segunda-feira, novembro 04, 2019

Por terras de Aljustrel, à perdiz, com patos à noite.

Percha ao final da manhã.










 









 
 
















Aljustrel

Compromisso assumido com o dono desta reserva, e às 07h15, religiosamente,  estávamos no ponto de encontro, na vila de Messejana, Aljustrel, de onde então partimos para uma reserva, não muito distante dali, para tentar a sorte com as perdizes e uma ou outra lebre que encontrássemos pelo caminho.

Todavia, previamente,  procurámos as codornizes em extensas zonas de pasto , mas a busca revelou-se infrutífera ao final de muitas centenas de metros. Resolvemos, então,  mudar para a zona onde se sabia existirem um ou dois bandos de perdizes.

Tratava-se de uma vasta zona de pinheiros e,  bem cedo,  o Jeep, meu BA, começou a dar-me fortes sinais da sua existência por aqueles lugares.

Com o cão, já muito entusiasmado, a rastear cheiros deixados pelas vermelhudas, cedo me  apercebi de que as tínhamos pela frente, nas patas, e  muito em breve as teríamos ou a fugir fora do nosso alcance ou... a dar "gatilho".

De espingarda bem aperrada nas minhas mãos, vejo que, na minha esquerda o PL fazia encastelar uma, que, infelizmente, dada a longa distância em que caíu no  meio do projecto de pinheiros, acabou posteriormente por não ser encontrada.

Da minha parte, chego-me a uma estrada de terra batida, o Jeep dá-me sinal forte de perdiz por perto e tenta passar pelos arames farpados, sem o conseguir. Com a noção de que poderia perder o jogo e a perdiz lançar-se em fuga, lá peguei no cão, encostei a espingarda  e, por duas vezes, transpusemos as vedações das margens da estrada.

Já do outro lado da estrada, reparo então que o Jeep  mantinha o seu trabalho por vários metros, sinal de que a perdiz ainda por ali estaria. A adrenalina subia. Estava certo!. A cerca de 25, 30 metros, levanta-se, estridente e consigo, ao segundo tiro, derrubá-la, redonda . Mando o cão cobrar e,  depois de alguns momentos,  tinha-o pela frente, radiante, com a perdiz bem levantada, na boca.

A minha segunda ocorre numa ribeira (seca! - para quando umas chuvadas a sério neste Alentejo?) com muito juncal nas margens. Estávamos a atravessar para o outro lado quando reparo que o Jeep não apareceu. Estranho, não o chamo com o apito e  volto para trás à sua procura e reparo, dentro da ribeira, que alugures estaria em ponto com aquele pequeno bando de perdizes que dali saltou em fuga e onde bem poderia ter feito um doble mas só consegui uma,  que foi cair no outro lado da encosta. Também bem cobrada, com muita alegria por parte do cão.

Saímos, então, para uma zona propícia para a caça da lebre. Encostas solarengas de pastos e cardo, bem resguardadas ao vento frio e forte que se fazia sentir de oeste.

Log ali num  baixio, salta uma lebre à frente do PL que, certeiro, deixa-a correr e estende-a nos pastos com um tiro, sendo cobrada pelo seu BA.

Vamos ver se consigo uma - pensava eu!

Lá mais nos altos mas acamada ao sol e abrigada dos ventos salta-me uma. Deixo-a alongar-se com o Jeep já a arrrancar no seu encalço. Difícil segurar um cão nestas circunstancias. Aponto, seguro, e ao primeiro tiro derrubo-a, com uma cambalhota, sendo logo prontamente agarrada e cobrada pelo cão.

Já mesmo no regresso para os carros, arranca outra, de uma linha de água ( seca, claro!) . Ao primeiro tiro, sinto que lhe dou, ao segundo o mesmo efeito mas a a lebre continua em fuga e o Jeep em louca correria. Só lá muito para a frente é que já mal conseguindo ver o que se estava a passar, vejo a lebre a reduzir a velocidade e o cão a agarrá-la, segurando-a no chão por uns momentos, ofegante, e logo levantando-a com a boca e trazendo-a prontamente.

Ao almoço, reunimo-nos em  aldeia próxima para comer um delicioso guisado de javali, abatido há pouco tempo, acompanhado de uma salada de tomate bem maduro com muita cebola, e batata frita aos quadrados.

Feitas as despedidas, rumámos, céleres,  para a zona de Mértola, onde íamos desfrutar do sempre misterioso cair da noite no campo, e  esperar os patos reais ao entardecer,  em açude com 2 abrigos artificiais já ali existentes. À nossa chegada levantaram-se logo meia dúzia deles. Estes já não voltariam.

Com vento sudoeste a soprar com muita força, sabíamos que viriam em sentido contrário,  e com vontade de se fazerem logo ao açude. Contudo, havíamos combinado o tiro sem os deixar poisar, pois o risco de fugirem "sem poisarem na água" era muito elevado.

Assim foi. Entraram 2 que já não chegaram ao meu alcance. Dois tiros, e um doble do meu amigo PL .
Minutos mais tarde vem um terceiro a entrar,  também com tiro certeiro cai para as costas do posto do PL que saíu a correr para o cobrar.

Ia anoitecendo e vigorosamente entram mais 2, desta feita com doble meu. Ficaram ambos dentro de água, um ainda a chapinhar.  Entra-me um terceiro. Disparo e vai cair lá por trás do talude do açude. Pouso a espingarda, saio do posto e corro, para ainda o conseguir ver a tentar fugir à pata. Seguro-o.

No seu lugar, o PL compensava a minha saída do posto e consegue mais 2 ou 3, certeiros.

No total, abatemos 9, mais ou menos em meia hora,  sendo que, atendendo a que já andam muito atirados e desconfiados, ficámos satisfeitos com o resultado da espera.

Neste longo dia de caça, deitámo-nos propositadamente cedo para tentar dormir algumas horas pois no dia seguinte, o esforço e as dificuldades haveriam de triplicar ou mais.

Abraço amigo.