segunda-feira, dezembro 30, 2019

Caçar em Cortegafo

A meio da manhã





















No final da jornada

















Cortegafo
Mértola - 22/12/2019


Como combinado na véspera, às 08h30 todos chegávamos britanicamente ao ponto de encontro, para, logo ali, após os habituais cumprimentos mas sem delongas, se iniciarem as trocas de impressões sobre qual a melhor estratégia de abordagem à extensa herdade de cerca de 2.000 ha, por forma a reunir as melhores condições possíveis para tornar num êxito, esta última caçada de 2019.

Identificados pelo dono da herdade os melhores locais com mais abundância de bandos de perdizes e a melhor forma de os "atacar" desenrolámos harmoniosamente a linha de caçadores através de projectos de pinheiros e (penso que eram sobreiros ). Cães pela frente, espingardas aperradas, cedo começámos os levantes e, nada fáceis ( neste local as perdizes nascem todas no campo ) ,chegámos a meio da jornada algo desapontados dado o escasso número de capturas.

Da minha parte estive com sorte, uma vez mais ( obrigado Sto. Huberto) e consegui, até àquela hora,  2 belos exemplares, sendo um deles um perdigão real com 2 pintas nas penas na cauda.

Aqui não há "taco", só uma águas são rapidamente distribuídas e as espingardas têm de subir de novo para as costas para retomar a caçada.

Para mim é mito dizer que a perdiz do campo, a selvagem,  não se deixa parar. Errado. Deixa-se parar  sempre que se encontre aterrorizada, seja porque circunstancia for. O meu braco alemão, em paragem de grande estética ( sempre é um field trialer) segurou uma perdiz a cerca de 20/25 metros, com os ventos pela frente. A ave estada deitada no solo, dentro do pasto, esperando não ser encontrada e deixando o perigo passar. Mas o Jeep numa guia muito bonita e excitante, galgou mais ou menos uma dezena de metros e a perdiz já não resistiu. Sentindo-se descoberta arrancou, possante, em voo rasante. Esta foi-se embora, de frente, e com dois tiros por mim escandalosamente falhados.

A segunda volta correu bastante melhor. O dia solarengo mas com uma brisa q.b. trouxe bons resultados. As perdizes , já muito tresmalhadas ao final da manhã, começaram a ter medo e a levantarem  para trás, em altos voos,  proporcionando à linha belos tiros de passagem. Dificilmente esquecerei alguns desses tiros e cobros dos cães, pela beleza que aportaram aos lances de caça.

Ainda tive a sorte de capturar um coelhote que se levantou em fuga atrás de mim. Não chegou às inúmeras covas que por ali existem.

No final, uma percha de de 3 aves , 1 coelho e 1 lebre.

Mataram-se muitos perdigões e ainda ficou o ensejo de voltar para tentar capturar mais alguns e equilibrar o racio machos/fêmeas.

Será? A ver vamos.

Um abraço amigo









sexta-feira, dezembro 13, 2019

A evoluir na caça





















Mértola

Com uma vaga aberta nesta ZCT, não hesitámos e assumimos desde logo o compromisso da nossa presença.

Como o grupo bem sabe a qualidade das perdizes nesta zona é muito elevada pelo que a ansiedade reinou na mal dormida noite do dia anterior.

Porém, às 07h45 comparecíamos britanicamente e, depois dos preparativos usuais, retirada e montagem de armas e cartucheiras ( aqui sempre bem recheadas )  e soltos o cães, saltámos para cima de carrinha de caixa aberta e fomos transportados para a zona nascente da herdade onde começámos a caçar com o sol bem nas costas e com a brisa pela frente, como bem mandam as regras neste desporto.

O Jeep, meu braco alemão esteve muito bem nesta nova faceta um pouco antagónica à da sua vida anterior de grande  field trialer, e tem evoluído de forma fantástica na adaptação à caça.

Esteve envolvido e, a bem dizer, foi ele que, com muita distinção,  me deu a matar as 4 perdizes que consegui nesta jornada.

Já caça quase sempre dentro de tiro e denota uma obediência e carácter ímpares.

Realço a sua bivalência quer colocando o nariz ao vento quer apanhando distintamente os rastos das perdizes. O comportamento muda radicalmente em rasto e obriga-me a acelerar o passo,  para vários metros depois, sentir  e ver a perdiz a levantar ( sempre em pontos altos) permitindo o tiro certeiro, a queda da ave e o seu cobro fantasticamente alegre.

Precisa de trabalhar com mais afinco o "tirar de ferido" a aves feridas ou "de asa", mas também isso estou convencido que lá vai.

Quem o viu o quem o vê, direi, deste meu braco alemão, agora adaptado à caça verdadeira, sempre com perdiz selvagem.

A linha esteve sempre irrepreensível na sua colocação e fez levantar alguns bandos que, pouco a pouco, foram dando oportunidades a quem não as tinha tido e a quem já pendurava uma ou duas.

Um dia 5 estrelas que terminou por volta das 15horas à volta de uma mesa no monte, em almoço partilhado, com bom vinho, bons petiscos e muito boa disposição à mistura.

Abraço amigo










quinta-feira, dezembro 05, 2019

NO PAIN NO GAIN !!




























01-12-2019
Mértola - Vascão


No pain , no gain é expressão inglesa que, como bem se sabe,  significa que sem dor, sem esforço não há ganho.

Nada melhor do que esta expressão para esta caçada.

Para caçar estas perdizes, nas vertentes do Vascão, é necessário, efectivamente, dor, esforço e coragem para enfrentar aquelas íngremes ribanceiras e penhascos, barrancos profundos onde, lá em baixo, para seguir em frente, por vezes é necessário espingarda ao alto e empurrar o mato com as pernas. Depois, subir de novo, a 45 graus, sempre em condições difíceis. O suor no rosto, escorre em bica. Penoso sim, mas recompensador, quando consegues um disparo que faça tombar uma destas aves. Seja lá para onde for que ela caia.

Quando a procuras, com a ajuda do teu cão, a adrenalina sobe. Por vezes,  quando tens de descer uma ou duas centenas de metros, escondido pelos matos e demoras 10 ou 15 minutos para cobrar a ave, quando a vês na boca do teu ajudante ou quando a vês, cheia de colorido,  escondida mas morta  no chão, dentro do mato, não há descrição possível para esta fabulosa sensação.

Grupo valoroso, com um atirador de  porta para quem já não tem condição física para estas andanças, atacámos estes terrenos com 3 valiosos mochileiros, conhecedores daqueles barrancos desde praticamente crianças. Não fossem estes "jovens" e a caçada estaria comprometida. Mas,  garantiram-nos os melhores!.

Nestes terrenos, a fuga das perdizes faz-se na maioria das vezes para os vales ou para a frente.

Para a frente raras vezes dão tiro, mas quando fogem lá para baixo por vezes cruzam uma ou duas espingardas da linha.

É quando se vêm e desfrutam aqueles tiros fabulosos, perfeitos, abater estas aves selvagens  em alta velocidade, muitas vezes com o caçador em desequilíbrio no terreno e dificultando o tiro, resulta em lances inolvidáveis, jamais nos sairão da nossa memória.

No meu lado esquerdo ( ponta da linha ) o JF e do meu lado direito o PL.

O JF lá ia, com a sua habitual e tremenda pontaria,  sempre lá pelos vales, fazendo o gosto ao dedo, cobrando, no final, 4 lindas aves. Mas também falhou 3!!

Do lado do PL tiro certeiro a perdiz fugida do confrade da sua direita , enrolou-se toda no ar e foi cair a uns bons 50 metros. Na busca, o meu Jeep deu uma ajuda e foi "desenterrar" a perdiz dentro e na base de um arbusto velho que mais parecia uma árvore. Não tenho uma G-Pro mas aqui seria fantástico usar uma instalada na testa para filmar tais lances.

Da minha parte, a primeira foi logo um  perdigão real com 4 pintas na cauda, 2 esporões e o terceiro já a emergir das patas. Atirada, fugida e lançada ribeira abaixo,  da minha direita para a esquerda, o F2 Classic funcionou e, logo morta no ar, foi enfiar-se dentro dumas estevas enormes a 50 metros mais abaixo. Só com a ajuda do mochileiro consegui o cobro. Estava de tal modo metida dentro do mato e de uma rocha de xisto que o cão pouco ajudou.

Ainda consegui mais duas bonitas fêmeas e, com enorme pena minha,  perdi uma F16 que "sequei" no ar em velocidade vertiginosa, mesmo por cima de mim,  e foi tombar lá em baixo nos confins dos infernos, i.e.,  dos matos. Nem com cães e ajuda dos mochileiros conseguimos encontrá-la.

No final, um taco no campo,  "à Porto" , febras de porco de cebolada, enchidos do norte, pão escuro  vinho e cerveja fresquinha.

A caçada fez-se durante a manhã, na sua maioria debaixo de chuva miudinha que teimosamente a todos encharcou, pelo que, quando o sol finalmente abriu, fomos enxugar as roupas em mais uma volta final, desta feita em terrenos muito mais direitos, fora dos barrancos.

A certeza, porém, é de que voltaremos aos barrancos, já com elas mais espertas e desconfiadas, mas ficaram lá (mesmo) muitas.

Deixo aqui, de igual forma, o meu respeito e admiração pelos nosso confrades que, nas montanhas do norte, caçam,  em solitário, a estas meninas. Fantástico.

Abraço amigo







quarta-feira, dezembro 04, 2019

Sempre na senda das perdizes.


























30-11-2019
Mértola
Cortegafo de Cima e Cortegafo de Baixo


Em vasta herdade que engloba estas 2 pitorescas aldeias do Concelho, abrimos neste dia uma linha de 7 caçadores e,  perseguindo a genuína perdiz vermelha, calcorreámos aproximadamente 18 quilómetros , em belíssimos terrenos para a caça de salto à nossa perdiz vermelha

No final, segundo os donos da herdade, que também participaram,  os resultados, não por falta delas mas por imprecisões da linha,  não foram o que tanto esperavam, mas as perdizes coabitam por ali alegremente com os muitos coelhos avistados e algumas lebres também.

Os terrenos, cuidadosamente guardados e preparados quase em exclusivo para a prática da caça, (sempre há algum gado ou pastoreio mas pelo que vi muito pouco) são belíssimos para esta actividade.

Vastos projectos de pinheiros e sobreiros, muitas zonas de montado característico destas zonas de Mértola, isto é, com pastos e estevas onde as perdizes e os coelhos se escondem, tornam a herdade um paraíso para o desenvolvimento da caça.

Da minha parte, estive sortudo, com cobrança de 3 aves, uma sendo um perdigão real, e 3 coelhotes "al salto".

O F2 Classic continua a ser o meu predilecto . Grande eficácia.

Abraço amigo