segunda-feira, novembro 22, 2021

No Pereiro, às Perdizes

 












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Alcoutim

21-11-2021


Na véspera, sábado,  não muito longe desta herdade havíamos caçado também em terrenos difíceis, onde, previamente,  tínhamos assistido durante a noite e madrugada a uma tempestade de chuva muito intensa à mistura com quedas de longos raios.

Talvez fosse o motivo para que as perdizes nesse dia tenham  estado tão, tão desconfiadas, sempre a levantarem muito largas, fora de tiro,  e, sobretudo, nunca cruzando a linha de caça para permitir o tiro e o abate. Os resultados foram, assim,  mesmo muito fraquinhos.

Mas neste domingo dia 21, não sendo a chuva foi o nevoeiro que nos obrigou a esperar quase 2 horas primeiro que dissipasse. Por fim, o sol foi mais forte e lá irrompeu , permitindo, como tal,  a constituição da linha de caçadores e o avançar da mesma através dos projetos de pinheiros, ribeiras, e largas folhas de terra já lavradas.

Logo de início a cachorra do PL entra no pinhal e de lá sacode um pequeno bando onde uma delas  passa ainda ao alcance do JF que raramente lhes perdoa. Perdiz no chão!!

Mais à frente uma, duas lebres fugiam longe, fora do alcance das espingardas, bem assim como muitas perdizes que não "deram gatilho" como costumamos dizer nesta gíria cinegética.

Começámos a entrar em zonas de pinhal e logo as estevas, encharcadas em água da chuva e orvalho começavam a fazer das suas deixando as nossas vestimentas ensopadas, provocando maior esforço nas pernas e dificultando sobremaneira o passo rápido que nesta caça se exige.

Dentro de pinhal, fugida de algures,  passa-me uma ave mesmo por cima de mim. Rodo o corpo e, em tiro praticamente de instinto, vejo-a enrolar-se no ar e cair muito lá para trás . O coração acelera pois aquilo estava tudo muito coberto de mato mas um dos guias ao longe tinha visto, elogiado o tiro e apontava para onde a perdiz tinha ido cair, tornando o cobro "à zona" mais fácil. Um bonito perdigão, de cores bem vivas, como ali os há.

Algum tempo depois, o meu braco entra em zonas de mato e vejo duas a esgueirarem-se, longe, para a limpa, ao fundo de um  caminho, levantando voo sem demora alguma. "Chiça, azar" - pensei. Aponto, desfiro 2 tiros largos mas elas vão embora, fortes, de asa aberta. Logo de seguida sai uma que ficou para trás, desse mesmo bando, exatamente para o meu lado, mas em voo aberto e de peito virado, e esta sim, muito mais perto. Não contava com ela e procuro encarar e aproveitar o terceiro tiro da Benelli mas falho escandalosamente.

Siga, sem angústias.

A Kali, minha braco fêmea, levantava-me entretanto uma lebre que escapa para trás, espavorida mas atravessada, não sendo difícil o abate ao primeiro tiro, logo que depois de bem esticada na corrida. Pronta a agarrou, trazendo-a à minha mão, toda orgulhosa do seu troféu. Esta cachorra tem uma aptidão e gosto enormes para cobrar.

Depois de atravessar penosamente diversos projetos de pinhal, a minha segunda perdiz salta, ruidosa mas algo larga. Aponto muito rápido como se impunha naquela situação e o meu F2 Classic de chumbo 5 fê-la tombar também ao primeiro tiro,  "larga mas redonda". Três ou quatro cães foram lá envolver-se no cobro mas foi a Kali a vencedora, agarrando a perdiz - uma fêmea - e esquivando-se aos outros,  veio a correr , rápida, até a depositar nas minhas mãos.

A terceira e última foi trabalhada pelos cães. Logo mesmo ali a descer uma encosta começaram a abanar as caudas, a mostrar muito entusiasmo, denotando muito rasto delas. Salta a perdiz uns bons metros mais à frente. Aponto, primeiro tiro falhado mas ao segundo morre e vai, ajudada pela forte inclinação do terreno,  embater num muro de pedra solta a uns bons 80 ou 90 metros. A cachorra a tudo assistiu e, sem perda de tempo, desata em galope para a ir buscar. Com a ajuda da brisa e já junto ao dito muro, logo ali começou a detetar as emanações do corpo da ave e, breves minutos depois já a tinha nas minhas mãos. Outra fêmea bonita.

Do meu lado esquerdo o AP abatia a sua primeira e logo após a segunda perdiz. Quem porfia sempre alcança.

Do lado oposto, o PL não estava definitivamente nos seus dias, o que já não vem sendo nada habitual.

Na ponta esquerda, o SP tomava conta de um "orelhudo", certamente saltado ao caminho.

O ponta direita, que comandava a linha, o JF, não vale a pena falar. Caça e mata que se farta, e bem, sem clemência. Quase sempre acerta-lhes no primeiro tiro e ainda faz o segundo tiro rematando muitas no ar. Desta feita foram 5 perdizes.

A jornada, mesmo que bonita,  começava a ir longa e o almoço aparentava começar a ser bem mais lembrado aos nossos estômagos do que propriamente a caça.

Ora,  nem mais!  - Na mesa, carnes de porco preto,  com fartura,  assadas na brasa, acompanhadas com arroz de legumes, tinto a condizer e muita conversa bem disposta com o Gestor da Zona de Caça,  que nos acompanhou, encerraram mais este maravilhoso dia.

A voltar, lá mais para a frente.

Um abraço amigo