


No final um bonito quadro de caça, no geral. As temperaturas de verão fustigam mais as perdizes, sobretudo se os caçadores e cães conseguirem suportar a estiva típica e habitual da temporada, o que, sendo difícil, não é de todo impossível


Vamos, pois,  aguardar por um clima mais ameno


Um abraço amigo






segunda-feira, outubro 04, 2021

Abertura geral 2021

 





















Mértola, 02 OUT 2021


Convenhamos que para abertura geral em Outubro, ainda que com relativa preparação física, enfrentar as desafiantes ladeiras e barrancos da Ribeira do Vascão era sempre algo de superlativo,  mesmo para 3 caçadores experientes como nós,  neste tipo de caça de salto, à perdiz.

No entanto, lá fomos, de "peito aberto" , com a fé na alma e com a ajuda dos nossos cães, alguns deles praticamente a estrearem-se nestas lides da caça brava.

Nesta nova temporada  enfrentávamos pela primeira vez aqueles declives,  muito pronunciados, muitos quase a 45º e que, quando chegados aos seus topos, deixavam-nos com o coração a saltar da boca,  incapazes de quase sequer conseguir levantar a arma e dar um tiro.

Terras secas, cheios de xistos traiçoeiros que nos deixavam perigosamente escorregar as botas, com riscos de quedas, estevas e matos ressequidos por todo o lado, responsáveis por muitos  arranhões nos braços e pernas, pés doridos, sofridos,  sobretudo das descidas dos barrancos, onde, para não cairmos, muitas vezes íamos agarrados ao mato.

E pergunta-se porquê, porquê ir fazer uma abertura nestas condições com 3 caçadores e 2 mochileiros para tais terrenos ?  - a resposta : pelo complexo desafio de o fazer logo em Outubro em condições agrestes e, acima de tudo, pela qualidade das perdizes !! Não encontro outra explicação. Pelo desafio.

Mas lá fomos.

Tivemos a ( grande sorte ) de a manhã se tornar mais fresca e cinzenta e conseguirmos jornada até ao meio dia. Caso contrário, estávamos seguros que pelas 10 da manhã tínhamos a caçada feita e a percha teria sido nem metade. Na véspera assim estivemos mentalizados para isso. Mas tal não sucedeu, tivemos sorte.

Com voltas bem calculadas e uma espingarda sempre bem adiantada e colocada, certeira,  lá iam tombando ao som dos tiros, uma a uma. Muitas fugiram para sítios incertos, dobrando cabeços de asas abertas , poderosas, bravas. Nem insistíamos ! Lá iam.

Fizemos 2 longas voltas adivinhando a fuga das perdizes para certas zonas e, na volta de contrário, fomos lá tentar dar com elas. A temporada ainda agora começou . Fora mais tarde e os voos seriam muito mais largos e não conseguiríamos concretizar esta estratégia. 

Subida a subida, descida a descida, com o ritmo possível, cães a trabalharem e a cobrarem muito bem, perdizes a levantarem, algumas a fugirem para trás ou em voos cruzados por cima de nós, lá foram sendo capturadas. No final, 12 perdizes e 1 coelho. Bravo! Da minha parte não contribui muito para o resultado mas estou certo que melhores dias virão.

A boa disposição e companheirismo imperou sempre como se pode ver nas fotos . 

Num lugarejo onde nem sequer podíamos fazer ou receber chamadas - os telemóveis aqui não tinham linha para funcionarem - esperava-nos, acautelado e já feito,  um saboroso almoço de cozido de grão,  que tão bem se faz por estas terras alentejanas. Retemperou-nos as forças e regressámos a casa, para mim com a satisfação do dever cumprido e o desejo de lá voltar.

Um abraço amigo.