Vir caçar a esta herdade é sempre motivo de muito prazer, alguma ansiedade natural, bem como esperança em conseguir pendurar à cintura um bonito cupo de perdizes.
Estas, aqui nestas terras, são abundantes e muito bem tratadas pelos gestores da herdade e a caça constitui uma das suas principais fontes de receita, para além da vinha, que dá, também, uns excelentes brancos e tintos.
Um exemplo !
Lidamos, assim, com perdizes nascidas e criadas no campo, bravas, o que sempre dificulta, no final, a nossa missão.
Mas elas, desde que bem caçadas e em linha, acabam por inevitavelmente ter de fugir, recuar e passar ao alcance das espingardas. Desde que a pontaria vá certeira, haverá sempre a oportunidade de atirar a meia dúzia ao longo das habituais cinco horas de caça por jornada.
Os terrenos nalgumas zonas são bastante dobrados, difíceis, e confinam com as margens selvagens do lindíssimo rio Guadiana. Aqui se defendem as perdizes e, nas alturas do defeso, segundo nos referiram, para procriarem, deslocam-se para terrenos mais abertos, mais acima, onde, desde que bem tratadas, sem faltar com comida e água, instalam os seus ninhos.
Todos os anos fazemos aqui 2 ou 3 caçadas e, quando as temos nas mãos, já cobradas pelos cães, é um deleite poder observar a sua pureza, o carregado das cores na plumagem, bico e patas, bem como a sua corpulência.
Desta feita consegui abater 4, sendo que, destaco, 2 delas foram em "golpe de doble" , um bando em fugida da linha, aparece-me na frente, asas abertas de frente para mim ( lindas ) ergo rápido a Benelli, atiro e mato logo a primeira, redonda, caindo 5 ou 10 metros à minha frente. As outras escapam, asas bem abertas, velozes, pelo meu lado direito, onde desfiro novo tiro a uma que vai cair já larga, para dentro da vinha. Marco-lhe o tombo e vou lá com a braco que rapidamente a detecta e cobra, dócil, trazendo-a, incólume, à minha mão. A primeira, regressei lá atrás para buscá-la sem demora pois sabia bem onde tinha caído, e havia que reintegrar na linha. Macho e fêmea - um casal !. Se pudesse devolvia-lhes a vida !
Entre outros lances de perdizes bem mortas pelos meus companheiros, e, passe o eufemismo, também bem falhadas, a jornada desenrola-se, animada, bem conduzida, esforçada mas recompensada com mais um par de perdizes.
Coelhos, poderia ter morto para aí meia dúzia, mas em Novembro já não é permitido atirar. Aqui, aos coelhos, faz-se o descaste sobretudo em Setembro e caça-se em Outubro
É um gosto enorme ver uma reserva de caça com tamanha qualidade, o que, como todos sabemos, já vão sendo raras em Portugal.
Tive esse privilégio.
Um abraço amigo.