sábado, dezembro 27, 2014

Fecho da Caça Geral em Ourique



Impossível resistir a um amanhecer destes

Belas galinhas estas de Ourique





























27-12-2014

Entusiasmou-me  ir fazer o fecho da caça geral ( perdiz, lebre e coelho) a Ourique.

O dia supostamente estava previsto nascer com uma bela promessa de sol aberto, mas muito cedo se encobriu com um manto espesso de nuvens, tornando-se numa manhã feia, cinzenta, fria, ameaçadora. Neste aspeto, foi uma desilusão,  pois esperava um dia cheio de sol, que secasse rapidamente o forte orvalho da vegetação rasteira.

Ao contrário. Andei toda a santa manhã com os pés "pesados", encharcados e gelados.

Lebres, nem vê-las. Coelhos, idem.

Quanto às perdizes, mantêm a mesma qualidade ímpar, mas nota-se claramente que os bandos estão a desmembrar-se. Muita perdiz solta, aos pares,  e pequenos bandos, no máximo de 3 ou 4.

Caçar sózinho à perdiz selvagem não é tarefa fácil, como todos sabem reconhecer. Sobretudo já no final da época. O resultado acima, recompensador mas extremamente enganador, reflete uma eficácia tremenda. Praticamente as 3 perdizes que se vêm penduradas, foram as que "me deram tiro" e foram mesmo as que caíram. Tanto deu para esta bela caçada como podia ter dado para um belo "chibato".

Tudo o resto levantava longe, sem dar hipótese. E o que levantou a tiro e foi-se embora, revelam já uma esperteza invejável. Levantam voo e ocultam-se imediatamente com as azinheiras, nem sequer  tenho a veleidade de conseguir encarar a espingarda. Que diferença abismal daquelas inocentes de início de época.

Uma levantou-se em voo poderoso. Só consegui encarar a benelli e disparar instantaneamente. Uma ramada de azinheira ficou, por isso, bastante maltratada e, quando vejo o resultado do disparo, fico com a noção de que nem lhe acertei. Desço a encosta mais 2 ou 3 passos e vejo uma cabeça a correr no meio do pasto encharcado do orvalho. Corro. A Inka corre. Páro, encaro e arma e consigo "segurar" a perdiz, que tinha caído, ferida com o tiro anterior. Deixo a Inka trabalhar à vontade até a descobrir. Não foi difícil. 3 ou 4 minutos e o trabalho estava feito.

A segunda, imagine-se, salta-me com mais 2 ou 3 e engana-se, cruza-se, isolada, na minha frente, da esquerda para a direita. Foi o melhor tiro da manhã. O B&P MB Extra enrolou-a bem no ar e caiu redonda dentro do mato rasteiro.

A terceira e última foi nos restolhos do lado oeste do couto. Já de regresso para o carro, saltou larga, a cacarejar, imaginem, de cima de uma azinheira. Aponto o melhor possível e certamente com um ou dois bagos acerto-lhe na cabeça pois encastelou o voo talvez 30 ou 40 metros, e caiu a pique.

A seguir ao almoço ainda fui dar uma volta a tentar a lebre. Bem procurei, nos pastos, junto às ribeiras, mas a tarde continuava cinzenta, fria e ventosa ( nunca pensei ) e já com o segundo par de botas encharcado resolvi regressar ao carro, arrumar "a tralha" e regressar a Lisboa, ao quentinho do lar.

Por mim, e pelo que vi, não caçava mais à perdiz. Vi poucas e penso que a Mãe Natureza começa já a fazer o seu trabalho. Não sei para onde elas foram. O prazer de ver os bandos a levantarem ruidosos e voarem juntos, de asas abertas, a descer as encostas, acabou. Agora, só isoladas e com os sentidos completamente alerta.

Penso que mais uma caçada em linha deve ser o limite, para termos tantas ou mais, para a próxima época.

A ver vamos.

Um abraço amigo.







quinta-feira, dezembro 11, 2014

À ANTIGA !




















Novembro 2014

Ainda antes de sair de Ourique, "cozinhei" a ideia de, no dia seguinte, fazer uma jornada de caça à "antiga".

Assim, entrei no Pingo Doce e comprei uma  garrafinha pequena de vinho tinto, alentejano, 4 pequenos pães de frutos secos com passas, um pequeno paio de porco preto, meio frango assado, 3 pastéis de bacalhau e 2 laranjas.

Meti tudo num saco, entrei na carrinha e fui direitinho para a Salvada, em Beja.

A noite caiu rápida e, antes mesmo de chegar à Salvada,  não resisti em encostar a carrinha, sair e, por alguns momentos, tentar conseguir uma boa foto da magnífica lua amarela que se ia levantando naqueles céus abertos do sul de Beja.

Nessa noite, após o jantar, no Toi, tão ou mais extenuada que eu, por termos andado diversas horas atrás das perdizes em Ourique, a Inka dormiu em cima do tapete, aos pés da minha cama, em profundo sono. Nem dei por ela.

De manhã, levantei-me, pernas doridas, soltei a cadela para ir para fora do monte fazer as necessidades e fui tomar um pequeno almoço que me desse força para o que pretendia: comi 3 ovos estrelados, uma chávena almoçadeira de café com leite, uma fatia de pão alentejano com doce de laranja, outras duas com fiambre e queijo e rematei, com um (dois) cafés bem fortes.

Meti-me dentro da carrinha, entusiasmado,  e fui para a ponta do couto, junto à Associativa de Quintos, nos terrenos da Engenheira. Deixei a carrinha perto de um pinheiro, junto à estrada, enchi um cinturão de cartuchos, meti mais meia dúzia nos bolsos e pendurei o bornal às costas com o que tinha comprado no Pingo Doce, na véspera.

Eram 08h30 da manhã. A missão estava definida: caçar todo o dia por aquelas extensas planícies e olivais, pousar o bornal e almoçar quando a fome o ditasse, tranquilamente encostado a um sobreiro ou a uma oliveira, com a Inka deitada ou sentada perto de  mim, e regressar ao carro quando a noite estivesse quase a cair, isto é, cerca das 17 horas da tarde.

Os meus genes de caçador solitário estavam totalmente despertos neste fim-de-semana e esta era uma experiência única que, no meu íntimo,  há muito desejava.

Recordo-me dos meus tempos de rapaz em que, sozinho, saía de madrugada de casa dos meus pais, com uma Ford Transit 'pão de forma' , com cortinas ( atente-se) e ia caçar lá para os lados de Mourão/Granja. Enfiava os cães lá para dentro, levava pombos correio para soltar e, sozinho, caçava todo o dia sem parar, fizesse sol, chuva, vento ou frio. Tal era o vício. a Ford Transit era tão antiga que para virar para a direita tinha que voltar o volante para a esquerda e vice-versa. Puro divertimento conduzir aquela máquina.

Regressando a Beja, a percha foi curta, um coelho, uma lebre e um perdigão velho.

Mas o divertimento foi grande. As codornizes continuam por ali e contentei-me em ir "amaciando o pelo à Inka", com festas e palavras de grande incentivo, sempre que ela as parava e eu as deixava ir, pois terminou a época da sua caça.

Ao meio-dia passei pelo Monte da Gravia, espingarda às costas e cadela atrás, e a mulher do Guarda, a Dona J. perguntava, admirada: então o carro? -lá o irei buscar mais tarde, agora vou dar uma volta para os lados do Guadiana.

Para aquela zona ainda não tinha ido caçar este ano. Num projecto de pinheiros, falhei, logo à entrada, com 2 tiros, um coelho que se escapuliu sem dar hipótese. Entretanto a Inka desapareceu e, já preocupado, comecei a chamá-la. A preocupação aumentou de grau ao não ver a cadela. Alguns minutos passam e oiço uma ladra dentro dos pinheiros - lá está ela- e pensei que corria atrás de algum coelho. Para minha admiração, vejo uma lebre a correr a sair do 'projecto' e, não fora a semi-automática com 3 tiros, àquela distancia não a teria segurado.

Finalmente! -disse. De manhã havia visto outras 2 e tinha falhado mais outra, com 3 tiros. Já pensava que terminaria o dia sem cobrar nenhuma.

Entretanto, vi o que me levou àquele lado. Um bando de perdizes selvagens. Ariscas, não deram "orelha" e fizeram um voo enorme. O sol começava a sua curva descendente. O suor, com o apressar do passo para as encontrar de novo, escorria pela testa e pescoço, em bica.

Cabeço após cabeço lá fui avançando, o vento pela frente, o sol pelas costas. Condições ideais para fazer um ataque ao bando. A Inka começa a dar-me sinais de rastos, desinquieta. Com o apito do colar, chamo-a, em silencio, para o pé de mim. "Ao pé" - disse-lhe, baixinho. A cadela com a cabeça alta, não me enganava, as perdizes estvam do outro lado do morro.

Com a cadela ao lado, chego ao topo do cabeço. "Brrrrrrrrrrr" -saltam 2 ou 3. Um tiro, dois tiros, nada. O cansaço pesava e o sol cavalgava já a esconder-se no horizonte. Subitamente, uma terceira levanta voo, possante,encaro a semi-automática e, quase sem apontar, disparo. A perdiz enrolou-se toda no ar e veio cair cá abaixo dentro da vala. Como a Inka tinha visto o lance, fiquei descansado. Alguns momentos depois estava na minha  mão, o perdigão da foto.

Tempo suficiente para uma foto com o telemóvel e regresso apressado ao carro.

Depois de voltar a sair do projecto de pinheiros, um coelho levanta-se do pasto e, já com alguma dificuldade, disparei, certeiro. Este já não ficou na foto. Foi pendurado, na cartucheira.

Por volta das 18 horas, noitinha, cheguei à carrinha. Arrumei a tralha toda, passei pelo Monte e, por volta das 21h00 já estava em casa, para jantar.

Percha: perdiz + lebre + coelho
Espécies vistas: 5 lebres, 3 coelhos, diversas codornizes, 2 ou 3 bandos de perdizes.
Kilómetros percorridos: não sei, muitos.
Tempo durante o dia: maravilhoso, céu limpo e um sol radioso.

Abraço amigo.




À Perdiz brava em Ourique



Poucas, mas boas e bastante suadas.

























Novembro 2014

Pese embora os terrenos ainda estivessem bastante alagados, em consequencia das fortes chuvadas e intempéries que, segundo os meteorologistas, tornaram o mês de Novembro o mês mais chuvoso dos últimos 17 anos, adivinhávamos um dia cheio de sol, com as condições necessárias e boas para a prática da caça de salto em linha, à perdiz vermelha.


As perdizes nesta herdade são filhas do campo,  completamente bravias, pelo que, nunca a tarefa que tínhamos pela frente seria fácil.


Costumo dizer que se reparo numa ou duas perdizes levantarem voo e se vejo onde elas vão poisar, começo a "torcer o nariz" quanto à sua qualidade. Aqui, quando levantam voo, vemos a direção que tomam, mas é muito raro vermos onde vão poisar, sendo isso sinónimo dos seus voos poderosos e musculados, filhas da terra como acima disse.


Como em qualquer batalha, definimos uma estratégia e um plano de ataque e, na minha opinião, só cometemos um erro. Colocar uma porta exatamente no Biló. Aquela porta não pode estar ali, sobretudo à vista desarmada, pois a 'querença do Biló' é tão grande que as perdizes de certeza que repararam que as ruínas do Biló estavam ocupadas e evitaram para lá ir. Se tivéssemos tirado aquela porta dali, diria que poderíamos cobrar mais um ou dois pares delas. Fica  a lição e, por isso, na próxima vez, há que retificar.


Foram difíceis, deram muita luta, com belos lances de cobro nos limites, mas o prazer de cobrar uma ou duas destas perdizes não se assemelha em nada a alguns coutos por onde tenho passado.


Aqui, todos sabemos que é verdadeira qualidade em vez da quantidade. Por isso, tenho a certeza que quando o G. capturou, redonda, aquela perdiz ao final da manhã, a diversidade de sentimentos e sensações que de imediato o invadiram quando desatou a correr para ir apanhá-la, deve ter sido algo de maravilhoso que preenche a alma de um verdadeiro caçador. Pelo menos, comigo, teria  sido assim.


O almoço na D. Amália em Aldeia de Palheiros, foi de muitas estrelas ( adoro aqueles lombinhos magros de porco preto) e, com grande satisfação, terminámos a jornada, não sem antes passarmos pelo "canto do pássaro" para beber mais um cafézinho antes do regresso a casa.


Da minha parte, como ia para Beja no dia seguinte, "cozinhei" ainda ali uma ideia e fiquei mais um pouco e entrei no Pingo Doce, para comprar meia dúzia de coisitas, conforme estória que conto de seguida.


Abraço amigo e até à próxima.







quinta-feira, dezembro 04, 2014

Giões - Moinho do Monte Novo - Mértola












 














Novembro 2014
Moinho do Monte Novo


Logo após o almoço em São Miguel do Pinheiro, estávamos "mortinhos" por ir ainda dar uma "bicada" às "perdizes do Fernando" no Moinho do Monte Novo.

Bem pensado, bem dito e  bem feito, eu, o Paulo e o Luís 'voámos' nos carros cerca de 10 km e quando lá chegámos foi só tirar as espingardas das fundas, abastecer as cartucheiras com alguns cartuchos, soltar os cães e ir dar uma volta de +/- uma hora ainda antes de cair o sol.

A Inka, a atravessar o período do cio, de volta de uns arrifes, desinquieta-me um coelho que virou para trás mas para o lado errado: para o meu. Cobrado, meto-o dentro do bolso do ladrão do colete e sigo a caçar. O sol cai rapidamente no horizonte. As perdizes já só se ouvem o voo, em fuga. O Luís embrenha-se no projecto de pinheiros e desfere alguns tiros.

Era já quase noite escura quando regressámos os 3 ao Monte, espingardas abertas e passo apressado. O Luís tinha cobrado um coelho. O meu, quando meti a mão no bolso de trás para o retirar...encontrei-lhe o sítio. Tinha-me esquecido de puxar para cima o fecho do bolso e, lamentavelmente, o coelho acabou por cair algures durante a caminhada.

Duche tomado e fomos jantar ao Brasileiro a Mértola. Que melhor combinação do que uma açorda de bacalhau à alentejana, acompanhada com um vinho espumante bem gelado, do norte ?

Esperávamos um sol radioso no dia seguinte. Após noite bem dormida, abrimos as portadas das janelas e verificámos que tinha chovido quase toda a noite e o céu apresentava-se cinzento, ameaçador de chuva, desagradável. Que desalento!

A manhã, devido ao estado dos terrenos, lamacentos, estremamente difíceis de caminhar, foi de grande esforço para as pernas e corações. Fomos para os Giões, terras de estevas e barrancos e, mesmo assim, recordo-me de ter lama até aos joelhos. Só no topo dos cabeços é que ainda se conseguia andar em condições razoáveis.

As perdizes a que nos habituámos, desta vez vimos muito menos, certamente escondidas nos barrancos intransponíveis, falhámos muito mais,  devido ao cansaço, mas,  ainda assim,  conseguimos excelentes  tiros, a grandes alturas,  e acabámos por fazer uma bonita percha.

Aos meus pés, não me esquecerei do par de lebres que se escondiam perto de um regato e que arrancaram em grande velocidade.
Ficou uma. O macho.

Já perto do almoço abriu o dia, até ao final da tarde, com um sol maravilhoso, como que a zombar de nós.

Abraço amigo.




terça-feira, dezembro 02, 2014

Coutada de São Miguel do Pinheiro





Pois é, chama-se cozido de couve e é uma delícia alentejana.

































Novembro 2014
São Miguel do Pinheiro


Belas as perdizes que vivem naqueles majestosos cerros desta linda terra do Concelho de Mértola.

Por ali nascidas, fazem dos caçadores gato-sapato e que ninguém pense em grandes cintos, porque elas , pura e simplesmente, não se deixam chegar.

Capturam-se sim, na sua maioria, mas quando fogem e atravessam os ditos cerros indo direitas a algumas portas que, estrategicamente se colocam. Outras, em muito menor número, caiem, sim, mas quando se deixam surpreender pela linha de caçadores.

Na foto ( pena não ter levado a minha máquina que conferia, talvez, mais qualidade) um quadro de 28 perdizes, 6 coelhos e 2 lebres.

Os donos da Zona de Caça recebem os caçadores da melhor maneira possível e é sempre um prazer enorme ir ali caçar.

Pena temos nós de termos descoberto esta zona de caça já tão adiantado na época.

Abraço amigo.


PS: Esta foi uma caçada algo nostálgica para mim, pois tive de prescindir da minha inseparável companheira de 4 patas, a Inka, pois está a atravessar o perído em que a Mãe Natureza a chama para tentar procriar, isto é, está a decorrer o período do cio.
Em Maio de 2015 se Deus quiser, terá cachorros e o pai está escolhido.