quinta-feira, outubro 26, 2023

Recuperar a forma física !!

 














20-10-2023

Terras de Mértola


A vida surpreende-nos com coisas por vezes muito boas e outras menos simpáticas.

Este ano, resolveu oferecer-me uma situação menos simpática, felizmente superada.

A caça à perdiz é um desporto ( assim a considero ) deveras exigente sob o ponto de vista físico, requerendo bastante esforço da nossa parte, protagonistas da mesma, sobretudo quando ela é praticada por terrenos inóspitos, agrestes.

Para tal, é imprescindível, pelo menos para mim, submeter-me a algum treino na época do defeso, antes desta modalidade ter o seu início. É necessário nas semanas/meses pré-época tentar fortalecer os músculos, quer das pernas quer dos braços. É necessário "dar carga",  sobretudo às pernas, enrijecer os músculos!.

Este tipo de caça, se a queremos superar e exercer na sua plenitude, exigirá sempre de nós uma forma física bastante considerável.

Digo isto porque no território onde caço e desde sempre cacei desde há muitos anos, no Alentejo,  já considero que em terrenos planos, terrenos direitos, pura e simplesmente já não há perdizes dignas desse nome. Longe vão os tempos em que assim o era, quando as searas eram feitas a perder de vista e depois de ceifadas os restolhos davam-nos quase pelo joelho. Nessa altura sim, a caça era variada e abundante, fruto de haver muita comida e dava perfeitamente para facilmente encostar o carro, para quem as usava calçar as perneiras e sair de espingarda ao ombro com os cães pela frente, mochila com algum farnel e as cartucheiras recheadas de cartuchos.

Neste dia 20 de Outubro de 2023, a jornada constituía para mim um verdadeiro ( não derradeiro) desafio para provar a mim próprio que ainda me sentia capaz de caçar em terra brava.

Prestes a fazer 69 anos de idade,  já vai sendo fácil chegar à conclusão que subir e descer barrancos, pedregosos e muitas vezes de matos altos, muitas das vezes usando as próprias mãos, atrás das perdizes, será cada vez mais difícil. É a ordem natural da vida. Há que saber aceitar, pois só assim continuarei a adorar ir à caça, adaptando-me  e estar com amigos.

No final, foi uma verdadeira satisfação e alívio chegar ao fim e sentir-me em boa forma, cansado claro, mas sem sequelas do esforço desenvolvido ao longo daquelas 5 horas.

Quero relembrar neste dia - este é um blogue de recordações - um lance especial: um par de perdizes que saltou, de forma estridente, uma para um lado outra para o outro. O JF, pela minha esquerda, fez fogo a uma delas que, bem enrolada no ar, foi tombar, longa,  lá em baixo no vale, no barranco. A minha também levou tiro e parti-lhe uma asa, voou, voou, voou, até lá abaixo ao dito barranco, mais pela direita e embateu com estrondo,  de peito no chão. "Já ficou, não tem hipóteses" - pensei. O PL circulava lá perto, pelo fundo,  mas foi ele que a teve de segurar ( eu cá de cima nem consegui ver o lance tal a distância) no chão, ainda com um tiro longo, pois a perdiz ainda se ergueu e desatou a fugir a pés encosta acima, na vertente contrária. A braco do PL concluiu , fazendo um competente trabalho de cobro. A perdiz que tinha sido morta pelo JF, do meu lado esquerdo, a minha cadela braco, a Kali, tinha-a visto morrer no ar e, sem hesitar,  desatou a descer/correr lá para o fundo,  ao vale,  e trouxe galhardamente a perdiz na boca. Dizia-me o JF: " ainda bem Sérgio porque descer isto tudo lá abaixo e sem cão ir conseguir encontrá-la e voltar a subir, estava bem tramado !!"

No final , meia dúzia de perdizes cobradas pelo grupo e um ou outro coelho serviu perfeitamente os nossos intentos, pois este ano foi mau de criações e também há que preservá-las.

Ficaram uns bandos lá para as bandas dos buracos do Guadiana, que, francamente, não sei se terei coragem de lá irmos para tentar tirá-las e lidarmos com elas em melhores terrenos. Logo se verá.

Ao almoço "devorei", justamente,  uma boa carne de vitela assada no forno, acompanhada de batata frita e arroz .

Um belo dia, caça, exercício físico, tiros, lances bonitos e divertimento. É o que queremos, no fundo,  de tudo isto.

Um abraço amigo.