segunda-feira, novembro 02, 2009

Não houve Rei do Bando































31-10-2009
ZCA Vendinha - Serpa

Às 6h30 da madrugada apanhei o Zé G e o Horácio na Estalagem de S .Gens em Serpa pois tinham lá ficado de véspera. Tomei um 2º pequeno almoço com eles, mudámos a bagagem para a minha carrinha, incluindo a braco alemão "fifi" ( que raio de nome Zé!...) e fomos para a Vendinha.

Mais uma jornada às perdizes nesta reserva. Desta vez foi um "fartar vilanagem" de falhar tiros.
Por onde andava então o meu F2 Classic?

Com as temperaturas a arrefecerem significativamente, iniciámos a caçada numa linha bem organizada e com o claro objectivo de empurrar as perdizes pela frente até as encurralarmos numa vasta área de mato, onde elas só podiam fazer uma de duas coisas: ou conseguir ultrapassar algumas portas muito bem colocadas no terreno e correrem o risco de por lá ficarem, ou voltarem para trás, em voos suicidas por cima da linha de caçadores, tentando escapar. Muitas, com a sua poderosa astúcia, ludibriaram as linhas e voltaram para trás, muitas vezes sem sequer serem descobertas.

É assim que se caça à perdiz selvagem no Alentejo.

Ao chegar perto de uma cerca de arame farpado, oiço o Zé S. , que ia na minha direita, a gritar, "Sérgio, Sérgio vão para aíííí .....", logo um par delas aparece-me de frente, em voo trepidante, em bater de asas rapidíssimo.

Dois tiros e desplumo uma no ar, que vai tombar a uns 25/30 metros de distancia , com enorme estrondo no chão. Cobro a perdiz, espreito-lhe as penas da cauda à procura do perdigão real ,pois era um macho de 2 esporões, e , rápido , recarrego a Benelli.

O Zé, neste espaço de tempo, dispara a uma lebre que, ferida e depois de corrida algumas centenas de metros, é cobrada pela sua pointer "cátia". Mais à frente, entre mim e o Zé, observo uma perdiz a esgueirar-se para trás da linha de caçadores, fugindo a pés que nem uma desalmada no meio das giestas. Aqui é completamente proibido atirar-se a perdiz que esteja no chão, a não ser que esteja ferida, para a rematar. E aquele não era o caso. Teve de ir. Ainda bem.

Por aqui e por ali, ia reparando que, muitas perdizes, com longos e magníficos voos , iam-se escapulindo para outras paragens. Quer na linha quer nas portas não ficaram mais de 20 nesta volta.Para o que se viu de perdizes, foi uma satisfação vermos escapar tantas. Tanto mais que o Presidente da Associação já disse que naquela zona, este ano, já não se toca. Por aqui se pode aferir do cuidado posto na gestão dos efectivos.

Na 2ª volta, saltei para cima de uma carrinha e, com o amigo Horácio, fui para uma porta.
E aqui é que a "porca torceu o rabo" ou melhor dizendo, "o marteleiro torceu a orelha".

Depois de esperar largos minutos começo a ouvir os tiros das linhas batedoras.

Atento, reparo num par de lebres a fugirem, emparelhadas, lá no alto do cabeço. Fico atento.

Um ou 2 minutos mais tarde, outra lebre começa a descer a galope para o meu lado e pára de repente, escutando, orelhas no ar, do outro lado da cerca. Apontei e desferi-lhe um tiro. Qual quê, virou-se e fugiu, chapada acima, a 150 à hora.
O Horácio, que estava sentado ao pé de mim, disse-me, por trás de toda a sua experiência nestas lides: "atiraste-lhe muito longe Sérgio, a lebre estava muito longe, só podia mais era fugir!"

"Ok continuemos" - pensei.

Alguns minutos mais tarde, entram à porta umas 5 ou 6 perdizes em voo planado, a grande velocidade. 3 tiros e fiquei a olhar para elas a irem embora. "Tá bem tá, grande marteleiro" - pensei. O Sr Horácio não disse absolutamente nada em jeito de crítica mas tenho a certeza que pensou o mesmo.

"Sérgio, estás a atirar ao bico das perdizes, os tiros estão a sair todos atrasados" - replicou com a sua habitual calma.

Mais uma a passar-me por trás. Não lhe atiro, já não tenho tempo. Volto-me para a frente.

Outra lebre matreira, a descer a encosta, tiro e ficou estendida. Ainda uma outra, mais ou menos pelo mesmo caminho. Sucedeu-lhe o mesmo. 2 lebres cobradas. A coisa está-se a compôr.

Uma perdiz entra da direita para a esquerda, corro a mão e disparo. Vem cair cá abaixo. Surpreso, vejo que está ferida e a pés, a tentar fugir para longe. Remato-a no chão.

Outro par delas "entra" à porta em velocidade estonteante. 3 tiros e vão-se todas embora.

Ainda uma outra, logo de seguida, também bem falhada, compôs finalmente o ramalhete de "marteleirice" pegada neste dia.

Bom, para o almoço, entrada de pedaços fritos de fígado de javali ( hum.. que delícia) , frango grelhado na brasa com salada e batatas fritas.

A tarde é acabada, como habitualmente, na esplanada do Luís da Vendinha, em amena tertúlia e muitas gargalhadas, pois o duo, Mr Horácio e Mr José G, são do melhor que há! Ainda se juntou a nós o Gonçalo S que tinha ido a Mértola matar meia dúzia de coelhos.

Abraço amigo. No Domingo vou ao Crespo procurar o rei do bando que escapou outra vez.
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