quarta-feira, outubro 24, 2018

Regresso a Santa Maria








20-10-2018
São João dos Caldeireiros
Herdade de Santa Maria


Regressar às Águas Santas/ Herdade de Santa Maria quase em inicio de época e com chuva copiosa a cair nos 2 dias anteriores, é sempre motivo de garantia de qualidade e não conseguir evitar que as insónias tomem conta de nós na véspera desta caçada.

Expectativas elevadas e alguma ansiedade pela qualidade das perdizes ali existente, sempre assim o ditam.

Provavelmente os meus colegas de grupo também assim o sentiram.

Sim ou não, neste sábado 20 de Outubro lá nos encontrámos, pelas 7h15, já trajados e devidamente equipados para o dia de caça, no Café Fatana, para um primeiro café do dia.

Contávamos 8 espingardas o que apontava para uma linha interessante, de salto 5 ou 6 e  1 ou 2 portas para esperas.

Começo com estevas molhadas a ensoparem-nos as calças ( e não só)  até à cintura, caçadeiras nos braços e cães pela frente , o entusiasmo inicial fez-nos partir a linha e um bom numero de perdizes, manhosamente, escapuliram-se para trás, para locais mais seguros.

Só já com cerca de meia hora de caça se começam a ouvir os primeiros disparos às vermelhudas.

Nesta herdade, sempre com muita abundância de coelhos, ocorreu grande mortandade no mês de Agosto, pelo que,  o que habitualmente vemos em caçadas de salto,  este ano será muito menos.

Mas as perdizes criaram bem, muito bem, e, não fora alguns erros em tentarmos manter a linha intacta toda a manhã, seguramente que os resultados decerto seriam mais encorajadores.

De todo o modo, um belíssimo quadro de caça no final com 25 aves abatidas e 5 coelhos, sendo que 3 foram minhas bem assim como um coelho.

A Inka esteve a trabalhar muito mal e perdeu-se diversas vezes nos barrancos o que me enervou sobremaneira, mas, no final, tudo terminou bem.

Um bom almoço e convívio no Fatana, e,  já pelo meio da tarde, as habituais despedidas com muita amizade à mistura.

Abraço amigo e até uma próxima.






segunda-feira, outubro 22, 2018

Uma mãozinha às codornizes















Serpa, 17-10-2018




Em dia de experimentação de nova marca de cartuchos, que acabei por preterir e optar pelos meus favoritos, B&Pellagri 30 gr Ch. 9, a percha como se vê foi generosa, mas todos sabemos que, neste tipo de caça, ficamos a dever os resultados na íntegra aos nossos companheiros de 4 patas, sem os quais não seria possível fotos destas.

A minha homenagem aos bons cães de parar, que tudo dão para agradar aos seus donos.

Abraço amigo






segunda-feira, outubro 15, 2018

Caça em Mértola - Dia 2


Peças capturadas por 2 espingardas.




































Moreanes
Monte do Guizo
Mértola
14-10-2018




Com as chuvas intensas que se sentiram durante a noite, nesta jornada as expectativas estavam ainda mais elevadas quando em comparação com o dia anterior.

Nada de mais errado.

Não consigo explicar o porquê.

Embora se tenha caçado noutra zona da herdade, certo é que também se viu bastante caça, mas, das três uma, ou as pontarias estavam mais desafinadas face ao esforço do dia anterior, ou as noites mais mal dormidas, ou a caça estava bastante mais áspera . Talvez as trovoadas tenham tido influência no "fenómeno".

Os resultados finais, de que não tenho foto, foram cerca de metade dos da véspera.

Realço, no entanto, em lance particular, e com êxito, belíssima paragem em ângulo recto da minha cadela Inka, a lebre acamada junto a um muro em ruínas que ali a protegia dos ventos fortes e frios que sopravam de noroeste. O sol incidia-lhe em cima, certamente aquecendo-a,  e consegui quase tranquilamente observar e ver a lebre "amagada", com os olhos ambos bem abertos, orelhas sobre o dorso, certamente a fitar a cadela ( segundo dizem os entendidos, nestes casos elas olham é para os cães e não para o caçador).

Realço, ainda, tiro frontal com êxito a perdiz macho fugida da linha ( eu estava a fazer ponta de enrolo na direita)  embalada por trás com o vento forte e a 20/30 metros de altura.

Finalmente, numa ribeira coberta de juncos, oculto mas à minha frente, o arranque brutal de um "barrasco" de (certamente) mais de 100 Kg. Tive-lhe a cabeça a menos de 10 metros dos canos da Beretta mas, dado que desconhecia se podia atirar, o enorme bicho fugiu, pujante e demolidor. Só depois dos gritos de um dos mochileiros é que me apercebi que tinha mesmo é que atirar. Dois tiros ainda, mas...nada feito. O desânimo estava estampado no rosto do gestor de caça, dado que aparentemente é bicho que tem dado por ali muita luta para ser apanhado e não deixa.


Após reconfortante almoço, arrumámos a bagagem no carro e feitas as despedidas, voltámos a Lisboa, deixando o Monte  já com as saudades e nostalgia próprias de 2 dias muito, muito bem passados.

Abraço amigo









Caça em Mértola - dia 1


A meio da manhã.

Resultado de 2 espingardas, no final .









































Moreanes
Mértola
13-10-2018


Com nova janela de oportunidade aberta pelo Gestor de caça desta Herdade, para caçar neste fim de semana, saímos de Lisboa por volta das 17h00 e rumámos para sul, na véspera, para ali dormir e integrar um grupo que caçaria nos dois dias seguintes.

Na que já consideramos talvez uma das melhores reservas de caça deste concelho no que à qualidade da caça respeita, escusado será referir que os níveis de satisfação e, porque não? - alguma ansiedade,  nos invadiam na viagem de ida,  e ambas eram bem substantivas.

Paragem habitual em Mértola, confortados os estômagos com um saborosíssimo ensopado de borrego, um tinto,  desta feita do Douro, rematámos com o habitual doce de ovos e frutos secos, o torrão real,  e seguimos caminho.

Às 07h00 da manhã seguinte, dia da caçada, os caçadores iam-se juntando, a pouco e pouco, cumprimentando-se entre si, antes do lauto pequeno almoço preparado pela organização para a longa manhã de caça que nos esperava. Os reconfortantes e quentes ovos mexidos, as compotas e mel puro, pão e queijos frescos na mesa, enchidos e outras iguarias, e um expresso bem forte no final servem e cumprem perfeitamente para o efeito pretendido, dar força às pernas.

Já no local do inicio da caçada, após cartucheiras cheias e espingardas montadas, um espesso manto de nevoeiro impedia-nos de começar pelo que ai estivemos à conversa até surgirem as condições mínimas para iniciar a jornada com segurança.

Sem entrar em grandes pormenores de lances individuais com a minha cadela braco, prefiro destacar a parte organizacional da caçada. Com pontas de enrolo bem posicionadas, também a matar caça, e com eficácia, a linha de caçadores bem articulada com a ajuda de 3 colaboradores da herdade a comunicarem entre si com intercomunicadores, as perdizes eram obrigadas depois de um ou dois longos voos, a levantes e a cruzarem as diversas posições com belos tiros de passagem, muitos a alturas consideráveis.

Também as lebres já começam a aparecer com mais frequência e, quer de levante, quer de fuga cruzada à frente da linha, sempre foram dando algumas boas oportunidades de tiro e cobro pelos cães.

Neste dia, pareceu-me irrepreensível a condução da linha e, tirando um ou outro pormenor de somenos importância, os resultados finais, de que não tenho foto,  foram muito interessantes.

Ao almoço, para além das entradas, umas macias bochechas de porco com arroz, batata frita e salada, acompanhadas com vinhos maduros da zona de Mértola, tudo contribuiu para uma sã e divertida convivência.

Durante parte da tarde, alguns mais fervorosos ainda foram pescar alguns (bons) achigãs aos açudes, na modalidade de pescar e soltar de novo, enquanto que outros dedicaram-se à espera dos patos que, nesta fase, sabidos, já dão muito poucas hipóteses.

O vento sul que se fazia sentir, cada vez mais forte, antecipava  trovoadas acompanhadas de chuva durante a noite, pelo que as expectativas para o dia seguinte eram igualmente elevadas.


Abraço amigo.






terça-feira, outubro 02, 2018

Abertura às perdizes 2018




































Moreanes
Mértola
01-10-2018




Na antevéspera recebi inesperado telefonema do proprietário desta Herdade, convidando-me para participar na inauguração da abertura da caça geral à perdiz, que haviam antecipado.

Apesar das temperaturas que se previam para este dia, iam mesmo arriscar a jornada às perdizes.

Perguntei se podia levar um amigo e companheiro de caça habitual o que, gentilmente, me foi de imediato concedido.


Viajámos,assim, de véspera, e fomos pernoitar ao Monte da Herdade. Pelo caminho, parámos no "Brasileiro", em Mértola, e deliciámo-nos com uma omelete de farinheira e, para contrabalançar, uma leve açordinha de bacalhau, ambas acompanhadas com um branco gelado da região, da marca "Balanches" . No final, e para rematar, não poderia faltar o "torrão real", fresco doce conventual de ovos e amêndoa, especialidade daquela casa


À noite, pelas 11 horas, já deitado na cama do Monte, muitas perdizes e lebres passaram-me pela cabeça. Adormecer foi, como tal, tudo menos tarefa fácil. Finalmente, lá consegui adormecer, acordando com a ajuda do despertador do tm às 06 horas da manhã.


Toca de me trajar a rigor para o dia e, às 06h30, fomos-nos todos encontrando e cumprimentando e juntando à mesa. Ovos mexidos quentinhos a chegarem à mesa, pão fresco, queijo fresco de cabra, compotas diversas, finas fatias de bons enchidos alentejanos, leite, café, entre outros, recompuseram o estômago para a dura tarefa que tínhamos pela frente .


No caminho para o ponto de partida, já aperrados com armas e cães em cima dos veículos 4x4 , avistámos 2 ou 3 bandos de perdizes, correndo nervosamente, como que adivinhando algo de anormal ( a caça quer aceitemos ou não esta teoria, pressente estas coisas) afastando-se rapidamente das viaturas.


Ultimados os preparativos, montadas as armas e penduradas as cartucheiras, devidamente municiadas, com algum nervoso miudinho à mistura e habitual nestas andanças, soltámos os perdigueiros e, à ordem do diretor da linha encetámos a jornada.


Do meu lado esquerdo, o cão do PL, o Sado, marrava-se logo ali num pequeno barranco com um belo par de lebres. Levantadas, uma saiu ao caminho e, tiro certeiro, derrubada e bem cobrada.


A Inka, a minha cadela, também não deixava os seus créditos por mãos alheias e desalojava uma outra orelhuda duns carrascos e ao segundo tiro seguro-a. Também bem cobrada veio trazer-ma, doce, às mãos.


As perdizes ainda com o fresco da manhã, não "davam orelha" e iam escapando,longas, na frente da linha, independentemente de um ou outro tiro mais largo.


Quem estava em portas, cirurgicamente colocadas, lá fazia o gosto ao dedo, primeiro que os confrades da linha de salto.


O sol levantava e, logo implacável ( chegámos aos 33 graus de temperatura) secava já tudo à sua volta, o que restava de algum orvalho da noite e os pastos e restolhos já quase que queimavam. As lebres, nestas condições, não se deixavam ficar e levantavam-se, longe, por vezes com os cães no seu encalço, em grandes correrias, não dando tiro. Avistámos diversas, muito fora de tiro.


Se por um lado era mau para "o pelo" , por outro tinha o seu aspecto positivo para "a pena", dado que as jovens perdizes do ano, assustadas com os tiros, tresmalhavam e uma ou outra iam ficando em pânico, amagadas nos pastos e proporcionando boas arrancadas, bons tiros e bons cobros.


Da minha parte, comecei menos bem e falhei 3 ou 4, ou de levante ou de passagem, mesmo daquelas que, não obstante a velocidade, se certeiras, cairiam. Esta perdiz, nesta herdade, não deixa brincar, e os voos, rápidos, mesmo com calor, dificultam o tiro.

Com a minha primeira pendurada, abati ainda uma segunda, sempre com a ajuda da cadela no cobro.


Foi quando, já a meio da manhã, com um calor abrasador por cima, Santo Huberto dediciu conceder-me a oportunidade do dia.

Numa baixa, por onde ainda circulava uma leve brisa, arrancam 2 ou 3 perdizes, aponto a sobrepostos Beretta, derrubo uma, derrubo a segunda. Doble. Belo. A Inka vai rápida ao cobro mas, na corrida, levanta-se-lhe uma lebre para trás, pela encosta acima. Irresistível, a cadela não deixa de ir a correr atrás dela. Entretanto, outra perdiz salta da esquerda para a direita e, atrapalhado, tento meter mais 2 cartuchos na arma. Arranca ainda uma outra lebre desta feita pela encosta abaixo. Os nervos apoderam-se de mim em ver só ali tanta caça a fugir. Outra perdiz vem fugida da linha e passa por cima de mim a 100 à hora de asas abertas.


Com o coração a bater apressadamente, acabo por pendurar somente as 2 perdizes e seguir, (in)conformado. Só ali podia ter pendurado mais 2 lebres e uma perdiz, para além das 2 que já havia cobrado.


Entre muitos tiros e muitas peças a fugir ao longe, a manhã foi chegando, rápida, ao seu final.


Nos rostos dos caçadores espelhava-se acesa alegria pela caçada havida. Na linha, constatei existirem excelentes atiradores, mesmo muito batidos neste tiro à perdiz, o que, com um dia escaldante como este, também ajudou aos números finais.


Alguns açudes com água sempre deram uma belíssima ajuda aos cães que, estafados e língua quase toda de fora, deitavam-se, a arrefecer, dentro de água, seguindo a caçar.


Já no monte, as fotos finais com o quadro de caça, 34 perdizes, 4 lebres, um coelho e 4 patos.


Ao almoço, presenteados com umas belas febras de porco preto grelhadas com migas alentejanas, estaladiças, no ponto, com o belo vinho tinto das Bombeiras produzido duma vinha cercana, com cerca de 17 ou 18 hectares, nas margens do Guadiana que produz sempre bons néctares .


Feitas as despedidas a meio da tarde, pusemo-nos ao caminho para Lisboa ( e outros para o Porto), com a satisfação e a paz de alma de mais um dia de abertura muito bem passado.


Cá atrás, na carrinha, os cães dormiam nos sonos dos Deuses, estafados pela manhã de caça que muito puxou por eles.

Abraço amigo