quinta-feira, outubro 26, 2023

Outra meia dúzia !

 











25-10-2023

Mértola


Foi muito bonita e excitante a nossa caçada no passado dia 29 de Setembro. Por isso resolvemos regressar onde fomos felizes 😊 !

Indo o tempo fresquinho,  com algumas bátegas de água caídas nos dias anteriores, e não sendo preciso mais cedo,  combinámos às 08h00 no pequeno café da aldeia, onde nos sentámos e tranquilamente tomámos o pequeno almoço, para mim escolha de um galão bem quentinho e uma tosta mista feita naquele delicioso pão alentejano. 

Já na herdade, soltaram-se os cães da matilha que nos ia ajudar na tarefa, armámos as espingardas, 20 ou 30 cartuchos para dentro dos bolsos e... let's go, vamos a isso !

Cada um do seu lado procurou fazer o melhor que pôde. Logo à primeira,  canzoada toda a ladrar dentro das estevas e saiu disparado para o meu lado um orelhudo que corria tanto que parecia ir o mundo acabar. Este malandro, no entanto, veio assobiar-me às botas e foi-se embora com 2 tiros muito bem falhadinhos 😏. 

Mas, logo de seguida,  o meu primeiro! Esgueirava-se lá ele entre matas mas, bem corrido e apontadinho,  um 28 gramas , 7,5 deu conta do recado. Apressei o passo peguei nele pois esperneava ainda muito, dei-lhe a "extrema unção" e pendurei-o, rápido, que o frenesim dos canitos era e ia grande ( e a nossa adrenalina também ).

O resto da caçada foi mais uma vez divertida, tiro aqui, tiro ali, muda de sítio, vai para ali, vou para aqui, agora para acolá que é bom sítio, canitos sempre em grande actividade e a darem boa conta dos muitos e grandes moroços existentes e a desalojarem coelhos.

Bom , no total da jornada , terminada já perto das 13 horas e com um sol bonito a confortar-nos, conseguimos mais uma bonita percha de 14 coelhitos ( no dia seguinte 3 foram logo para dentro do  tacho, onde gosto de os estufar, tenrinhos,  " à minha maneira" e acompanhar depois com um bom e saboroso puré de batata, sem esquecer o tinto alentejano.

No caminho de volta, passámos a Castro Verde e fomos sentar-nos na afamada  "Tasca do João das Cabeças" , onde, com ajuda dos nossos inseparáveis canivetes de caça, por ali nos entretivemos a aconchegar o estômago, a destruir e debicar 2 cabeças de borrego.

Agora, mais coelhos assim, se Deus quiser,  só na próxima época. Nas perdizes, se os canitos os descobrirem e "derem orelha" também compõem a cintura. 😉

Um abraço amigo.





Recuperar a forma física !!

 














20-10-2023

Terras de Mértola


A vida surpreende-nos com coisas por vezes muito boas e outras menos simpáticas.

Este ano, resolveu oferecer-me uma situação menos simpática, felizmente superada.

A caça à perdiz é um desporto ( assim a considero ) deveras exigente sob o ponto de vista físico, requerendo bastante esforço da nossa parte, protagonistas da mesma, sobretudo quando ela é praticada por terrenos inóspitos, agrestes.

Para tal, é imprescindível, pelo menos para mim, submeter-me a algum treino na época do defeso, antes desta modalidade ter o seu início. É necessário nas semanas/meses pré-época tentar fortalecer os músculos, quer das pernas quer dos braços. É necessário "dar carga",  sobretudo às pernas, enrijecer os músculos!.

Este tipo de caça, se a queremos superar e exercer na sua plenitude, exigirá sempre de nós uma forma física bastante considerável.

Digo isto porque no território onde caço e desde sempre cacei desde há muitos anos, no Alentejo,  já considero que em terrenos planos, terrenos direitos, pura e simplesmente já não há perdizes dignas desse nome. Longe vão os tempos em que assim o era, quando as searas eram feitas a perder de vista e depois de ceifadas os restolhos davam-nos quase pelo joelho. Nessa altura sim, a caça era variada e abundante, fruto de haver muita comida e dava perfeitamente para facilmente encostar o carro, para quem as usava calçar as perneiras e sair de espingarda ao ombro com os cães pela frente, mochila com algum farnel e as cartucheiras recheadas de cartuchos.

Neste dia 20 de Outubro de 2023, a jornada constituía para mim um verdadeiro ( não derradeiro) desafio para provar a mim próprio que ainda me sentia capaz de caçar em terra brava.

Prestes a fazer 69 anos de idade,  já vai sendo fácil chegar à conclusão que subir e descer barrancos, pedregosos e muitas vezes de matos altos, muitas das vezes usando as próprias mãos, atrás das perdizes, será cada vez mais difícil. É a ordem natural da vida. Há que saber aceitar, pois só assim continuarei a adorar ir à caça, adaptando-me  e estar com amigos.

No final, foi uma verdadeira satisfação e alívio chegar ao fim e sentir-me em boa forma, cansado claro, mas sem sequelas do esforço desenvolvido ao longo daquelas 5 horas.

Quero relembrar neste dia - este é um blogue de recordações - um lance especial: um par de perdizes que saltou, de forma estridente, uma para um lado outra para o outro. O JF, pela minha esquerda, fez fogo a uma delas que, bem enrolada no ar, foi tombar, longa,  lá em baixo no vale, no barranco. A minha também levou tiro e parti-lhe uma asa, voou, voou, voou, até lá abaixo ao dito barranco, mais pela direita e embateu com estrondo,  de peito no chão. "Já ficou, não tem hipóteses" - pensei. O PL circulava lá perto, pelo fundo,  mas foi ele que a teve de segurar ( eu cá de cima nem consegui ver o lance tal a distância) no chão, ainda com um tiro longo, pois a perdiz ainda se ergueu e desatou a fugir a pés encosta acima, na vertente contrária. A braco do PL concluiu , fazendo um competente trabalho de cobro. A perdiz que tinha sido morta pelo JF, do meu lado esquerdo, a minha cadela braco, a Kali, tinha-a visto morrer no ar e, sem hesitar,  desatou a descer/correr lá para o fundo,  ao vale,  e trouxe galhardamente a perdiz na boca. Dizia-me o JF: " ainda bem Sérgio porque descer isto tudo lá abaixo e sem cão ir conseguir encontrá-la e voltar a subir, estava bem tramado !!"

No final , meia dúzia de perdizes cobradas pelo grupo e um ou outro coelho serviu perfeitamente os nossos intentos, pois este ano foi mau de criações e também há que preservá-las.

Ficaram uns bandos lá para as bandas dos buracos do Guadiana, que, francamente, não sei se terei coragem de lá irmos para tentar tirá-las e lidarmos com elas em melhores terrenos. Logo se verá.

Ao almoço "devorei", justamente,  uma boa carne de vitela assada no forno, acompanhada de batata frita e arroz .

Um belo dia, caça, exercício físico, tiros, lances bonitos e divertimento. É o que queremos, no fundo,  de tudo isto.

Um abraço amigo.



quarta-feira, outubro 04, 2023

O RUI

 



















29-09-2023

Mértola


Com temperaturas máximas esperadas e logo confirmadas,  na ordem dos 38 graus 😨estávamos algo apreensivos sobre o sucesso desta jornada de caça ao coelho bravo .

O local eleito foi algures ali para os lados de Mértola.

Os intervenientes a caçar com armas  foram unicamente dois,  os que sorriem na foto acima, mas o principal ator foi o RUI, jovem ali da Mina de São Domingos que, com a sua  matilha maravilha de cães coelheiros desbravou,  sem medos,  tudo o que lhe apareceu pela frente, pronunciados cabeços de giestas secas e partidas, valas de sargaços velhos, pedras e rochas de xisto.

Um quadro digno de toda esta  seca extrema que infelizmente tem assolado o nosso País vai para dois anos.

Pois, o RUI levou tudo isto pela frente, mais ou menos a pente fino,  pois a caçada é a exposta e generosa mas os coelhos que fugiram sem levarem tiro ainda  foram mais que muitos, o que sempre é bom sinal.

"Finos" , ali nasceram, cresceram e cedo se habituaram a esgueirar-se e fugirem  aos predadores, dão muito trabalho a caçar, lá isso dão, uns escapuliam-se para a frente, outros para trás. Como éramos somente duas espingardas, a caçar lado a lado com o RUI, os orelhudos que, nesta altura, já têm a escola toda, ludibriavam-nos e fugiam quase sempre para os lados certos ( para eles ).

Nada demais. Tudo aquilo é puro divertimento pois este ano os coelhos criaram bem, com alguma abundância,  e sempre escaparam alguns : para " o nosso lado certo "😉!.

Nesta modalidade de caça o tiro é ultra divertido, os coelhos sempre super irrequietos, totalmente imprevistos, escapam aos cães que nem setas por dentro do mato, e a nós obrigam-nos a acelerar o passo, muitas vezes até a correr e apurar a pontaria sempre que de lá saem em grandes correrias para novos matos vizinhos,  onde se procuram esconder. Há então que ser rápidos e não os deixar lá chegar.

No final, por volta das 11 horas da manhã, o calor abrasador e impiedoso já não deixou caçar mais. 

O RUI, excelente companhia e com total paixão pela caça ao coelho, com o seu vozeirão lá comandou e bem os seus canitos, retirando o máximo que podia deles, e ajudando, atirava pedras para tudo o que era mato e batia constantemente com um pequeno cajado no que lhe parecia que poderia existir ou estar um coelho alapado.

Uma bonita jornada de caça aos coelhos, à antiga, fazendo relembrar bons e velhos tempos que nos deixaram muitas saudades.

Até breve.

Um abraço amigo