domingo, novembro 22, 2009

50 coelhos e ....a estória de 1 lebre!




























































Mértola - Monte do Álamo
21 Novembro de 2009

Foto 1: Há que dar de beber aos cães. Eles são os verdadeiros heróis da Jornada. Na verdade, sem eles nada feito.
Foto 2: Passagem obrigatória pelos carros para aliviar a carga.
Foto 3: Resultado da Jornada
Foto 4: Celebrando uma bela manhã de caça. Na esplanada do restaurante, em Mértola

Local do encontro: Sexta-feira , 20 Nov, 23horas. Restaurante "A Piscina", nas piscinas municipais de Serpa. Um grupo de 4 amigos ( família Mesquita ) chegava propositadamente de Famalicão para caçar connosco no dia seguinte aos coelhos e, quando cheguei, já lá estavam a jantar com o Zé S.

Depois das necessárias apresentações e de, no meio de alguma conversa entusiasmada, bebi um descafeínado, pagaram a conta e fomos de imediato dormir para a Residencial. No dia seguinte, reflexos e pontaria era algo em que tínhamos de estar ao mais alto nível, muito bem afinados. Para isso, tornava-se necessário sobretudo descansar e dormir em paz durante algumas horas. Onde íamos caçar, os coelhos eram todos "licenciados" em matreirice.

Às 5h15 já estavámos a pé, a tomar o pequeno-almoço na sala de refeições da Residencial. O Zé, que mora em Serpa, apareceu alguns minutos mais tarde para tomarmos café juntos.

Depois de arrumadas a espingardas e mochilas na carrinha 4x4 , fomos ao monte do Zé buscar alguns dos heróis do dia: os cães. Autenticas preciosidades neste tipo de caça. Para dentro do reboque saltaram a "fina", a "bonita", a "formiga" e mais 7 ou 8 que não lhes sei os nomes ( ah! um chama-se "gervásio", que raio de nome ...). Por parte dos nossos amigos Mesquitas também a matilha era numerosa e com alguns bons exemplares.

De volta ao alcatroado, chegámos a Mértola, parámos uma vez mais para bebermos mais um café para o caminho e saímos, depois, direitos a Aljezur, pela estrada cuja ponte atravessa a Ribeira do Vascão.

Alguns Km percorridos, uma lebre atravessa-se por baixo da carrinha e o Zé diz que sentiu que levou uma pancada. Parámos a carrinha e de imediato andámos à procura do animal, ainda noite escura, mas, depois de muito procurar e porque o tempo escasseava, acabámos por entrar de novo na carrinha e seguir caminho.

Minutos mais tarde, encontro com o Guarda. Documentação necessária verificada e fomos directamente... "para a guerra".

Soltos os cães, começámos a bater numa pequena ribeira ( sem água) e, depois de saírem acossados pelos cães os primeiros 2 ou 3 coelhos, foi o caos total. Os coelhos fugiram direitos aos cabeços cheios de estevas e os cães foram atrás, atrás, atrás...!. Correram Kilómetros até regressarem de novo, estafados, pois à medida que corriam atrás daqueles, outros coelhos iam-se levantando. Esperámos cerca de 5 longos minutos para juntar de novo os cães todos.

Quando os finalmente conseguimos juntar, foi quando sentimos que se começou a caçar em boas condições. "

Um a um , os orelhudos saltavam dos juncos da ribeira e iam tombando fulminados com tiros certeiros.

A meio da manhã, embora esta estivesse fresca, tornou-se obrigatório dar de beber aos cães ( foto 1) onde o guarda puxa alguns baldes de água do poço para saciar os animais.

E a caçada continuou, divertida, com muitos tiros e muitas ladras e muitos ( mas mesmo muitos) coelhos a escaparem-se. Os cabeços de estevas eram muito largos e 5 espingardas faziam tudo menos dar conta deles. Ou fugiam para trás, ou para os lados, ou metiam-se nas tocas ( e havia muitas) dificultando a tarefa dos caçadores.

Teremos visto pelo menos o triplo dos coelhos que caçámos. O Monte do Álamo é uma herdade em Mértola, com excelentes condições para este tipo de caça, do coelho.

No final, "facturámos" meia centena de orelhudos .

No regresso, já em viagem no alcatrão, dizia-me o Zé: "É pá, eu ia jurar que a lebre que atropelámos de madrugada que ficou" , ele a dizer isto e eu a olhar circunstancialmente pelo vidro do lado direito e a gritar " ali está ela, ali está ela, tá ali!" A lebre estava efectivamente ali, morta, encostada a um eucalipto na beira da estrada. A coincidência foi extraordinária, só visto. Meio segundo depois, repito, meio segundo depois e ficaria lá para sempre. Invadiu-nos uma sensação muito forte que algo de sobrenatural, naquele momento, nos fez lembrar, falar e olhar, para levar a lebre para casa. Só podia. Exactamente no local onde passámos ainda de escuro, de madrugada.

O almoço, em amena cavaqueira, foi no largo principal de Mértola, na esplanada do Restaurante Regional. Come-se ali bem ( umas deliciosa espetadas de porco preto e um bacalhau grelhado com salada) e é servido por gente simpática. Recomendo.

Ficou-nos a imensa vontade de um regresso em breve.

Abraço amigo.
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segunda-feira, novembro 16, 2009

À antiga Portuguesa

Serpa 15-11-2009
Vento sul, bem forte, quase de rajada e a puxar as chuvas. Mesmo assim, não choveu.

A caçada de salto começou com o vento pelas costas, a ajudar-nos a percorrer os alqueives. As perdizes levantavam longe e as lebres, invejosas, não se ficavam atrás.

O caminho que percorremos, se estivesse sol e sem vento, teríamos feito... um "caçadão".

Mas com o vento que se fez sentir, as vermelhudas cruzavam as linhas e entravam às portas e às linhas como que a dizer-nos que aviões a jacto talvez não fizessem melhor. Fez-me relembrar velhos tempos, muito distantes, quando caçava no livre, com total liberdade, à antiga portuguesa, em que as mais bravias perdizes se punham nas asas lá ao longe e que, quando nos conseguíamos "cruzar" com elas obrigavam-nos sempre a reflexos muito rápidos no tiro e pontaria bem afinada, isto se queríamos ter algum êxito e pendurar meia dúzia delas.

Da minha parte, em mais um dia azarado, em que fui na qualidade de convidado, um autentico desastre, falhei diversas, bastantes mesmo, segundo o Zé S. com descontos muito adiantados.

Mas a manhã foi um verdadeiro divertimento. Como eu gosto, muitos tiros, muitos gritos, lebres paradas pelos cães, bem esticadas, a galope, algumas com 3 tiros atrás e iam-se embora, outras não evitando as fatais cambalhotas, algumas perdizes bem "despegadas" lá do alto, perdigueiros com bons cobros.

Um gosto de se ver.

Ao todo ( desta vez vou dizer ) 31 espingardas "renderam" , se a memória não me falha muito, 87 perdizes e 56 lebres.

Da minha parte o resultado foi o que se pode ver na foto.

Ao almoço, leitão bem assado no forno, tostadinho, acompanhado com vinho espumante branco trazido ( como sempre ) pelo Zé S. que arranja estas pingas fora de série lá para o Norte, salada de tomate e batata frita. Um aniversariante ajudou à festa ( que conte muitos ) com bolo e parabéns à mistura. A gente perde-se mesmo por ali....! Claro está que esta semana terá de ser inteiramente passada com dieta a rigor.

Local: Zona de Caça Associativa da Vendinha.

Para a semana que vem, no sábado, temos uma de coelhos em Mértola. A ver vamos. Fica o convite. Venham aqui ver.

Abraço amigo.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Não houve Rei do Bando































31-10-2009
ZCA Vendinha - Serpa

Às 6h30 da madrugada apanhei o Zé G e o Horácio na Estalagem de S .Gens em Serpa pois tinham lá ficado de véspera. Tomei um 2º pequeno almoço com eles, mudámos a bagagem para a minha carrinha, incluindo a braco alemão "fifi" ( que raio de nome Zé!...) e fomos para a Vendinha.

Mais uma jornada às perdizes nesta reserva. Desta vez foi um "fartar vilanagem" de falhar tiros.
Por onde andava então o meu F2 Classic?

Com as temperaturas a arrefecerem significativamente, iniciámos a caçada numa linha bem organizada e com o claro objectivo de empurrar as perdizes pela frente até as encurralarmos numa vasta área de mato, onde elas só podiam fazer uma de duas coisas: ou conseguir ultrapassar algumas portas muito bem colocadas no terreno e correrem o risco de por lá ficarem, ou voltarem para trás, em voos suicidas por cima da linha de caçadores, tentando escapar. Muitas, com a sua poderosa astúcia, ludibriaram as linhas e voltaram para trás, muitas vezes sem sequer serem descobertas.

É assim que se caça à perdiz selvagem no Alentejo.

Ao chegar perto de uma cerca de arame farpado, oiço o Zé S. , que ia na minha direita, a gritar, "Sérgio, Sérgio vão para aíííí .....", logo um par delas aparece-me de frente, em voo trepidante, em bater de asas rapidíssimo.

Dois tiros e desplumo uma no ar, que vai tombar a uns 25/30 metros de distancia , com enorme estrondo no chão. Cobro a perdiz, espreito-lhe as penas da cauda à procura do perdigão real ,pois era um macho de 2 esporões, e , rápido , recarrego a Benelli.

O Zé, neste espaço de tempo, dispara a uma lebre que, ferida e depois de corrida algumas centenas de metros, é cobrada pela sua pointer "cátia". Mais à frente, entre mim e o Zé, observo uma perdiz a esgueirar-se para trás da linha de caçadores, fugindo a pés que nem uma desalmada no meio das giestas. Aqui é completamente proibido atirar-se a perdiz que esteja no chão, a não ser que esteja ferida, para a rematar. E aquele não era o caso. Teve de ir. Ainda bem.

Por aqui e por ali, ia reparando que, muitas perdizes, com longos e magníficos voos , iam-se escapulindo para outras paragens. Quer na linha quer nas portas não ficaram mais de 20 nesta volta.Para o que se viu de perdizes, foi uma satisfação vermos escapar tantas. Tanto mais que o Presidente da Associação já disse que naquela zona, este ano, já não se toca. Por aqui se pode aferir do cuidado posto na gestão dos efectivos.

Na 2ª volta, saltei para cima de uma carrinha e, com o amigo Horácio, fui para uma porta.
E aqui é que a "porca torceu o rabo" ou melhor dizendo, "o marteleiro torceu a orelha".

Depois de esperar largos minutos começo a ouvir os tiros das linhas batedoras.

Atento, reparo num par de lebres a fugirem, emparelhadas, lá no alto do cabeço. Fico atento.

Um ou 2 minutos mais tarde, outra lebre começa a descer a galope para o meu lado e pára de repente, escutando, orelhas no ar, do outro lado da cerca. Apontei e desferi-lhe um tiro. Qual quê, virou-se e fugiu, chapada acima, a 150 à hora.
O Horácio, que estava sentado ao pé de mim, disse-me, por trás de toda a sua experiência nestas lides: "atiraste-lhe muito longe Sérgio, a lebre estava muito longe, só podia mais era fugir!"

"Ok continuemos" - pensei.

Alguns minutos mais tarde, entram à porta umas 5 ou 6 perdizes em voo planado, a grande velocidade. 3 tiros e fiquei a olhar para elas a irem embora. "Tá bem tá, grande marteleiro" - pensei. O Sr Horácio não disse absolutamente nada em jeito de crítica mas tenho a certeza que pensou o mesmo.

"Sérgio, estás a atirar ao bico das perdizes, os tiros estão a sair todos atrasados" - replicou com a sua habitual calma.

Mais uma a passar-me por trás. Não lhe atiro, já não tenho tempo. Volto-me para a frente.

Outra lebre matreira, a descer a encosta, tiro e ficou estendida. Ainda uma outra, mais ou menos pelo mesmo caminho. Sucedeu-lhe o mesmo. 2 lebres cobradas. A coisa está-se a compôr.

Uma perdiz entra da direita para a esquerda, corro a mão e disparo. Vem cair cá abaixo. Surpreso, vejo que está ferida e a pés, a tentar fugir para longe. Remato-a no chão.

Outro par delas "entra" à porta em velocidade estonteante. 3 tiros e vão-se todas embora.

Ainda uma outra, logo de seguida, também bem falhada, compôs finalmente o ramalhete de "marteleirice" pegada neste dia.

Bom, para o almoço, entrada de pedaços fritos de fígado de javali ( hum.. que delícia) , frango grelhado na brasa com salada e batatas fritas.

A tarde é acabada, como habitualmente, na esplanada do Luís da Vendinha, em amena tertúlia e muitas gargalhadas, pois o duo, Mr Horácio e Mr José G, são do melhor que há! Ainda se juntou a nós o Gonçalo S que tinha ido a Mértola matar meia dúzia de coelhos.

Abraço amigo. No Domingo vou ao Crespo procurar o rei do bando que escapou outra vez.
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