terça-feira, maio 03, 2005

Perdizes na Vendinha



Meu caros e Prezados amigos,

O meu coração está muito ligado ao Alentejo e à caça.

Esta ultima caçada, na Vendinha, às perdizes, recomenda "meiadúzia de linhas" quanto mais não seja para ficar ligado ao evento, para a posteridade.

Às 5horas da manhã do dia 27 Outubro 2004, estava a sair de S. João doEstoril, com o atrelado e a inseparável Gabi.

Uma paragem no Restelo para me encontrar com o resto do grupo "perdizeiro".

Às 7h30 da manhã, reuniamo-nos na Praça Central da Vendinha, para tomar um café quente e aquecer o estômago.De seguida, e satisfeitas as "formalidades", metemo-nos nos carros e fomos para o Monte , bem conhecido no local pela sua fama de bom sítio para dar uns tiros nos Javardos. Mas , desta vez a conversa era outra e tinha penas.Penas vermelhas e grande velocidade de voo.

Chegados ao Monte, aproveitámos para tomar um bom pequeno almoço, café com leite, chouriço, queijo regional e salpicão alentejano.

Composto o estômago, e esfregadas as mãos de nervoso miudinho,metemo-nos de novo nos carros e fomos para o local da "faena".

Soltos os cães, carregadas as espingardas e de cartucheiras à cinta,atacámos uns cabeços bem "avantajados" cobertos de pequenos matos e estevas. O Sol já ia alto e resolvi ficar só de T-Shirt.Aberta a linha ( 7 caçadores ) iniciámos, e logo de início, saltaram algumas perdizes que "abalaram" inquietas para outros cabeços.
Com o coração a bater mais forte e a esperança no coração, começaram a sair os gritos de encorajamento aos cães.

A primeira que derrubei veio de outro caçador e apareceu-me da esquerda para a direita aí a uns 30 metros de altura. Ao primeiro tiro caiu"redonda" fazendo a Gabi ( que tudo viu ) sair disparada para o cobro antes que ela se "pusesse nas asas". Entregou-ma na mão, com a cauda a abanar de contentamento.

Recarregada a Beneli, seguimos em frente. A segunda vem, mais tarde,também de outro caçador que fazia a ponta direita da linha e aparece-me quase de frente. Dois tiros e pregoa-a no chão. Esta requereu cerca de 5 minutos para a encontrar porque caiu no meio das giestas, mas, por fim, lá apareceu a irrepreensível Gabi com a perdiz na boca. Liinnnda cadela ! Dá ao dono, dá !Pendurada ( era a segunda ) seguimos em frente para não perder a linha que já ia algo distante.

A terceira mereceu medalha e foi assim: A cadela, com o vento de frente,parou de repente com o focinho no ar. Ao meu lado, o Biscaia dizia: Sergio,olhe a sua cadela que está marrada ! Fiz-lhe sinal que estava a controlar e, durante cerca de 50 metros, a Gabi foi atrás daquele cheiro a penas,que teimava em não aparecer. Pois não, a perdiz sentiu-se detectada e foi a patas em fuga debaixo das giestas até não poder mais. De repente, pensou que já não podia esconder-se mais e arrancou! Que voo...Dois tiros e trás ...no chão ! Abocanhada, foi-me entregue pela cadela que estava cheia de nervos.

3 foi a conta que Deus fez e chegávamos à hora do almoço. Carros com eles e atacámos um delicioso Cozido á Portuguesa no Monte com sobremesade Leite-creme, café e o scotch da ordem.

Sentámo-nos cá fora á sombra a descansar e eu aproveitei para lavar a Gabi que, entretanto e de manhã, resolveu deleitar-se rebolando num valente monte de bosta de vaca.

Vamos á 2º parte. Estomago cheio e com mais vontade de dormir debaixo de um sobreiro do que atacar as perdizes com o calor que se fazia sentir, lá nos enchemos de coragem para a tarde.Um meu amigo, o Nuno, que não tinha cão, adiantou-se na linha cerca de 80metros e o Eng Venancio que ia ao meu lado direito logo lhe disse; "Nuno,que estás a fazer rapaz ? Volta mais para trás" . "É pá, foi uma perdiz que eu vi ir para aquele sobreiro, vou lá ver dela". O que é certo é que aquela perdiz não apareceu mais para o Nuno. Apareceu foi para mim que por lá passei. De repente, vejo a Gabi virar-se ao vento e fazer uma "guia" de uma duzia de metros pela enconsta abaixo. Brrrrrrrrrrrrrr, que lá vai ela!! Trás, Trás, dois tiros e a perdiz estendida nos pastos.

A quarta foi numa ribeira que atravessámos, cheia de ervas altas. Reparo. Estava atento ao lance - cerca de um minuto tinha passado - quando, de um pequeno túnel de ervas - mesmo á minha frente, aparece a perdiz que,descoberta, arranca veloz. Derrubada ao primeiro tiro, é trazida pela Gabi,cheia de orgulho."Ena pá, valente cadela que você tem, assim vale a pena !" - Obrigado-respondi.

Acabada a tarde, montado o tableau de chasse e contados os ultimos pormenores da aventura, metemos as espingardas nos carros e regressámos, com a alma aberta depois de um excelente dia às perdizes.

Aquele abraço