quarta-feira, novembro 03, 2010

Herdade da Lobata
















Por especial convite do meu amigo Zé S. foi-me dada a oportunidade de ir fazer uma caçada aos coelhos à ZCT da Lobata, em Serpa.

Estamos a falar de sábado 30 de Outubro, dia em que se previa queda de chuvas torrenciais praticamente por todo o País.

Depois de acordar bem cedinho, na Serpínia, o Zé por lá passou e, depois de tomado o pequeno almoço, deu-nos uma boleia, a mim e ao mais novo, a acompanhar uma vez mais o Pai.

Decidi levar a A400, arma talvez pouco apropriada para este tipo de caçadas mas que quis testar neste ambiente pois nunca o tinha feito.

A caçada era de salto e batida e, chegados à Herdade, já outros veículos de caçadores e matilhas estavam no local, sendo o ambiente que se vivia, de boa disposição e camaradagem.

O tempo, muito ameaçador, com nuvens carregadas e baixas, coloridas de tons cinzento escuro, indiciando chuva constante, fazia-nos prever o pior para a caçada que se pretendia desenrolar.

Mas o nosso amigo S. Pedro ( ou Sto Huberto?) resolveu "dar uma mãozinha" e lá nos ofereceu uma manhã de caça só com cerca de 5 ou 10 minutos de chuva miúdinha.

Para cartuchos, como não gosto de cartuchos dispersores, levei no bolso uma caixa de MB light, 28 gr com chumbo 7,5 da B&Pellagri. Gosto muito deste cartucho, quer para os pratos, quer para os tordos, quer para este tipo de caça. Tanto dá para um tiro de mais perto como "segura" um "orelhudo" um pouco mais longe, aí para uns 25/30 metros.

Colocados os 2 na porta, cedo me apercebi de movimentos no meio do mato, face aos gritos de incitamento dos matilheiros que, de longe, se iam aproximando com as suas matilhas. "Fora com ele" , "agarra-o" , "vai, vai, vai, vai " , são alguns dos gritos usados para incitar os cães podengos e de raças indefinidas, tão bons e tão de características portuguesas, nesta arte.

Confesso que, nestas andanças dos coelhos, nunca fui grande fã de ver aquelas matilhas todas de uma só raça, geralmente podengos todos iguais e muito aprumados, cheios de consanguinidade. Gosto, isso sim, ainda da caça tal qual ainda se pratica em Portugal, com cães de todas as raças, de pequeno e médio porte. Há verdadeiros heróis dentro destas matilhas, cães sem raça que, no entanto, para aquilo, são autênticas máquinas de caçar, levantar e desalojar coelhos, cujos donos não os vendem por nenhum preço tal a sua valia.

Depois de derrubados o primeiro par de coelhos e outras duas lebres, resolvemos ir caçar lebres dentro de um extenso olival, cuja foto coloquei de propósito na colagem acima, onde se vêm 3 caçadores com alguns cães e, nas traseiras, o dito extenso olival, apetrechado com mangueiras de rega gota a gota.

As regras eram muito simples: - tiros para dentro do olival, para não estragar as mangueiras, não era permitido, só quando as lebres saíssem para fora do mesmo, o que equivalia a dizer que, ou eram abatidas no caminho que ladeava o olival ou podíamos dizer adeus às ditas cujas pois, para lá da estrada, a orografia do terreno era de tal ordem que não chegavam praticamente sequer "a dar tiro".

Enquanto os matilheiros calcorreavam o olival o festival de lebres que de lá se levantou foi espectáculo que só visto. Como não podíamos atirar para dentro da plantação, elas ( as lebres ) parece que o sabiam e vinham passar a correr... praticamente "nas nossas barbas".

O meu parceiro do lado devia ser cego e surdo pois ao lado dele, praticamente a uns 5 ou 10 metros, pararam 3 lebres no caminho e, só quando se apercebiam que ele por ali estava, é que arrancavam, desaparecendo rapidamente da vista. Ainda lhe assobiava a ver se ele se dava conta delas, mas provavelmente o dito Sr terá de fazer um teste de audição, pois nem assim.

Na 3ª porta, mato cerrado, algumas covas pela frente e muita dificuldade, mesmo muita dificuldade em abater ali um coelho, pois o terreno praticamente não se via devido ao mato denso que tudo cobria. Ainda assim, houve um que não quis ficar por aquelas covas e acabou por ficar mas foi estendido para lá de um aramado que ainda conseguiu passar.

A caçada não demorou muito mas foi MUITO divertida. Foi assim como que... "3 ganchos aos javalis, perdão, aos coelhos".

Como tudo nestas coisas, o almoço serve para as pessoas conviverem e conhecerem-se melhor e como tal, fomos todos para Serpa, para o Restaurante "Arrozinho de Feijão". Uns filetes de pescada bem fritos com uma tigela quente de arroz de feijão, e um tinto encorpado para beber, serviu para recuperar as calorias perdidas na manhã, colocar um bom sorriso e acompanhar as conversas animadas da mesa.

Despedidas feitas, fomos deixar os cães ao Monte do Zé S. , démos de comer a todos os animais, apanhámos 2 galos caseiros para matar no dia seguinte e fazer uma cabidela e fomo-nos embora debaixo de uma chuva de autentico diluvio que, rapidamente, ia ensopando as terras vermelhas de Serpa e que os Agricultores seguramente abençoavam.

Neste dia o Zé G e a R vinham a caminho de Lisboa pois no dia 31 tínhamos uma festa de anos, mas antes da celebração, uma grande caçada às perdizes. Assim o tempo nos permitisse.

À noite no "Pedra de Sal", comi umas plumas acompanhadas com tomatada, que dificilmente esquecerei, tão boas estavam.

Nessa noite adormeci rápida e serenamente, a rever ainda o tal coelho que, em corrida desenfreada, fugindo dos cães, veio passar por mim e que por ali ficou...

Abraço amigo

Amanhã há Perdizes.